03/11/2023 - 08:30 - 10:00 COC4.3 - Familias, crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade |
47206 - "OLHADINHA PARA QUEM PRECISA": PERCEPÇÕES DE FAMÍLIAS DE ALTA VULNERABILIDADE SOBRE REPERCUSSÕES DA PANDEMIA DE COVID-19 NO CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO INFANTIL INGRID PACHECO - UFSCAR, MAÍSA FRANCOLOSO - UFSCAR, ANA PAULA SOUZA - UFSCAR, DIENE CARLOS - UFSCAR
Apresentação/Introdução O crescimento e desenvolvimento infantil na primeiríssima infância pode ter sido impactado pela pandemia de COVID-19, em especial devido às restrições do distanciamento social. Entende-se a importância da qualidade de cuidado das famílias, condições psicossociais, sanitárias e econômicas para o crescimento e desenvolvimento infantil saudável. No entanto, entende-se que para famílias de alta vulnerabilidade há contextos diferenciados, e compreender tais complexidades pode fomentar ações para mitigar possíveis impactos da COVID-19 em crianças, famílias e comunidades.
Objetivos Analisar as percepções de famílias residentes em região de alta vulnerabilidade social sobre repercussões da pandemia de COVID-19 no crescimento e desenvolvimento infantil.
Metodologia Pesquisa qualitativa ancorada pelo referencial da teoria bioecológica de Urie Bronfenbrenner. A coleta de dados se delineou por entrevistas semiestruturadas, realizadas em uma unidade de Atenção Primária à Saúde (APS) de um território de alta vulnerabilidade social de um município do interior do estado de São Paulo. A coleta ocorreu no período de abril a junho de 2023. Os critérios de inclusão foram: I) ser familiar e/ou cuidador de crianças de 1-3 anos, II) ser pertencente ao local de vulnerabilidade desse município. Excluíram-se famílias em que o responsável ou cuidador principal da criança apresentasse sofrimento mental e/ou envolvimento em violência. Os dados foram analisados tematicamente, de forma reflexiva. A pesquisa foi aprovada no Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos.
Resultados e discussão Os participantes foram 15 familiares, sendo cinco avós e dez mães, com idade média de 37 anos. Dessas participantes, dez declararam participação no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS); oito crianças não estavam inseridas na educação infantil; e todas estavam em acompanhamento na APS. Emergiram dois temas finais: I) ‘A mãe padece no paraíso!’: desenvolvimento Infantil diante da COVID-19; e II) ́Olhadinha para quem precisa´: contexto social no crescimento e desenvolvimento infantil. No primeiro tema foram retratados, desde a gravidez e cuidados ao recém nascido, vivências que durante a pandemia foram intensificadas por sentimentos de medo e tristeza devido ao risco de transmissão do COVID-19, que impactaram na sobrecarga materna. A maternidade foi relatada como desafiadora, as mães/avós se responsabilizam pelo crescimento e desenvolvimento infantil, percebendo marcos do desenvolvimento e a necessidade do brincar, embora o uso de telas foi dito como rotineiro. No segundo tema foram destacados o contexto social da família, de forma crítica os participantes demonstraram que com o território vulnerável, os serviços não suprem a demanda da população. Retratam também os desafios ao acesso à creche e a importância da puericultura. Estes aspectos intersetoriais transpassaram questões biológicas para o desenvolvimento infantil,demonstrando lacunas na efetivação das políticas públicas.
Conclusões/Considerações finais As relações intersetoriais são vínculos sustentadores para o desenvolvimento em famílias de alta vulnerabilidade, embora existam lacunas importantes da ação de políticas públicas. Tais aspectos se agravaram durante a pandemia, trazendo a necessidade de acompanhamento longitudinal das crianças e suas famílias, em especial no período pós pandêmico, considerando ajustes nas perspectivas clínicas, gerenciais e políticas de cuidado.
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