48113 - INTRODUÇÃO AO ESTUDO DAS INIQUIDADES EM SAÚDE POR ESTUDANTES DE MEDICINA NO AGRESTE PERNAMBUCANO
GUILHERME RICARDO PEREIRA SANTOS - FAMEG, TIAGO DE SOUSA CABRAL - FAMEG, LARISSA LÍVIA SILVA PINTO - FAMEG, MARIA EDUARDA HOLANDA DE MELO LAPA - FAMEG, ANA ISABELLE DA SILVA CARDOSO - FAMEG, OZARLAN MICHEL PEREIRA DE OLIVEIRA - FAMEG, ANA BRÍGIDA DE OLIVEIRA NEMÉZIO - FAMEG
Contextualização
O Sistema Único de Saúde é fruto de intensos processos de luta de diversos setores da sociedade, que garante à população brasileira a efetivação do direito à saúde, através da sua promoção, prevenção e recuperação. As desigualdades sociais existentes na sociedade brasileira geram diversos impactos na vida e saúde dos indivíduos e coletividades e, diante disso, as políticas públicas são estruturadas a partir da compreensão das especificidades dos povos e comunidades, de modo a atender à diversidade da população brasileira em suas demandas especificas. Dadas as grandes desigualdades presentes na sociedade brasileira, construídas historicamente, através de séculos de colonização, exploração e escravidão, bem como pela reprodução de preconceitos até os dias atuais (velados, explícitos, estruturais e institucionalizados), no sentido de promover saúde de forma equânime, atendendo ao princípio do SUS, e pensar o acesso a ações e serviços de saúde por grupos socialmente vulnerabilizados, a Saúde Coletiva contemporânea aprofunda discussões e críticas sobre a (re)produção de saúde nos territórios e à ampliação das políticas públicas intersetoriais de reparação social e de promoção da equidade na assistência à saúde.
Descrição
Voltar a atenção do profissional em formação para o processo de implementação dessas políticas de saúde, bem com o para o acesso aos serviços por esses grupos populacionais e a sua percepção sobre o direito à saúde é de grande importância e, cada vez mais, urgente. Com o objetivo de trabalhar o conceito de iniquidade em saúde e a reprodução social da saúde, estabeleceu-se o Grupo de Pesquisa em Saúde das Minorias Sociais na Faculdade de Medicina de Garanhuns. Em seu primeiro encontro, os estudantes participantes precisaram descrever, de forma objetiva, sua compreensão sobre a importância das políticas públicas de saúde para populações específicas e, a partir da sua visão de mundo, quais as causas das desigualdades sociais no Brasil. Num segundo momento, os estudantes assistiram a relatos de uma pessoa trans, uma pessoa privada de liberdade e uma pessoa em situação de rua e construíram, a partir dos relatos e de suas vivências prévias, três árvores dos problemas que poderiam correlacionar-se com relação às raízes (causas dos problemas) e aos frutos (efeitos causados pelos problemas).
Período de Realização
As atividades do grupo iniciaram-se no dia 11 de abril de 2023, com encontros quinzenais ao longo do primeiro semestre letivo de 2023.
Objetivos
A atividade relatada teve por objetivo a compreensão das percepções dos estudantes participantes sobre as raízes das desigualdades na sociedade brasileira e os efeitos provocados por essas desigualdades, dentre eles no processo saúde doença dos grupos socialmente vulnerabilizados, com destaque às iniquidades em saúde e à percepção do direito à saúde dessas populações.
Resultados
Tendo sido o primeiro momento uma conversa individual entre cada estudante e o professor orientador, houve uma grande diversidade de relatos, alguns de leitura mais superficial, como a falta de políticas públicas mais efetivas ou a própria dificuldade de acesso a serviços de assistência à saúde, outros de maior aprofundamento social e compreensão dos processos sistêmicos, apontando a colonização, a escravidão e o capitalismo como causadores das iniquidades. Na construção das árvores dos problemas, após a exibição dos relatos e breve debate grupal, pôde-se observar que as árvores compartilhavam muitas raízes (fatores causadores dos problemas) e muitos frutos (efeitos dos problemas), bem como as árvores traziam itens que eram, ao mesmo tempo, raízes e frutos, evidenciando o processo cíclico de reprodução das iniquidades, a exemplo a fome, que provoca o adoecimento e que é provocada pelo comprometimento da renda familiar em detrimento do adoecimento de um ente desse sistema.
Aprendizados
A atividade promoveu um aprofundamento na compreensão das iniquidades em saúde dos estudantes, favorecendo a construção de um entendimento da saúde como produto do meio social em que os indivíduos estão inseridos, rompendo com a visão individualista, biologicista e cartesiana do fazer saúde, tendo fomentado o debate sobre a importância da equidade nas ações e serviços de saúde como instrumento de reparação social.
Análise Crítica
Ao levar em conta as desigualdades sociais existentes na sociedade brasileira, o SUS se estrutura de modo a atender à população conforme suas necessidades, de modo de, na assistência à saúde, na sua promoção e prevenção, reparar ou compensar os impactos gerados pelas desigualdades na vida e saúde dos indivíduos e coletividades. É imprescindível na formação profissional a compreensão da saúde como fator determinado por contextos históricos, culturais e sociais que afetam constantemente a vida dos indivíduos sem que seja possível estabelecer saúde pensando-se unicamente a partir do setor saúde, dados os atravessamentos das violências, das desigualdades e da negação de direitos fundamentais na vida das comunidades vulnerabilizadas e minorias sociais.
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