03/11/2023 - 08:30 - 10:00 COC11.2 - Idadismo, gênero e violação de direitos |
45684 - IDADISMO NOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO E NA CIÊNCIA NO CONTEXTO DA PANDEMIA DE COVID-19 DALIA ROMERO - FIOCRUZ, NATHALIA ANDRADE - FIOCRUZ
Apresentação/Introdução A pandemia de COVID-19 resultou em mais de 6 milhões de mortes em todo o mundo, afetando desproporcionalmente populações desfavorecidas, como minorias raciais, comunidades de baixa renda e idosos. Os idosos enfrentaram não apenas um alto número de mortes, mas também isolamento social, luto, abandono e preconceito. O preconceito e a discriminação por idade, conhecidos como idadismo, são problemas anteriores à pandemia. A Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou a "Década do Envelhecimento Saudável" para combater o idadismo e promover uma visão positiva do envelhecimento. No entanto, os meios de comunicação, incluindo as mídias sociais, têm perpetuado estereótipos negativos sobre os idosos, espalhando fake news, memes depreciativos e opiniões ofensivas. O conteúdo dos meios de comunicação influencia as interações sociais e afeta a forma como o envelhecimento é percebido. Durante a pandemia, os meios de comunicação virtuais se tornaram a principal fonte de contato humano e informações para a população. Estudos mostram que o idadismo tem sido presente na vida dos idosos durante a pandemia, principalmente devido à ênfase na fragilidade e dependência. Este artigo investiga a relação entre o idadismo e os meios de comunicação no contexto da pandemia de COVID-19.
Objetivos Este trabalho tem como objetivo averiguar na literatura mundial evidências sobre idadismo (conceito, mídia e método de análise) nos meios de comunicação durante a pandemia COVID-19.
Metodologia O método de revisão integrativa de literatura foi utilizado para analisar o conhecimento científico sobre o idadismo nos meios de comunicação e ciência durante a pandemia de COVID-19. O período de coleta dos estudos foi de março de 2020 a junho de 2022. As bases de dados utilizadas foram a BVS, MedLine/PUBMED e SciELO. Além disso, o mecanismo de busca "Google Scholar" foi utilizado para encontrar artigos não indexados nas bases mencionadas. Foram utilizados descritores em ciência e saúde (DeCS) e Medical Subject Headings (MeSH) como "ageism", "age discrimination", "media" e "COVID-19", associados por meio dos operadores booleanos "AND" e "OR", tanto em inglês quanto em português e espanhol.Os critérios de inclusão adotados foram: artigos de pesquisas completos, análise sobre o período da pandemia de COVID-19 e artigos que abordassem o idadismo na população idosa (60 anos ou mais) nos meios de comunicação. Não houve restrições em relação ao idioma dos artigos. Os critérios de exclusão foram artigos incompletos, e os artigos duplicados foram considerados apenas uma vez. A análise dos estudos foi realizada por dois pesquisadores de forma independente, comparando os resultados e analisando os achados para incluir o maior número possível de estudos relevantes. A análise dos estudos selecionados foi realizada de forma descritiva e organizada em duas tabelas. A primeira tabela apresenta as mídias e os países analisados, bem como as principais evidências encontradas nos artigos selecionados. A segunda tabela aborda o conceito de idadismo utilizado nos estudos e a metodologia adotada para a análise.
Resultados e discussão Estudos revelaram que a representação das pessoas idosas nos meios de comunicação durante a pandemia foi predominantemente negativa, associando-as a estereótipos de fragilidade, vulnerabilidade e dependência. Isso contribuiu para a perpetuação do idadismo. Esse padrão aumentou ao longo do tempo, atingindo seu pico durante o auge da pandemia. As redes sociais também foram espaços onde o idadismo se manifestou, com memes e postagens infantilizando e isolando os idosos. Além disso, houve pouca representação e diversidade nas mídias, com falta de vozes da população idosa e uso de terminologia inadequada. Os estudos sobre idadismo na mídia durante a pandemia foram conduzidos em diferentes países, incluindo Estados Unidos, Alemanha, Espanha, Brasil, Nova Zelândia, Peru, China e Canadá. Essa diversidade geográfica contribuiu para uma compreensão mais abrangente do fenômeno do idadismo na mídia.
Conclusões/Considerações finais Durante a pandemia de COVID-19, a mídia perpetuou estereótipos negativos em relação à população idosa, resultando em marginalização e exclusão. A classificação homogênea dos idosos como grupo de risco contribuiu para a disseminação desses estereótipos, afetando negativamente sua saúde e bem-estar. É crucial uma abordagem equilibrada e inclusiva na representação da pessoa idosa na mídia, desafiando preconceitos arraigados e promovendo uma cultura de respeito e valorização. A participação ativa dos idosos na criação de mídia e o engajamento de todos os setores da sociedade são fundamentais para combater o idadismo e construir uma sociedade mais inclusiva e justa.
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