03/11/2023 - 08:30 - 10:00
COC9.2 - Racismo, formação e saúde II |
46523 - EDUCAÇÃO INTERPROFISSIONAL PARA ALÉM DAS COMPETÊNCIAS: RELATO DE EXPERIÊNCIA NA FORMAÇÃO DE GRADUANDOS IMPLICADOS COM A DETERMINAÇÃO SOCIAL DA SAÚDE
PAULA BEATRIZ DE SOUZA MENDONÇA - DOUTORANDA DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO (PPGSC/UFES)., BÁRBARA COSTA FERNANDES - MESTRANDA DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO (PPGSC/UFES)., LILIAN BERTANDA SOARES - MESTRANDA DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO (PPGSC/UFES)., ANA MARIA ABREU DE OLIVEIRA - DOUTORANDA DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO (PPGSC/UFES)., WELLEN GÓBI BOTACIN - DOUTORANDA DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO (PPGSC/UFES)., GRACE KELLY FILGUEIRAS FREITAS - PROFESSORA ASSOCIADA DO CURSO DE FISIOTERAPIA - UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPIRITO SANTO., RAQUEL BARONI DE CARVALHO - PROFESSORA TITULAR DO DEPT. DE MEDICINA SOCIAL DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO (UFES) E DOS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS ODONTOLÓGICAS E SAÚDE COLETIVA.
Contextualização
O conceito ampliado da saúde conquistado na Constituição de 1988 e implementado no Sistema Único de Saúde (SUS), exigiu mudanças no modelo de atenção à saúde e na formação profissional desde a graduação. Tal interpretação visa preparar os alunos a prestarem serviços integrais de qualidade e colaborativos ao atuarem com profissionais, pacientes, famílias e comunidades nos diferentes níveis de assistência da saúde, com foco nas necessidades dos usuários. A formação na perspectiva da Educação Interprofissional (EIP) aparece para contemplar estes saberes a serem implementados nos cursos das graduações em saúde no Brasil. A EIP acontece quando estudantes de duas ou mais profissões aprendem sobre os outros cursos, com os outros e sobre si, de modo que possibilite a atuação colaborativa entre as profissões desde a formação.
Descrição
Identificou-se uma lacuna de componentes que contemplassem as práticas colaborativas na atenção aos pacientes do SUS durante a formação dos graduandos dos cursos da saúde da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Assim, foi elaborada uma proposta de componente de introdução à EIP pelo Núcleo de Educação Interprofissional e Prática Colaborativa do Centro de Ciência da Saúde (NEIPC-CCS) da UFES a ser ofertada para todos os cursos da saúde. Criado pela Resolução nº 111/2022, o componente curricular optativo de 45h, objetiva preparar a força de trabalho em saúde ao trabalho em equipes interprofissionais, implicados em iniciativas colaborativas e para responder às necessidades locais a partir da perspectiva da determinação social da saúde.
Período de Realização
Estágio em componente curricular no período de 23/09/2022 a 10/02/2023.
Objetivos
Apresentar um relato de experiência sobre o estágio de docência vivenciado durante a oferta da primeira turma de introdução à EIP da UFES.
Resultados
O componente contou com a participação de 40 alunos dos cursos de enfermagem, nutrição, terapia ocupacional, fonoaudiologia e fisioterapia, além de tutores multiprofissionais - professores do CCS e alunos do programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva-UFES de mestrado e doutorado para estágio à docência. As aulas foram realizadas às sextas-feiras pela manhã com duração de 3h, divididas em três unidades: a educação interprofissional, as competências interprofissionais da prática colaborativa e o SUS como cenário interprofissional. Os encontros foram organizados em três momentos temáticos, de modo que os alunos pudessem ter a liberdade de participar ativamente da construção do seu conhecimento. Inicialmente, reuníamos todos no auditório do CCS/UFES. O tema proposto era apresentado pelos professores a partir da exposição, de vídeos e dinâmicas. No segundo momento, dividíamos em rodas de pequenos grupos fixos interprofissionais com média de dez alunos, dois tutores e um estagiário para debater criticamente o tema proposto por casos clínicos, vivências e por questões norteadoras. A partir da reflexão compartilhada, cada aluno era estimulado a pensar sua vida pessoal e profissional mediante o tema, assim, um aluno a cada roda ficava responsável por anotar/sintetizar as ideias do grupo e outro aluno compartilhava esse relato posteriormente. No terceiro momento, voltávamos para o auditório, os relatores de cada grupo se posicionavam à frente para apresentar o que o grupo havia construído. Em um debate ampliado, refletíamos as potencialidades e dificuldades como, por exemplo, a aplicação da clareza de papéis ou melhorar a comunicação entre uma equipe interprofissional, a fim de despertar nos alunos o pensamento crítico e reflexivo dos problemas sociais de saúde.
Aprendizados
Na atividade final da disciplina, realizamos a I Mostra Interprofissional de Saúde do CCS, momento para compartilhar os aprendizados alcançados com a comunidade acadêmica e convidados externos à UFES, pais e familiares. Os alunos como protagonistas, apresentaram os produtos, materiais educativos construídos a partir das necessidades identificadas ao longo da disciplina, produzidos interprofissionalmente com supervisão de tutores e estagiários. Entre os temas, estão: cartilhas para triagem neonatal, materiais sobre a atenção primária e secundária do SUS e vídeos de orientação para atendimento na clínica escola da UFES. Em uma autoavaliação de tudo que foi construído no semestre, a disciplina contribuiu para além da vida acadêmica no estudar juntos, em uma reflexão pessoal, humana e cidadã do fazer saúde que transcendem as práticas colaborativas.
Análise Crítica
A organização dentro da UFES é complexa e privilegia o ensino compartimentado por departamentos e não o ensino interprofissional, mas vencemos essa barreira com uma proposta inovadora e inédita de oferta em sistema de rodízio pelos diversos colegiados de cursos do CCS. Foi enriquecedor, contribuir no estágio, na primeira experiência dos alunos durante a formação em uma proposta interprofissional. Estamos formando profissionais implicados para o trabalho em equipe, com respeito à integralidade do cuidado na determinação social da saúde, como preconiza o SUS.
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