03/11/2023 - 08:30 - 10:00 COC9.2 - Racismo, formação e saúde II |
47489 - O RACISMO, O MITO DA DEMOCRACIA RACIAL E A COLONIZAÇÃO DO CURRÍCULO UNIVERSITÁRIO ELISA MAYLLA MEDEIROS DE SIQUEIRA - UNINASSAU, AMANDA MELO ALVES - UNINASSAU, DANIELLA LIMA SILVA - UNINASSAU
Contextualização Para a construção da experiência foi necessário visitar os textos do escritor Frantz Fanon, o qual dirigiu seus estudos acerca do racismo, do período colonial e suas cicatrizes na sociedade. Dentre isso, Fanon trouxe um conceito que entendia o racismo como um fenômeno cultural, e além das questões biológicas e cartesianas que persistiam na época, assim, esse conceito foi chamado de sociogenia. Através das leituras, pode-se compreender que o período pós colonial deixou uma marca na sociedade, e essa marca seria o racismo, operando nas mais diversas esferas através de um sistema hierárquico que segrega e divide a sociedade pela sua raça, cor, posição socioeconômica e relação de colonizado e colonizador. Além disso, Fanon em sua obra “Pele negra, máscaras brancas”, reflete sobre a verdadeira desalienação do negro, a qual implica uma súbita tomada de consciência das realidades econômicas e sociais. (FANON, 2008, p. 28). A partir dessa ideia, percebe-se que o racismo continua sendo um instrumento ideológico de dominação, o qual forja e organiza as formas de dominação, dentre elas, a construção do currículo nas instituições de ensino.
Descrição A partir da temática abordada na disciplina de Tópicos Integradores II da grade curricular da instituição Maurício de Nassau, no curso de Psicologia do 7° período, tivemos pela primeira vez a abordagem e estudo acerca do racismo como conteúdo em sala de aula por meio de discussões, relatos e aprofundamento nos estudos de Fanon. A princípio, pode-se considerar a importância deste conhecimento para a atuação do profissional, ao decorrer do contato com as ideias Fanonianas e o mito da democracia, houve uma tomada de consciência a respeito da realidade a qual estamos inseridos e como o processo de alienação atravessa a formação do currículo, partindo de princípios colonizadores. Dessa forma, o objetivo da experiência foi a formação do pensamento crítico em relação ao fazer psicológico em uma perspectiva europeia, além de pensar em formas de enfrentamento e construção de uma Psicologia voltada para as vivências dos povos latinos americanos, reconhecendo que a formação em psicologia é marcada pelos rastros do período pós colonial, assim como outras formações e prática profissionais. Seguindo o pensamento de Fanon, essa tomada de consciência é essencial para a emancipação dos povos negros, dessa forma, o profissional de psicologia em sua prática fundamentada no código de ética.
Período de Realização 1° semestre do ano de 2023.
Objetivos A mobilização do trabalho se deu na necessidade de refletir sobre práticas educativas para liberdade e para reconstrução ontológica do ser africana/o no Brasil, tendo em vista o constante processo de negação da humanidade da população negra, que lida cotidianamente com a produção de mortes físicas e simbólicas. Seguindo os rastros dos ensinamentos deixados pelos ancestrais negros, pretende-se estabelecer um diálogo com as propostas pedagógicas de organizações de ensino de Recife, afirmando a potência criativa das africanidades no Brasil e contribuindo para o reconhecimento e ampliação dos estudos dessas africanidades e da educação comunitária em si. Com isso, então, fomentar um reexame da construção da história e da filosofia da educação e da Psicologia Social Crítica.
Resultados Através da vivência e do exercício de reflexão construída, pode-se notar uma significativa tomada de consciência de como o racismo é maquiado e inserido nas nossas relações, além disso, expandir a visão acerca da responsabilidade social em relação a desconstrução da perspectiva colonizadora que tem produzido uma Psicologia hegemonicamente estrangeira, na tentativa de apagar os traços dos nossos povos originários, negros e toda a cultura presente no cotidiano latino americano.
Aprendizados A partir da experiência vivenciada através dos estudos sobre descolonialidade e o mito da democracia racial, pode-se observar que a posição de estudantes de psicologia do sétimo período era demarcada pela perspectiva de um ensino colonial e um currículo que fortemente introduz uma alienação acerca do racismo. Desta forma, pode-se construir um pensamento crítico e voltado para a reflexão de como as marcas da colonialidade atravessam nossos saberes e, consequentemente, influenciam a prática profissional do fazer Psicológico por uma perspectiva norte americana e europeia.
Análise Crítica A narrativa da democracia racial trata-se apenas de uma narrativa, um discurso construído intencionalmente para romantizar a escravidão no Brasil e com isso viabilizar a manutenção do racismo no país, escamoteando os crimes de tortura e estupros cometidos contra pessoas negras no passado colonial, atribuindo uma roupagem de cordialidade à relação entre as diferentes raças através da miscigenação. É imperiosa a contestação do discurso da democracia racial pois é sob essa narrativa que se forja no Brasil um longo projeto de política de morte para população negra.
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