03/11/2023 - 08:30 - 10:00 COC10.2 - Análise Institucional e a multiplicidade de práticas na Saúde Coletiva |
46556 - OS LUGARES E FUNÇÃO DA SUPERVISÃO CLÍNICO INSTITUCIONAL NA CONSTRUÇÃO E CONSOLIDAÇÃO DA REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL DISETE DEVERA - DEVERA CONSULTORIAS, SILVIO YASUI - UNESP
Apresentação/Introdução O presente artigo analisou o processo de institucionalização da Supervisão Clínico-Institucional (SCI), ressaltando os principais elementos que a tornam um importante dispositivo de formação e qualificação das práticas de saúde mental.
O supervisor clínico-institucional sustenta dois objetivos fundamentais: potencializar as equipes através de um olhar crítico, reflexivo e instrumental técnico à situação das famílias e das pessoas atendidas, bem como colocar em análise o impacto emocional que elas causam nos profissionais. Define-se também ser um articulador de ações desenvolvidas através dos vários equipamentos sociais, de forma que haja integração e sinergia, aliando objetivos e ações, ao qual gradativamente se equacionam alguns obstáculos, tais como a fragmentação das informações, a discordância entre os membros das equipes. Cria-se um modelo comum de intervenção sustentado pelo coletivo de trabalhadores das equipes, planejando e implementando ações junto à família. Isso através de relato minucioso sobre o caso clínico e todas as informações disponíveis, bem como uma multiplicidade de olhares como forma de compreender a família, a dinâmica, os recursos e as carências do sujeito. Após os relatos, utiliza-se de dados técnicos de visitas, intervenções, entrevistas, recursos da comunidade e informações sobre os serviços de saúde física e mental, bem como a identificação e estabelecimento de redes de cuidado no território, articulando-se reuniões intersetoriais, e inter equipamentos para discutir conjuntamente o caso e as possíveis intervenções (AVILA, 2013).
Objetivos Contribuir com o resgate e a construção da memória da Supervisão Clínico-Institucional (SCI) no Brasil.
Metodologia Trata-se de um estudo qualitativo sobre dispositivos de formação em saúde e políticas de escrita/narratividade. Para tanto, realizou-se uma leitura cuidadosa de documentos governamentais e da produção acadêmica relativa ao tema, os quais foram sistematizados tendo em vista o processo histórico de constituição da SCI como dispositivo de formação. A segunda etapa constitui-se na escrita da narrativa de memórias relacionadas aos encontros da pesquisadora com a SCI no Brasil. A terceira etapa consiste na discussão sobre as contribuições da SCI na construção e consolidação da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS).
Resultados e discussão O ponto-chave é: a formação do institucionalista é interminável, assim como a do supervisor clínico-institucional. Pensar a dimensão formativa da supervisão clínico-institucional (SCI) passa necessariamente por pensar de onde ela procede; a prática da supervisão atravessa diversos processos formativos em várias áreas profissionais. Sua configuração no campo da Atenção Psicossocial sofre influência da psicanálise. (COIMBRA, 1989).
Com o intuito de consolidar os avanços na implantação da rede de serviços de base comunitária e enfrentar os enormes desafios e lacunas, é necessário lançar mão de múltiplas estratégias de intervenção. A SCI é uma estratégia que emerge como resposta à complexidade da tarefa de implementar o paradigma psicossocial no campo das práticas. Essa estratégia tem como função articular, organizar e potencializar a rede de cuidados no enfrentamento dos problemas de Saúde e Saúde Mental, fomentando o protagonismo das equipes que constituem os serviços e promovendo uma atitude de corresponsabilidade intersetorial e controle social.
Entende-se a SCI como dispositivo favorecedor para promover a autonomia dos serviços que efetivem a proposição sustentada pelo paradigma da Atenção Psicossocial, de maneira que a necessidade de interlocução entre outras formas incongruentes com este modo de operar Saúde deixe de ser sustentada e articulada.
Conclusões/Considerações finais O trabalho de SCI caracteriza-se em alguns dispositivos como mapeamento das práticas no processo de trabalho, experiência profissional na clínica e na saúde pública, com ênfase no SUS, tendo como instrumento o uso da escuta e da palavra, bem como a construção coletiva dos casos clínicos, apresentando-se como ferramenta/meio e não fim. Nesse sentido, busca-se criar um campo de confiança para a reflexão crítica da equipe sobre sua prática no serviço e no território, trabalho que supõe o enfrentamento das limitações provenientes da formação acadêmica.
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