Comunicação Oral Curta

03/11/2023 - 08:30 - 10:00
COC1.2 - Vacinação e hesitação vacinal

47803 - A VACINAÇÃO NO CONTEXTO DA PANDEMIA DA COVID-19 RELACIONADA AOS DADOS DE INSEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL NA PARAÍBA.
JESSYELLEN PEREIRA DE LIMA - UFRN, ELEAZAR MARINHO DE FREITAS LUCENA - UFRN


Apresentação/Introdução
A covid-19 se manifesta por meio de uma Síndrome Respiratória Aguda Grave, sendo caracterizada por um quadro de infecção respiratória com alto potencial de gravidade e transmissibilidade (MOURA; FERREIRA; ALVES, 2021
Desde 2020, diversos países e grandes empresas farmacêuticas empreendem esforços para desenvolvimento e distribuição de propostas de vacinas seguras e eficazes para controle da pandemia (SOUZA; BUSS, 2021).
Neste cenário, problemas de infraestrutura e de distribuição de vacinas têm impactado diretamente os programas de vacinação para prevenção da covid-19 em todo o mundo, e ainda se verificou a baixa aceitação das doses da vacina em diversos grupos (ARCE et al., 2021).
Além disso, a pandemia da Covid-19 criou crises econômicas e de saúde pública em todo o mundo, entre elas o acesso a alimentação adequada e saudável, que testam a capacidade dos governos de protegerem as suas populações de privação extrema por um período prolongado (POBLACION et al., 2021).
Segundo Ribeiro-Silva et al. (2020), com o advento da pandemia da covid-19, a Insegurança Alimentar e Nutricional (IAN) nos domicílios brasileiros, tanto nos níveis leve, moderado ou grave, demonstrou tendência à maior magnitude.

Objetivos
Analisar a vacinação durante a pandemia da covid-19 em relação à IAN.

Metodologia
Trata-se de uma pesquisa observacional, de corte transversal, retrospectiva e de abordagem quantitativa, a qual foi realizada através de um questionário digital.
Para análise dos dados, foi realizada análise descritiva das variáveis do estudo e em seguida a análise de agrupamento- AA, tendo essa etapa o propósito de classificar os indivíduos de acordo com a IAN durante o período pandêmico
Após a formação do agrupamento, para confirmar se o número dos grupos encontrados reflete uma boa separação dos dados, procedeu-se duas etapas: a primeira refere-se à validação interna, a segunda etapa por sua vez refere-se a um teste de hipóteses para verificar se os grupos formados são estatisticamente diferentes, por meio do teste de de Kruskal-Wallis.
Quanto aos aspectos éticos, destaca-se que a pesquisa foi submetida e aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Faculdade de Ciências da Saúde do Trairí, conforme requer a resolução nº 466/2012, tendo sido aprovado, mediante parecer número 5.817.677 e coleta de dados iniciada após aprovação do CEP. Ainda, todos os participantes do estudo assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido-TCLE.

Resultados e discussão
Participaram desse estudo 390 participantes dos quais 64,4% indivíduos foram do sexo feminino. Quanto à distribuição por faixa etária, observou-se prevalência de idade entre 18 a 25 anos- 29% e 43,1% entre 26 a 39 anos. Foi verificado que predominantemente os participantes se autodeclararam brancos e pardos, 40,5% e 46,2%, respectivamente.
Através da AA foram formados três grupos: Maior IA (n = 60); Menor IA (n = 81); mínima ou nenhuma IA (n = 249).
Sobre o recebimento da primeira dose de vacina contra covid-19, o estudo identificou que dentre os participantes do grupo de maior IA, 36,6% receberam a primeira dose no primeiro semestre de 2021, enquanto que o grupo de menor IA este percentual foi de 58%. Por fim, no grupo de mínima ou nenhuma IA, 53,2% receberam a primeira dose entre janeiro e junho
Também foi possível identificar que 70% das participantes do grupo de maior IA foram infectados por covid-19 antes de receberem a primeira dose da vacina. Do mesmo modo, dos indivíduos pertencentes ao grupo menor IA, 45,7% foram infectados por covid-19 antes do recebimento da primeira dose de vacina, enquanto no grupo de mínima ou nenhuma IA este percentual foi de 48,2%.
Verificou-se que aproximadamente 20% dos indivíduos dos grupos de maior IA e menor IA receberam apenas a primeira e/ou a segunda dose da vacina para covid-19, enquanto 80% receberam três ou mais doses. Do grupo de mínima ou nenhuma IA, 85,4% receberam pelo menos três ou mais doses da vacina.
Verificou-se que 86,7% dos participantes do grupo de maior IA consideram que houve atraso no início da vacinação no Brasil. Em relação ao grupo de menor IA, 70,4% consideraram que houve atraso, já para os participantes do grupo de mínima ou nenhuma IA, o percentual dos que apresentam a mesma opinião foi de 66,3%.
Foi possível identificar maior prevalência de indivíduos paraibanos com esquema vacinal atualizado. Observou-se de maneira estratificada, por classificação de nível de IA, que quanto menor a IA maior a porcentagem de indivíduos com maior cobertura vacinal. Do mesmo modo, indivíduos com maior IA são os que apresentam seu público com apenas uma ou duas doses de vacina.

Conclusões/Considerações finais
Destaca-se a importância da vacinação no controle da pandemia da covid-19 e a necessidade de realização de ações articuladas entre os diversos setores da sociedade como o da alimentação saudável, setor social, e vigilância em saúde, que visem a promoção de saúde em seu contexto mais amplo, dando ênfase as camadas sociais com maior vulnerabilidade.