46915 - VIGILÂNCIA DA COBERTURA VACINAL NA COMUNIDADE DO SALGUEIRO (RJ): UM RELATO DE EXPERIÊNCIA. LOHANNA PAES MONTEIRO - UERJ, PAULA DALTRO SIMÕES MONTEIRO CAMPOS - UERJ
Contextualização .
Descrição No Brasil, o SUS, por meio do Programa Nacional de Imunização (PNI) , configura o maior programa de vacinação pública do mundo. Apesar disso, os dados divulgados pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) mostram que a taxa de vacinação infantil no Brasil vem sofrendo uma queda brusca: a taxa caiu de 93,1% em 2020 para 71,49% em 2023. Nesse contexto, a atenção primária (APS) se apresenta como principal estratégia para oferta, divulgação e promoção de saúde no assunto da vacinação.
O presente estudo é um relato de experiência do monitoramento das coberturas vacinais na comunidade do Salgueiro, situada na zona norte do Rio de Janeiro (RJ), no período de junho de 2022 a junho de 2023, por meio da extração de informações em prontuário eletrônico. Este trabalho tem como objetivo principal relatar a elaboração de uma ação em rede para aumento da cobertura vacinal infantil em uma comunidade no Rio de Janeiro.
O trabalho foi iniciado a partir da extração de dados da cobertura vacinal do prontuário eletrônico, que em outubro de 2022 era de 24% para os menores de 2 anos, e 46% para os menores de 6 anos. Como num primeiro momento devido a troca recente de prontuário eletrônico, os dados não refletiam a realidade da cobertura vacinal foi necessária a elaboração de frentes de trabalho visando a melhoria do registro em prontuário das cadernetas de vacinação das crianças, especialmente as menores de 6 anos e o planejamento de intervenções capazes de atualizar a vacinação daquelas em atraso real.
Elaborou-se então um grupo de WhatsApp de atualização alimentado por fotografias das cadernetas enviadas pelos ACS durante busca ativa no território das crianças em atraso vacinal segundo o prontuário eletrônico. Estabeleceu-se também ações junto ao Programa de Saúde na Escola (PSE) onde a escola e creche situadas na comunidade enviavam as listagens de crianças matriculadas, era avaliada a situação vacinal em prontuário, identificadas as crianças em atraso, solicitadas xerox das cadernetas de vacinação realizada no ato da matrícula para registro das vacinas já realizadas e, por fim, elencadas datas para vacinação na escola e creche das crianças em atraso. Além disso, as equipes Salgueiro e Raízes do Salgueiro, se organizaram para ações trimestrais aos sábado no território, em parceria com a Associação de Moradores, União das Igrejas Locais, CRAS, educadores sociais do território, dentre outros recursos da comunidade, sendo feito busca ativa no domicílio no dia da ação das crianças em atraso que não comparecessem para atualização da situação vacinal no mesmo dia. Visando manter os avanços alcançados na cobertura vacinal a partir das intervenções citadas acima e prevenir novos atrasos, foi elaborada uma planilha de vigilância para sistematizar informações extraídas do prontuário e criar alertas de aproximação das datas previstas para as próximas vacinas.
A partir das intervenções adotadas foi possível reconhecer aquelas famílias em situação de maior vulnerabilidade, identificar as crianças não matriculadas nas instituições de educação, bem como aquelas com atrasos vacinais importantes. Essas famílias tiveram não só a situação vacinal atualizada, mas também o vínculo com a unidade de saúde estabelecido, e aquelas que não eram acompanhadas pela equipe passaram a ser elencadas como prioridade das ações. Em junho de 2023, a cobertura vacinal do PNI das equipes alcançou a média de 94% para os menores de dois anos, e 90% para os menores de seis anos, um aumento considerável em comparação com os números iniciais (24% e 46%).
Os especialistas apontam diversas causas para a queda da imunização infantil. Uma delas é, paradoxalmente, o próprio sucesso da vacinação em massa na fase anterior. Os pais mais jovens não testemunharam as epidemias, sequelas e mortes tão comuns em outros tempos e podem ficar com a sensação de que essas enfermidades são inofensivas ou simplesmente não existem mais. Seria, portanto, perda de tempo vacinar os filhos” (BRASIL, 2022). Outros pontos levantados são a falta de campanhas educativas nos meios de comunicação, os horários limitados de funcionamento de muitas unidades de saúde e a pandemia da covid-19 que prejudicou a vacinação infantil devido à prática do distanciamento social, foco das unidades de saúde ao combate da pandemia e à avalanche de notícias falsas e informações distorcidas que impactaram na credibilidades das vacinas.
Com este trabalho foi possível identificar os principais motivos para as baixas coberturas vacinais em crianças, como a falta ou inconsistências no registro e a dificuldade de acesso à unidade, bem como a resistência de alguns responsáveis quanto à vacinação. Outras ações devem ser realizadas, como a atualização dos profissionais de saúde, solicitação oportuna de imunobiológicos à regional, disponibilização de insumos e materiais para as salas de vacinação, planejamento estratégico junto à comunidade, vigilância das equipes quanto às taxas de cobertura, entre outros.
Período de Realização .
Objetivos .
Resultados .
Aprendizados .
Análise Crítica .
|