46561 - PROJETO GERÂNIO – APOIANDO O ENGAJAMENTO DE MULHERES NA ATENÇÃO PRIMÁRIA ATRAVÉS DA DECISÃO COMPARTILHADA EM SAÚDE ROBERTA DE CARVALHO CORÔA - DEPARTAMENTO DE MEDICINA/UNIVERSITÉ LAVAL, ELIANE CHAVES VIANNA - ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA/ FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ, MONICA VIEIRA - ESCOLA POLITÉCNICA DE SAÚDE JOAQUIM VENÂNCIO/ FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ, MARIA RUTH DOS SANTOS - ESCOLA POLITÉCNICA DE SAÚDE JOAQUIM VENÂNCIO/ FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ, PATRÍCIA FERREIRA MENNA BARRETO - ESCOLA NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA/ FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ, JORGE ANTONIO DOS SANTOS NADAIS - CENTRO DE SAÚDE ESCOLA GERMANO SIVAL FARIA/ FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ, PATRÍCIA EVANGELISTA RIBEIRO - CENTRO DE SAÚDE ESCOLA GERMANO SIVAL FARIA/ FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ, DIOGO GONÇALVES VIANNA MOCHCOVITCH - VITAM/UNIVERSITÉ LAVAL, AMÉDÉ GOGOVAR - VITAM/UNIVERSITÉ LAVAL, FRANCE LÉGARÉ - DEPARTAMENTO DE MEDICINA/UNIVERSITÉ LAVAL
Apresentação/Introdução Historicamente, mulheres em todo o mundo, e particularmente no Sul Global, experimentam de diversas formas a desigualdade social em consequência da organização do poder na sociedade. No contexto da saúde, essas relações têm exposto mulheres a maior risco e vulnerabilidade quando se trata da qualidade e do acesso aos serviços. Assim, o cuidado prestado a esse grupo tende a apresentar desafios suplementares. Respostas de saúde pública à COVID-19, como o lockdown e a priorização do combate ao vírus, em detrimento a linha de cuidado preconizada na Atenção Primária em Saúde (APS), deixaram mulheres ainda mais vulneráveis no que diz à perda do vínculo com os serviços, acarretando em menor envolvimento nas decisões relativas a sua saúde e bem-estar na APS. Nesse sentido, recentemente o Conselho de Direitos Humanos da ONU aprovou uma resolução histórica reconhecendo que mulheres constituem o grupo mais afetado quando diz respeito a sua participação em processos de tomada de decisão, sobretudo na esfera pública, e propondo ações para promover maior igualdade de gênero nesses espaços. Assim, percebemos a necessidade de criar iniciativas e parcerias capazes de promover a retomada de canais de diálogo ou mesmo sua criação, como forma de fortalecer o engajamento político e a participação social de mulheres nos serviços de saúde, em especial na APS, aumentando a sua representação social e protagonismo.
Objetivos Em relação às prioridades definidas pela ONU e em colaboração com parceiros no Canadá e na África francófona, este projeto visa co-desenvolver uma plataforma de saúde digital sobre a decisão compartilhada em saúde tendo como público alvo mulheres em quatro países do Sul Global (Senegal, Camarões, Rwanda e Brasil). Usando a plataforma, profissionais de saúde, usuárias de serviços de saúde, e demais interessados terão acesso a recursos pedagógicos sobre a decisão compartilhada em saúde e ferramentas associadas pertinentes para a promoção da saúde e bem-estar.
Metodologia Fase 1 (Objetivo 1): Criaremos uma parceria equitativa e sustentável entre as equipes dos diferentes países participantes do projeto através da criação de um comitê de gestão local na Fundação Oswaldo Cruz, que será composto por 2 usuárias do Sistema Único de Saúde (SUS), 2 representantes de organizações comunitárias que desenvolvem ações com mulheres, 2 profissionais da saúde e 1 gestor ou gestora, além da equipe de pesquisa do projeto. Fase 2 (objetivo 2): Identificaremos as necessidades de decisão em saúde de mulheres através de entrevistas semiestruturadas e grupos focais. Participarão da pesquisa usuárias do SUS, profissionais da saúde e membros de organizações comunitárias que desenvolvem ações com mulheres no território de Manguinhos e bairros do entorno, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Como atividade disparadora, mostraremos aos participantes um vídeo informativo sobre a decisão compartilhada em saúde. A visualização do vídeo será precedida de uma breve introdução e seguida de um momento de partilha, em que os participantes poderão expressar suas impressões e seu ponto de vista sobre os desafios e possibilidades para a prática da decisão compartilhada nos serviços de saúde. Fase 3 (objetivo 3): Co-desenvolveremos materiais pedagógicos sobre a decisão compartilhada com foco em mulheres e profissionais da saúde e uma ferramenta de apoio à decisão visando auxiliá-los na tomada da decisão identificada na fase 2. O material pedagógico trará informações sobre o tema através de textos, ilustrações e/ou vídeos adaptados à realidade encontrada nos serviços de saúde brasileiros. Para desenvolver a plataforma digital, adotaremos a metodologia de co-design, que se baseia na participação significativa dos usuários (público-alvo) desde a fase de concepção do produto e em todas as etapas do processo. A plataforma será construída em francês e português e hospedada pe Université Laval, no Canadá. Fase 4 (objetivo 4): Implementaremos a plataforma digital co-desenvolvida, assim como a ferramenta de apoio à decisão, através de oficinas ofertadas no território em que o projeto será realizado no Brasil. Avaliaremos a sua escalabilidade (potencial de impacto) utilizando um questionário validado internacionalmente que deverá ser preenchido pelo comitê de gestão local.
Resultados e discussão O Projeto encontra-se em fase de implantação, com dados preliminares compilados até a data do Congresso. Trata-se de uma iniciativa pioneira de implementação da decisão compartilhada em saúde na APS, Assim, espera-se que o projeto tenha como principal resultado a maior participação de mulheres nas decisões relacionadas a sua saúde e bem-estar, o que deve contar com a formação e o engajamento de profissionais da saúde no processo.
Conclusões/Considerações finais Essa iniciativa visa, em última instância, diminuir as desigualdades em saúde levando em consideração tanto uma perspectiva integral de cuidado quanto os referenciais de saúde global e sustentável aumentando a participação de mulheres na tomada de decisões nos serviços de saúde.
|