Comunicação Oral Curta

03/11/2023 - 08:30 - 10:00
COC7.2 - Interseccionalidades na Comunicação e Saúde

46208 - PRODUÇÃO DE CONTEÚDOS EM VIGIL NCIA EM SAÚDE PARA PESSOAS VELHAS DO CAMPO: PANDEMIA DA COVID-19 ANUNCIA INVISIBILIDADESROSELY FABRÍCIA DE MELO ARANTES
ROSELY FABRÍCIA DE MELO ARANTES - INSTITUTO AGGEU MAGALHÃES, FIOCRUZ PERNAMBUCO, ANA PAULA DIAS DE SÁ - FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ (FIOCRUZ-BRASÍLIA), THAYNÃ KAREN DOS SANTOS LIRA - INSTITUTO AGGEU MAGALHÃES, FIOCRUZ PERNAMBUCO, VIRGÍNIA DA SILVA CORRÊA - FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ, FIOCRUZ-BRASÍLIA, GISLEI SIQUEIRA KNIERIM - FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ, FIOCRUZ-BRASÍLIA, MARIANA MACIEL NEPOMUCENO - INSTITUTO AGGEU MAGALHÃES, FIOCRUZ PERNAMBUCO/ FACULDADE PERNAMBUCANA DE SAÚDE (FPS), JOSÉ ERIVALDO GONÇALVES - INSTITUTO AGGEU MAGALHÃES, FIOCRUZ PERNAMBUCO, MARIANA OLÍVIA SANTANA DOS SANTOS - INSTITUTO AGGEU MAGALHÃES, FIOCRUZ PERNAMBUCO, IDÊ GOMES DANTAS GURGEL - INSTITUTO AGGEU MAGALHÃES, FIOCRUZ PERNAMBUCO, ANDRÉ LUIZ DUTRA FENNER - FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ, FIOCRUZ-BRASÍLIA


Apresentação/Introdução
Para as Populações do Campo, das Florestas e das Águas, em especial as pessoas velhas do campo, a pandemia da Covid-19 mais do que evidenciou o contexto de desigualdades, principalmente a exclusão midiática e digital provocada pela ausência ou baixa presença do Estado nesses espaços. Mais do que isso, mostrou as repercussões da pouca compreensão do Estado sobre quem são e como vivem essas pessoas.
Ainda que a pandemia tenha identificado as/os velhas/os como população mais vulnerável à doença, as narrativas sanitárias e políticas foram direcionadas à população urbana, adulta, alfabetizada, com acesso à internet e com prática no manuseio das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs). Some-se a isso, o excesso de informações e as fakes news contribuíram com a baixa ou inexistente compreensão sobre a doença para essas pessoas.

Objetivos
Analisar as estratégias de comunicação desenvolvidas pela Secretaria Estadual de Saúde e a Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado de Pernambuco voltadas às/os trabalhadoras/es velhas/os do campo no enfrentamento à Covid-19.

Metodologia
Trata-se de um estudo exploratório participativo, desenvolvido de agosto de 2021 a outubro de 2022. Foram utilizados dados primários (entrevistas semiestruturadas e questionários) e secundários para identificar as condições sociodemográficas, de saúde e o acesso à comunicação durante a pandemia da Covid-19 aplicados com as pessoas velhas do campo e com comunicadores populares e profissionais das organizações que produzem informações para as populações do campo no estado de Pernambuco. Foi conformado o Discurso do Sujeito Coletivo (DSC) para analisar a percepção dos participantes identificando as categorias, sentidos e compressões.


Resultados e discussão
O estudo apontou que 78,6% das/os velhas/os entrevistadas/os tiveram dificuldades em compreender as informações sobre a doença, precisando de tradução sobre o tema. Entretanto, mudaram de atitude na adoção de medidas protetivas ao vírus, como o uso de máscaras, álcool a 70% e distanciamento social. A televisão foi o principal meio de informação (100%) seguido pelo rádio. Destacam-se as/os profissionais de saúde (69,2%), o Sindicato dos Trabalhadores Rurais (61,5%) e a Igreja (53,8%). A pandemia trouxe à tona o cenário de desigualdades sociais e regionais que condicionam as/os velhas/os do campo ao baixo acesso às políticas e serviços públicos como saúde, educação e comunicação. O acesso à rede de internet e a fragilidades no manuseio dos aparelhos celulares foram apontados como maiores dificuldades para o acesso à informação. Por parte dos comunicadores, o desconhecimento sobre o envelhecimento humano e suas características, que repercutem no sistema que envolve a apreensão e produção de informações, somado ao ritmo acelerado de produção de conteúdos condiciona que essa produção relegue a segundo plano as pessoas velhas, mesmo para as organizações ligadas a esse território.

Conclusões/Considerações finais
A velhice humana não faz parte do rol das discussões no mundo do capital. Ainda que esse grupo etário tenha sido apontado como grupo vulnerável ao vírus da Covid-19, os conteúdos produzidos pelo governo do Estado e organizações populares foi voltado para a população urbana, de classe A e B, alfabetizada, adulta, branca e heterossexual. Alijando dessa forma as populações periféricas, negras, LGBTQIA+, do campo, das florestas e das águas, crianças e as pessoas velhas para citar algumas. Enxergar a população velha de todos os territórios solicita colocar o tema do envelhecimento humano na roda, bem como fortalecer um outro modelo de comunicação dialógica que dê voz e reconheça as especificidades de todos os sujeitos.