Comunicação Oral Curta

03/11/2023 - 08:30 - 10:00
COC11.2 - Idadismo, gênero e violação de direitos

46719 - INTERCESSÕES DO ENVELHECIMENTO E AS MINORIAS DE GÊNERO: A VELHICE COMO EXCEÇÃO
JÔNATHAS DE LIMA ARRUDA - UFPE, CAMILA CAROLINE DA SILVA - UFPE, PATRÍCIA FERNANDA FACCIO - UFPE, RAFAEL DA SILVEIRA MOREIRA - UFPE, VANESSA DE LIMA SILVA - UFPE


Apresentação/Introdução
O envelhecimento populacional brasileiro, resultado da melhoria das tecnologias em saúde e indicadores sociais, aliado a uma queda na taxa de natalidade, tem alterado a conformação etária da população brasileira, com maior predominância de pessoas idosas (Souza et al. 2021). A velhice é um fenômeno multimodal, mediado por fatores como raça, classe e gênero, justificando a heterogeneidade do público idoso brasileiro (SILVA; ALMEIDA; OLIVA; et al., 2021). A Gerontologia LGBTQIAP+, por sua vez, enquanto nova área do saber, ocupa-se por compreender o fenômeno do envelhecimento à luz das minorias sexuais e de gênero e as interlocuções que têm gênero e orientação sexual no envelhecimento humano (HENNING, 2020).


Objetivos
Compreender as dinâmicas e complexidades que envolvem o envelhecimento de minorias de gênero, em particular, pessoas transsexuais e travestis com crítica acerca da não universalidade da maior expectativa de vida geral da população em relação às pessoas transgênero e travestis.


Metodologia
Guiando-se pelo questionamento: ‘como o processo de envelhecimento das minorias de gênero tem sido abordado em estudos acadêmicos no Brasil?’, foram previamente selecionadas as bases de dados Scielo e Lilicas, por privilegiarem estudos latinoamericanos, capazes de refletir a realidade brasileira sobre o tema. Foi empregada a seguinte chave de busca, operada por ter booleanos, a partir de palavras-chave constantes no DeCS (Descritores em Ciências da Saúde): saúde AND travestilidade OR pessoas transgênero OR queer AND saúde do idoso OR envelhecimento. Não foi feita acepção de artigos por periódico, ano de publicação ou idioma. A pesquisa foi realizada em 24/06/2023.


Resultados e discussão
Foram encontrados 09 artigos. Nenhum tratou das interseccionalidades entre o envelhecimento humano e a transgeneridade. A velhice não é, no Brasil, um fenômeno universal. Um acúmulo de processos sociais, refletidos nas mais distintas formas de violências sistemáticas às quais estão sujeitas as minorias de gênero, traduz o seu envelhecer enquanto uma exceção, traduzindo-se, inclusive, pelo baixo interesse acadêmico pelo tema no país (BOMFIM; SILVA; CAMARGOS, 2022). A baixa expectativa de vida de pessoas transgênero no Brasil é reflexo direto das violências sistemáticas às quais estão sujeitas as minorias de gênero, seja pela violências, em suas mais diversas facetas, seja pela invisibilidade e negação de direitos e dignidade cidadã. A vivência de tais violências é continuamente permeada por gênero e classe. (ANTRA, 2023).


Conclusões/Considerações finais
Discute-se aqui, portanto, a complexidade dos determinantes sociais da saúde e seus reflexos na velhice, caracterizados pela continuidade da discriminação, reduzido acesso a direitos, abandono familiar, precarização do acesso e permanência no mercado de trabalho e fragilização de sua seguridade social (SANTOS et al., 2020). A expectativa do público transgênero no Brasil é de, em média, 35 anos, dissonante do restante da população e sinalizador das particularidades da violência e exclusão que integram o viver dessas pessoas (ANTRA, 2023). Abre-se, portanto, a oportunidade de crítica aos 60 anos de idade como marco universal da inauguração da velhice; as iniquidades de gênero, raça, classe e orientação sexual, enquanto processos sociais cumulativos e com reflexos no envelhecimento, mantêm-se na manutenção das desigualdades entre pessoas idosas.