Comunicação Oral Curta

03/11/2023 - 08:30 - 10:00
COC4.3 - Familias, crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade

46178 - OCUPAÇÕES E SAÚDE NA ADOLESCÊNCIA: CONSTRUINDO SUBSÍDIOS PARA O DESENVOLVIMENTO DE TECNOLOGIAS SOCIAIS EM SAÚDE ATRAVÉS DA INVESTIGAÇÃO TEMÁTICA
MAYLLE TAYANA MARINHO - UFPE, DANIELA TAVARES GONTIJO - UFPE, MARIA HELENA DE BRITO SOUZA - UFPE, ANDERSON GOMES ALES DA SILVA - UFPE, LUANA BARBOSA TAVARES DE SOUZA - UFPE, LAÍS FÁTIMA MENDES DO NASCIMENTO - UFPE


Apresentação/Introdução
A adolescência é um período em que as situações de vulnerabilidade social podem impactar significativamente no desenvolvimento, na qualidade de vida e na percepção de saúde. Este período é considerado uma “janela de oportunidades” para a promoção da saúde. Entre as diferentes profissionais que atuam com adolescentes, a Terapia Ocupacional dirige atenção à população, enquanto profissão que destina conhecimentos para a participação das pessoas em ocupações, para promover saúde e bem-estar. Na busca de compreender como se dá o envolvimento em ocupações nas diferentes experiências enfrentadas no cotidiano. Estas vivências não acontecem de maneira similar para todas as pessoas, em decorrência das condições de vida em que estas estão inseridas. As ocupações são as atividades executadas pelas pessoas em seu dia a dia, para a ocupação do tempo e o propósito de vida, realizadas individualmente, com a família ou em comunidade. A compreensão deste envolvimento ocupacional, de forma participativa, pode contribuir para o desenvolvimento de tecnologias sociais educativas que sejam adequadas e congruentes as experiências vivenciadas pelos adolescentes.

Objetivos
Descrever como é o envolvimento ocupacional na adolescência e os impactos dele na percepção de saúde.

Metodologia
Este resumo é fruto de uma pesquisa-ação direcionada para o planejamento, desenvolvimento e avaliação de uma proposta de promoção de saúde com adolescentes subsidiada pelo referencial de Paulo Freire. Os dados aqui apresentados se referem a etapa da Investigação Temática que, para Paulo Freire, tem o intuito de compreender a realidade vivenciada pelas pessoas objetivando a identificação dos temas geradores, que norteiam os círculos de cultura. Participaram da pesquisa, que ocorreu em uma escola de ensino fundamental em Recife/PE, 32 adolescentes e seis integrantes do estudo (docente e discentes). A investigação temática foi operacionalizada em três etapas: leitura da realidade, codificação e círculos de Investigação Temática. Os dados foram coletados através de observação participante registrada em diário de campo e gravação de áudio dos grupos.

Resultados e discussão
Entre a variedade de ocupações realizadas pelos adolescentes, a relação com os pais foi a que ganhou maior destaque. Outras ocupações também foram relatadas: dormir, uso do celular, atividades escolares, cuidados domésticos, brincar, lazer, amizades e atividades físicas. Na análise dos dados observamos a fragilidade das vivências com os pais, a questão que mais provoca repercussões para a saúde. Se fizeram presentes relatos que indicam implicações negativas na saúde mental em virtude de aspectos do envolvimento ocupacional dos adolescentes. Nas discussões é notório a vivência do desequilíbrio e de injustiças ocupacionais enfrentadas, em consequência das vulnerabilidades sociais (questões socioeconômicas, classe social, raça, sexo, localidade de moradia, dentre outros aspectos) vivenciadas e que muitas vezes limitam a participação ocupacional. Pelos diálogos estabelecidos com os participantes foi oportunizada a compreensão de que o envolvimento ocupacional é um fenômeno complexo que provoca a interconexão entre as ocupações realizadas cotidianamente e consequentemente acarreta em implicações positivas e negativas na saúde.

Conclusões/Considerações finais
A vivência da pesquisa possibilitou a identificação da importância da construção de espaços dialógicos na promoção de saúde com adolescentes, assim como o desenvolvimento de tecnologias educativas que permitam que o adolescente se sinta acolhido, respeitado e valorizado em seus saberes construídos na experiência cotidiana. Além disso, os resultados apontam a importância do desenvolvimento de tecnologias educativas, de forma participativa, no qual os adolescentes tenham voz e vez para, não somente refletirem sobre a sua realidade vivenciada como também para contribuírem na formulação das ações e tecnologias educativas a eles direcionados.