Comunicação Oral

02/11/2023 - 13:10 - 14:40
CO32.2 - Decolonialidade e psicanálise

47537 - A DESINSTITUCIONALIZAÇÃO E DECOLONIZAÇÃO DA PSICANÁLISE. REPENSANDO O MAL-ESTAR NA CULTURA.
FILIPE SILVA STEFFENS GURGEL - ABERTURA PARA OUTRO LACAN SALVADOR, LUCAS CAROSO MARQUES - ABERTURA PARA OUTRO LACAN SALVADOR, MARTIN MEZZA - ABERTURA PARA OUTRO LACAN SALVADOR, ISAEL DE JESUS SENA - ABERTURA PARA OUTRO LACAN SALVADOR


Contextualização
Os estudos decoloniais e pós-coloniais têm propiciado uma renovação das ciências sociais e humanas que fazem parte do campo da saúde coletiva, permitindo repensar as lógicas da emancipação e a reconstrução de uma teoria crítica. Dessa maneira, podemos pensar as novas formas de opressão social e enfrentar os desafios atuais que demandam os processos de saúde-doença-cuidado-cura. Esta renovação propiciada pelos estudos decoloniais e pós-coloniais também alcançou à psicanálise. Dessa forma, no último tempo, as psicanálises, no Brasil, não deixaram de sofrer processos de transformações epistemológicas, políticas, teóricas, metodológicas, práticas e culturais. Muitas destas transformações, que supõem o surgimento de novos atores sociais, da presença de uma nova geração de psicanalistas (contemporâneos ao processo da reforma psiquiátrica), se produzem e desenvolvem nas margens do discurso institucional e hegemônico da psicanálise.

Descrição
Esta realidade tem provocado pelo menos três efeitos:
Um movimento transversal ao interior do campo psicanalítico, que pode entender-se com certa potência para alcançar a desinstitucionalização da teoria e prática psicanalítica.
Uma aceitação, maior que em outros períodos históricos, de boa parte dos psicanalistas das críticas dirigidas a seus conceitos e práticas. Por exemplo: as de Foucault, Basaglia, Dussel, Grosfoguel, Preciado, etc.
Uma reconsideração do mal-estar na cultura, que supõe a consideração dos efeitos de sofrimento decorrentes da cultura colonial-capitalista, racista, patriarcal e elitista. Ou seja, uma abertura para pensar novamente a articulação indivíduo/sociedade ou o processo psicossocial.
Nossa pesquisa se inscreve nessa direção. A partir de contemplar diversas interpelações, dirigimos uma revisão crítica (decolonial) de nosso discurso, teoria e práxis.


Período de Realização
Março 2020 - Atual

Objetivos
Pretendemos analisar os elementos eurocêntricos e biomédicos presentes no discurso hegemônico da psicanálise, para poder apresentar novas conceitualizações e práticas psicanalíticas capazes de produzir uma oposição ao padrão de poder colonial e, dessa forma, articular-se melhor com a crítica social antimanicomial, antiracista e antipatriarcal.

Resultados
A pesquisa se encontra em estado incipiente, de forma que ainda não é possível estabelecer seus resultados. Contudo, pode-se delinear a possibilidade de uma psicanálise melhor articulada à realidade sócio-cultural.

Aprendizados
A pesquisa possibilitou uma compreensão do lugar da cultura na pesquisa psicanalítica e, assim, habilita uma melhor articulação da práxis clínica com a realidade social.

Análise Crítica
Consideraremos alguns exemplos históricos dos efeitos da desinstitucionalização da psicanálise e suas contribuições para as ciências humanas e sociais (Fanon e Bhabha). Utilizaremos para isso a análise crítica de conceitos como: inconsciente, pulsão, Édipo, etc.