Comunicação Oral

02/11/2023 - 13:10 - 14:40
CO32.3 - Saúde mental infanto-juvenil e atenção psicossocial

46121 - BULLYING E CYBERBULLYING COMO FATORES DE RISCO PARA COMPORTAMENTOS SUICIDAS EM ADOLESCENTES: UMA REVISÃO INTEGRATIVA
WANDERLEI ABADIO DE OLIVEIRA - PUC-CAMPINAS, SOFIA FALSETTI XAVIER - PUC-CAMPINAS, ANDRÉ LUIZ MONEZI ANDRADE - PUC-CAMPINAS, CLAUDIO ROMUALDO - PUC-CAMPINAS


Apresentação/Introdução
O bullying é uma forma repetitiva e intencional de violência que ocorre em relações desequilibradas de poder, podendo manifestar-se fisicamente, verbalmente, psicologicamente ou online. Com o avanço das redes sociais e o acesso à internet, o fenômeno também passou a ocorrer no contexto de forma remota e é denominado, especificamente, cyberbullying. Estudos revelam que aproximadamente 30% dos estudantes brasileiros estão envolvidos em situações de bullying, tanto como vítimas quanto como agressores. Esses fenômenos já foram associados a comportamentos suicidas, com estudos indicando que vítimas de bullying têm maior propensão a apresentar ideação suicida e tentativas de suicídio. O suicídio é a quarta maior causa de morte em adolescentes de 15 a 19 anos, e o bullying e o cyberbullying são fatores estressores que contribuem para esse quadro. A correlação entre bullying, vitimização, autolesão e suicídio é evidente, com o aumento da vitimização por bullying resultando em níveis mais altos de autolesão e suicídio.

Objetivos
Sintetizar evidências sobre a relação entre bullying e cyberbullying na adolescência e suicídio.


Metodologia
Trata-se de uma revisão integrativa de literatura que seguiu as seguintes etapas: formulação do problema de pesquisa, coleta e avaliação de dados, análise dos dados e interpretação dos resultados. A questão norteadora da revisão foi: Quais as evidências sobre associação da ocorrência de bullying ou cyberbullying na escola entre adolescentes e casos de suicídio ou ideação suicida ? Foram incluídos estudos empíricos publicados em periódicos no formato de artigo, enquanto textos de revisão, teóricos, cartas/comentários aos editores, livros e capítulos foram excluídos. As bases de dados consultadas foram Web of Science, Scopus, PubMED e Scielo, com buscas realizadas em janeiro de 2023. Foram combinados os seguintes termos: bullying; cyberbullying; suicide; suicidal ideation; school; adolescent; e seus correlatos em português quando aplicável. Os artigos foram avaliados quanto à qualidade metodológica utilizando as ferramentas do Joanna Briggs Institute. A análise de dados visou identificar padrões e temas comuns nos artigos revisados.

Resultados e discussão
Na busca inicial nas bases de dados se identificou um total de 301 artigos, sendo 71 duplicatas e artigos de outras línguas que foram excluídos. Após a leitura de títulos e resumos, 138 artigos foram excluídos, restando 92 artigos para leitura na integra. Após esse processo de elegibilidade foram excluídos 67 artigos e o corpus revisado conta com 25 artigos. Os estudos revisados revelaram relações diretas ou indiretas entre as variáveis analisadas (bullying, cyberbullying e comportamento suicida de adolescentes). Ser vítima dos dois tipos de bullying, tradicional e online, é fator de risco para ideações suicidas e self-harm. Um estudo revisado revelou que o cyberbullying não teve significância em pensamentos suicidas nos meninos que participaram da pesquisa. O cyberbullying, especificamente, também possui forte associação com tristeza, ideação suicida ou planos suicidas. A depressão ou o humor depressivo também foram elementos que apareceram como mediadores para a relação entre suicídio e vítimas de bullying e/ou cyberbullying. As meninas possuem risco aumentado para apresentar comportamentos ou sentimentos suicidas. Em geral, os adolescentes não envolvidos em situações de violência entre pares são menos propensos à ideação ou comportamentos suicidas, revelando que essa condição pode ser um fator protetivo.



Conclusões/Considerações finais
Esse estudo objetivou sintetizar evidências sobre a relação entre bullying e cyberbullying na adolescência e suicídio. Nesse sentido, verificou-se que as associações entre as variáveis e dois principais aspectos merecem ser destacados. Em primeiro lugar, é possível refletir que a presença de pensamentos suicidas e comportamentos autodestrutivos são formas possíveis de lidar com o sofrimento emocional decorrente do bullying e do cyberbullying. Nesse sentido, os comportamentos suicidas podem ser entendidos como tentativas de escape ou de alívio para a dor psíquica, revelando a necessidade de apoio emocional e psicoterapêutico. Em segundo lugar, na adolescência o grupo de pares tem grande relevância para o desenvolvimento e a construção da identidade e eventos como bullying ou cyberbullying podem afetar esses processos. A revisão possui coo pontos fortes: a rigidez metodológica da revisão, a utilização de fontes confiáveis e a busca por uma análise abrangente e integrada das evidências disponíveis. No entanto, é fundamental considerar suas limitações (restrições em relação à cobertura de periódicos e idiomas, por exemplo) na interpretação dos dados. Outras revisões e pesquisas empíricas são sugeridas para explorar a relação entre os fenômenos analisados.