Comunicação Oral

02/11/2023 - 13:10 - 14:40
CO32.4 - Cuidado em liberdade: desafios para a RAPS

46318 - SEM FALA E SEM AGÊNCIA ? UMA ANÁLISE DECOLONIAL SOBRE A ASSOCIAÇÃO DE USUÁRIOS DE DROGAS E ZUMBIS NO IMAGINÁRIO SOCIAL.
ANDRÉ PIMENTA DE MELO - UNICAMP, LUÍS FERNANDO FARAH DE TÓFOLI - UNICAMP, JULIANA LUPORINI DO NASCIMENTO - UNICAMP


Apresentação/Introdução
Este relato de pesquisa é um produto da dissertação “Pensar a Drogas dedes o Sul: Uma crítica Decolonial ao Proibicionismo”, realizada no programa de Saúde Coletiva da FCM-UNICAMP. Utilizando de referências teóricas oriundas do Estudos Subalternos e Decolonais, notadamente Gayatri Spivak, Anibal Quijano, Walter Mignolo e Enrique Dussel.

Objetivos
Pretende-se analisar a associação entre usuários de substâncias psicoativas com a figura mítica dos zumbis dentro do imaginário social. Partindo de uma crítica dessa associação, compreendendo-a como um recurso de desumanização e discriminação de usuários de drogas, busca-se analisar a história dessa associação.

Metodologia
Por meio de uma perspectiva de longa duração, calcada nas noções de Colonialidade do Poder, do Saber e do Ser, resgata-se a história dos zumbis desde sua origem no Oeste Africano, passando pela sua transformação ao longo da construção da Modernidade Colonial, associada ao histórica de escravização de pessoas negras e de suas lutas de resistência. Paralelamente, aborda-se a história de constituição do Paradigma Proibicionista, calcado na medicalização, na criminalização e na moralização do uso de drogas, processos estes vinculados a própria Colonialidade/Modernidade.

Resultados e discussão
Com isso, explora-se como a figura dos zumbis foi sendo modificada ao longo dos séculos, passando por importante metamorfoses e marcos associados a luta decolonial, como as revoltas anti escravistas no Brasil e no Haiti, vinculadas respectivamente ao Quilombo dos Palmares e a Revolução de São Domingos. Adentrando na bibliografia específica sobre a análise imagética dos zumbis, produzida dentro dos Estudos Culturais, compreende-se como paulatinamente a figura do zumbi foi sendo lida e compreendida dentro do imaginário branco, racista e escravocrata, produzindo distorções, muitas delas que associavam desde o começo do século XX a figura dos zumbis com a de usuários de drogas.

Conclusões/Considerações finais
Por meio desde discussão procura-se resgatar a memória larga associada com essa figura mitológica, alargando nossa compreensão sobre esse fenômeno, evidenciando elementos simbólicos importantes associados a luta decolonial, que cotidianamente são ignorados quando se aborda o tema.