Comunicação Oral Curta

03/11/2023 - 08:30 - 10:00
COC1.2 - Vacinação e hesitação vacinal

47679 - ESTRATÉGIA DE CONSCIENTIZAÇÃO SOCIAL RESULTANTE EM AMPLIAÇÃO DA COBERTURA VACINAL CONTRA INFLUENZA, NO MUNICÍPIO DE GUATAPARÁ-SP, EM 2023
RENATA TRIVELATO FELICIO CENEDESI - PUC-RS, KAREN ANTUNES CANDIDO - PREFEITURA MUNICIPAL GUATAPARÁ, JOVELINA DE SOUZA - PREFEITURA MUNICIPAL GUATAPARÁ, MARIO ANGELO CENEDESI JUNIOR - UCES


Contextualização
A vacina contra Influenza é fornecida no Brasil, desde 1999, pelo Sistema Único de Saúde (na rede pública e na rede privada). No entanto, há uma queda na aceitação da vacinação nos últimos anos, sobretudo em 2023 (até 2020, a campanha atingia índices acima de 90%, ficando com 68% em 2021 e 72% em 2022). Uma possível explicação para isso seria o desmonte da Saúde Pública, visto nos últimos anos, bem como o desincentivo à vacinação (sobretudo por conta da Infodemia, que seria o excesso de informações (muitas vezes conflitantes, sobretudo ‘quantidade’ em detrimento de ‘qualidade’), especificamente de fake news, tornando-se difícil o indivíduo encontrar uma informação verdadeira).

Descrição
Em 60 dias de campanha de vacinação, o estado de São Paulo apresentava apenas 32,9% de cobertura. Em mais 30 dias, apenas 42%. Em 2022, foram registrados 3.116 casos de influenza, cuja hospitalização do paciente foi necessária, resultando em 339 mortes (ou seja, letalidade de 10,87%, superior, inclusive, à mortalidade pela COVID-19). Neste ano, foram registradas 1.257 hospitalizações até a quarta semana de maio. Tal situação de torna preocupante, colocando, em risco, a Saúde da população, sobretudo dos mais vulneráveis.

Período de Realização
Trata-se de um relato de experiência de Guatapará-SP, município do interior do estado de São Paulo, Brasil, com cerca de 7.500 habitantes. A população-alvo (profissionais de saúde e educação, crianças até 6 anos, gestantes, puérperas, idosos e indígenas) corresponde a 2.939 pessoas. Os dados correspondem à atual campanha de vacinação contra influenza do estado de São Paulo, com dados de 15 de março a 30 de junho de 2023.

Objetivos
Apresentar as estratégias sociais em Saúde adotadas, via um plano de ação, por um município de pequeno porte a fim de aumentar sua cobertura vacinal contra influenza, evitando, assim, a disseminação da doença, evitando ao máximo as formas graves.

Resultados
em 50 dias, apenas 32% do público-alvo estava vacinado. O plano de ação compreendia: conscientização da população, em grupos comunitários e rodas de conversa, além dos diálogos individuais, via Agentes Comunitários em Saúde, bem como de práticas no ambiente escolar (via Programa Saúde na Escola) e nas consultas, sanando as dúvidas da população e explicando a necessidade de vacinação anual (devido aos novos subtipos existentes); extensão dos horários e dias de vacinação, inclusive aos finais de semana, procurando atingir aqueles que trabalham durante todo o dia; pacientes encaminhados pessoalmente à Sala de Vacina pela Enfermagem e pelos médicos, quando identificado atraso vacinal nas consultas; vacinação-volante, em pontos estratégicos, como em frente às escolas (vacinação essa realizada sob autorização dos responsáveis), mercados, farmácias e outros; apoio das instituições de Ensino, com o envio de comunicados sobre a vacinação, aos responsáveis desses, no caderno dos alunos; busca ativa nos domicílios (inclusive na Zona Rural); informações nas ruas, via carros-de-som; comunicação através das redes sociais; apoio de outros órgãos, como Conselho Tutelar. Importante dizer que as atividades citadas foram desenvolvidas simultaneamente pela equipe atuante no Primeiro Nível de Atenção à Saúde do município.

Aprendizados
Em 07 dias da estratégia adotada, o índice elevou-se para cerca de 48%; em mais 07 dias, saltou para 56%. Em mais de 21 dias, chegou a aproximadamente 80% (os indicadores não levam em conta a vacinação de outros grupos, como por exemplo dos indivíduos entre 6-60 anos que tenham comorbidades, os quais também foram massivamente vacinados). O município em questão apresentou apenas 2 formas moderadas-graves, em 2023, tendo acontecido em indivíduos não vacinados (por escolha própria), embora lhes tivesse sido oferecido o imunizante, anteriormente. Ainda, não houve relatos de efeitos colaterais expressivos (os efeitos descritos foram febre de até 48h, mialgia leve e dor no membro vacinado, efeitos esses comumente descritos na Literatura).

Análise Crítica
Embora a campanha de vacinação ainda não tenha sido concluída (o estado de São Paulo prorrogou até o final de julho, justamente pela baixa cobertura vacinal) e a meta de vacinação ainda tenha sido totalmente cumprida (90% do público-alvo vacinado), o município em questão apresentou visível melhora em seu indicador de vacinação (sendo, no momento, 2º mais alto de sua macrorregião de Saúde (DRS XIII), com 26 municípios, estando no grupo dos 35 municípios com maior cobertura vacinal para influenza, no estado de São Paulo), com aumento da cobertura vacinal em massa no município e, assim, fortalecendo a resposta imune individual e coletiva, através da conscientização e mobilização social de que vacinas são seguras, bem estudadas e salvam vidas.