03/11/2023 - 08:30 - 10:00 COC2.3 - Tensionamentos entre gestão, participação e comunicação em saúde |
45294 - DIVERSUS: PARTICIPAÇÃO SOCIAL E EDUCOMUNICAÇÃO NAS BRECHAS DA GESTÃO TATIANY VOLKER BOLDRINI - FIOCRUZ, LUCIANA SEPÚLVEDA KOPTCKE - FIOCRUZ, ALINE GUIO CAVACA - FIOCRUZ
Apresentação/Introdução Os modos de se relacionar e se comunicar na saúde podem facilitar ou dificultar a participação dos segmentos juvenis nas políticas públicas de saúde. Assim, a comunicação se torna central na constituição de processos participativos. Uma abordagem que tem sido apresentada como promissora nas ações com as juventudes nessa perspectiva é a da educomunicação.
Nessa perspectiva, esse estudo buscou analisar o Projeto DiverSUS - Educomunicação, Juventudes e Saúde, uma experiência de diálogo com as juventudes e de participação social juvenil, de abrangência nacional, realizada pelo Ministério da Saúde, em parceria com o Fundo de Populações das Nações Unidas (Unfpa), entre os anos de 2017 e 2018.
Objetivos Compreender em que medida a educomunicação contribui para o diálogo nas ações de saúde e para a ampliação da participação dos jovens nas políticas públicas de saúde.
Metodologia A pesquisa teve como proposta metodológica o Estudo de Caso, a partir de uma abordagem qualitativa e analítica, para compreensão do fenômeno da educomunicação no contexto da saúde. A unidade de análise definida para compreensão desse fenômeno foi o Projeto DiverSUS.
Resultados e discussão O DiverSUS surge como uma demanda institucional da gestão da saúde para a produção de conteúdos comunicativos a partir de narrativas juvenis em diferentes mídias (fotos, vídeos, textos, ilustrações) sobre a intersecção entre as suas identidades, condições sociais, sexualidades e afetos, numa perspectiva de fortalecimento dos direitos sexuais e direitos reprodutivos dessa população.
Desenvolvido nas brechas da gestão federal da saúde, constatou-se, uma tendência no projeto voltada para a gestão democrática e construção coletiva em torno dos processos educomunicativos, possibilitando a participação e tomada de decisão dos jovens em todo o ciclo de desenvolvimento do projeto: desde a formulação - quando foram definidos temas, linguagens e materiais que seriam produzidos -; implementação - quando produziram os materiais propostos -; e até a avaliação, quando se reuniram para avaliar os produtos desenvolvidos pelo projeto.
Entretanto, identificou-se alguns desafios como aspectos burocráticos das instituições envolvidas na execução do projeto; equipe reduzida e com pouca experiência sobre algumas especificidades juvenis; pouco tempo para execução do projeto e a sua própria descontinuidade, sendo considerada uma grande perda para todos os entrevistados, uma vez que a sua interrupção não permitiu a finalização do processo de divulgação dos materiais produzidos e seu alcance junto às juventudes do País.
Além do exposto, algumas ações de melhoramento para uma possível reedição do projeto ou sua replicação em outros níveis de gestão da saúde no SUS foram identificadas, como garantir a disseminação dos materiais produzidos; aprimorar a seleção dos jovens para oportunizar outros coletivos juvenis a integrarem as ações do projeto; e garantir a sustentabilidade financeira por meio de instrumentos de cooperação técnica entre o Ministério da Saúde e instituições parceiras.
Conclusões/Considerações finais A proposta educomunicativa do DiverSUS foi percebida e vivenciada pelos participantes do projeto como um processo de estímulo à criatividade, liberdade de expressão e produção de múltiplas linguagens para comunicar com a diversidade das juventudes, bem como um compromisso com o direito à comunicação em saúde no SUS. Foram identificadas, ainda, práticas dialogadas e relações horizontalizadas entre jovens e gestores do projeto que facilitaram a produção de materiais e narrativas juvenis a partir do olhar e percepção dos próprios jovens produtores/educomunicadores e jovens entrevistados no projeto.
Assim, por meio deste estudo de caso, a pesquisa reforçou o que defendeu uma das jovens do projeto, entrevistada 4, que é possível “ fazer comunicação dentro de uma instituição pública com adolescentes e com jovens e que dá para construir processos abertos de diálogo com essas pessoas e de construção de política pública, e que para tanto precisa da institucionalização de práticas que permitam diálogos mais horizontais e ter vontade de fazer mesmo”.
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