03/11/2023 - 08:30 - 10:00 COC10.2 - Análise Institucional e a multiplicidade de práticas na Saúde Coletiva |
47135 - A FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL DE ENFERMAGEM EM CUIDADOS PALIATIVOS – UMA ABORDAGEM SÓCIO CLÍNICA INSTITUCIONAL CARLA ANDREIA DAMASCENO FONSECA - PMCG, LUCIA CARDOSO MOURÃO - UFF, VERÔNICA FERNANDEZ - UFF
Contextualização Estudos sobre cuidados paliativos iniciaram–se na Inglaterra, em 1967, com Cicely Saunders que disseminou essa nova maneira de cuidar das pessoas em fase terminal da vida. Tais cuidados visam proteger, amparar, cobrir, abrigar, quando a cura de determinada doença não é mais possível.
Os Cuidados Paliativos foram redefinidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 2002, como sendo uma abordagem que aprimora a qualidade de vida, dos pacientes e famílias que enfrentam problemas associados com doenças incuráveis, através da prevenção e alívio do sofrimento, por meio de identificação precoce, avaliação correta e tratamento da dor e outros problemas de ordem física, psicossocial e espiritual.
Nas últimas décadas a expectativa de vida aumentou de uma forma exponencial devido às inovações tecnológicas, que nos fazem perceber que a morte, na maioria das vezes, já não é um episódio e sim, um processo às vezes até prolongado, adiado, muitas vezes sofrido, demorando anos e até mesmo décadas dependendo da enfermidade.
Os cuidados paliativos se constituem como um campo complexo, que envolve toda a equipe interdisciplinar e familiares no cuidado integral, destinados a melhorar a qualidade de vida da pessoa sem possibilidades de cura. Através de avaliação correta e de tratamentos adequados é possível promover alívio da dor e dos sintomas decorrentes da fase avançada ou irreversível de uma doença, além de, proporcionar suporte psicossocial e espiritual, em todos os estágios, desde o diagnóstico de uma doença incurável até o período de luto da família.
Os cuidados paliativos ultrapassam os procedimentos técnicos, e as palavras, pois contempla a escuta atenta, o olhar, a postura, o toque, e muitas vezes o silêncio para que se possa obter assistência pautada na humanização. O emprego adequado destes recursos é uma medida terapêutica comprovadamente eficaz para uma assistência humanizada e de qualidade.
Descrição O curso de formação técnica em enfermagem do Instituto Federal Fluminense onde exerço a preceptoria e a Unidade de Terapia Intensiva de Adultos em um hospital público da Prefeitura Municipal de Campos dos Goytacazes, onde atuo como enfermeira são as organizações nas quais desenvolvo esta reflexão sobre a minha experiência profissional no ensino e na assistência em cuidados paliativos.
Trata-se de um relato de experiência em que reflito com os profissionais e estudantes que necessitam realizar e/ou aprender a cuidar de pessoas que estão em finitude da vida. Através de encontros semanais durante a jornada de trabalho com os docentes e estudantes e com os demais profissionais de saúde da unidade problematizo tais dificuldades encontradas nesse tipo de cuidado, baseando-me nos conceitos da análise institucional em sua abordagem sócio clínica institucional, como nas características da análise das implicações e o trabalho dos analisadores. Os debates têm como foco o significado da vida e da morte e o papel do profissional de saúde em cuidar da pessoa, seja em que estágio da vida ela esteja.
Período de Realização agosto de 2022 a agosto de 2023.
Objetivos Analisar a formação e a prática profissional do profissional de enfermagem sobre os cuidados paliativos em saúde nos serviços, através dos conceitos da análise institucional em sua abordagem sócio clínica institucional.
Resultados Ao longo dos encontros, frequentemente os profissionais de saúde declaram que não estão capacitados a realizar os cuidados paliativos propostos por considerá-los pouco efetivos e/ou por não terem habilidades para estabelecer um vínculo com a pessoa alvo do cuidado e seus familiares. Os estudantes do curso técnico de enfermagem, em seu estágio curricular na unidade de terapia intensiva, que precisam se capacitar para cuidar das pessoas internadas de acordo com o plano terapêutico proposto pela equipe de enfermagem, se sentem despreparados tanto teoricamente quanto tecnicamente para lidar com a pessoa em fim de vida.
Os profissionais da área da saúde declararam, que desde o início da sua formação tiveram como maior anseio salvar vidas e não se prepararam para o contato com a pessoa sem possibilidade de cura da sua doença. Expressam que o contato com esta realidade contraria o que seria seu maior objetivo, gerando angústia e negação de cuidados essenciais.
É comum observar entre os estudantes do curso técnico de enfermagem a negação da morte e a falta de aceitação dos limites da ciência em prolongar a vida.
Aprendizados A aproximação com os conceitos da sócio clínica institucional possibilitou à preceptora/enfermeira a criação de uma dinâmica grupal de análise da prática profissional sem desconsiderar a análise coletiva das suas implicações na assistência e no ensino dos cuidados paliativos.
Análise Crítica Essa é uma temática que põe em discussão a missão da enfermagem em cuidar e que necessita de melhor apropriação tanto nos currículos das instituições formadoras como nas estratégias formativas da educação permanente em saúde.
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