03/11/2023 - 08:30 - 10:00 COC5.3 - Racismo, marcadores sociais e o cuidado em saúde |
47655 - MORTE E RESURREIÇÃO: UM OLHAR SOBRE OS DESAFIOS E A LOCALIZAÇÃO SIMBÓLICA DO PACIENTE CRÔNICO STEFERSON DIAS SAMPAIO - PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA DA UNIVERSIDADE DE FORTALEZA E COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE NÍVEL SUPERIOR – BRASIL (CAPES), NATÉRCIA MARIA MOURA BRUNO - PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA DA UNIVERSIDADE DE FORTALEZA E COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE NÍVEL SUPERIOR – BRASIL (CAPES), ANA PATRÍCIA ALVES DA SILVA - PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA DA UNIVERSIDADE DE FORTALEZA E FUNDAÇÃO CEARENSE DE APOIO AO DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO (FUNCAP), PETERSON JANIEL VELOZO DA SILVA - HAPNDI, KARLA MARIA CARNEIRO ROLIM - UNIVERSIDADE DE FORTALEZA, MIRNA ALBUQUERQUE FROTA - UNIVERSIDADE DE FORTALEZA
Apresentação/Introdução As doenças crônicas constituem um importante problema de saúde pública para toda a comunidade mundial, por isso é relevante que nos impliquemos para compreender como pacientes neste perfil se sentem e qual a localização simbólica deles no mundo. O interesse pelo estudo advém da prática profissional de um dos autores. Durante os atendimentos foi possível observar o quanto pacientes em reabilitação trazem consigo o peso emocional da perda e o quanto essa experiência pode ser angustiante. Isso instigou o pesquisador a compreender sobre esse corpo, suspendendo a doença e observando que implicações psicossociais deslocavam esse corpo para um território de invalidez e subsistência.
Objetivos Objetiva-se com o estudo, de forma geral, discutir e evidenciar os desafios vivenciados por pacientes crônicos, familiares e profissionais que se inserem no contexto da reabilitação. E, de forma específica, reconhecer a psicossomática sobre os corpos de pacientes crônicos em reabilitação; conhecer e discutir quais mecanismos de repressão social impulsionam estes sujeitos para o lugar de doente; desenvolver um protocolo de avaliação das implicações psicossociais que refletem no processo de adesão do paciente a terapêutica de reabilitação.
Metodologia Trata-se de um estudo qualitativo, tendo em vista que se preocupa com o dinamismo social e com as questões subjetivas que emergem desse contexto. Utilizar-se-á dos conceitos ferramentas da cartografia e da pesquisa-intervenção, pois entende-se que estes funcionam como intercessores para compreender os desafios vividos pelos sujeitos de nossa pesquisa e sua rede de apoio. As inquietações e reflexões propostas neste estudo circundam a psicossomática sobre corpos de sujeitos que vivem em contexto de doença crônica e se inserem no campo da reabilitação. E, ainda, os abstratos espaços deste construto social que vulnerabilizam a vida humana através de mecanismos de controle e repressão social que destituem de pessoas em reabilitação o direito de existirem como sujeito. Por isso, participarão deste estudo: pacientes crônicos com doenças não transmissíveis em processo de reabilitação há pelo menos três meses; pacientes com prognóstico de cuidados paliativos que não tenham parecer de restrição de cuidados; familiares e profissionais que foram ou são rede de cuidado. As informações produzidas nos encontros serão organizadas, de modo a construir uma trajetória, em busca de reconhecer os movimentos das subjetividades que categorizam estes pacientes como sujeitos “não-passíveis de luto”. A partir dos discursos que surgirão nos encontros e de teorias que contemplam a Doença Crônica como uma ruptura biográfica, focando em autores da Saúde Coletiva que estudam o conceito de “determinação social das doenças” e demais teóricos que abordam, diretivamente ou de forma transversal, os seguintes pontos: Reabilitação e Reabilitação Física; Interações Físicas e Psicossociais; Corpo em Psicanálise; Narcisismo; Luto e Melancolia; Relações de Poder; e Amadurecimento Emocional. Além dos demais autores pesquisados que somam a estas teorias chegar-se-á aos diversos fatores psicossociais que implicam na não adesão ao tratamento de reabilitação.
Resultados e discussão O estudo ainda está em processo de revisão de literatura, então neste momento os resultados apresentados são baseados nos documentos resgatados na literatura científica para subsidiar nossa discussão. O local da doença crônica é o da ruptura, tendo em vista que, as relações afetivas e a rotina desse sujeito e de sua rede têm sua base fragmentada. O processo de se descobrir como um doente crônico é pensado como uma morte e uma ressurreição simbólica. Neste contexto os pacientes que se inserem no tratamento de reabilitação passaram por alguma perda que impacta nas capacidades e habilidades físicas, psicológicas e sociais. Adentrar uma terapêutica de reabilitação não é uma escolha, mas sim uma necessidade para que haja uma anuência dos sintomas que estão impedido que esse corpo tenha, dentro das suas novas possibilidades, seu melhor desempenho. O contexto social no qual o sujeito está inserido determina o local de fala que ele vai ocupar, o da doença e inutilidade. O controle pelo ato violento de determinar o lugar que este sujeito vai ocupar, além de impedi-lo de performar, faz dele um corpo “matável”.
Conclusões/Considerações finais Pacientes em reabilitação se percebem como um problema, invalidando sua existência. Essa realidade é muito presente especialmente pela ideia de “cura” que nos foi culturalmente ensinada. Diante do exposto, o cerne de nosso questionamento diz respeito aos processos desafiadores vividos pelos pacientes crônicos em seus enlutamentos e nascimentos simbólicos e de como seus novos corpos são submetidos aos dispositivos do exercício do poder. É preciso alargar horizontes e avaliar o contexto do adoecimento e a existência do sujeito para que consigamos enxergar os fatores históricos e sociais que circundam o adoecer de cada indivíduo.
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