Comunicação Oral Curta

03/11/2023 - 08:30 - 10:00
COC11.2 - Idadismo, gênero e violação de direitos

46782 - COMPREENDENDO O ENVELHECIMENTO COMO PROCESSO SOCIAL: INTERSECCIONALIDADE E DECOLONIALIDADE EM INSTITUIÇÕES DE LONGA PERMANÊNCIA PARA IDOSOS
CAROLINA BEATRIZ DA SILVA SOUZA - INSTITUTO AGGEU MAGALHÃES , FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ - PE, KATIA REJANE DE MEDEIROS - INSTITUTO AGGEU MAGALHÃES , FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ - PE, MICHELE FEITOZA SILVA - INSTITUTO AGGEU MAGALHÃES , FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ - PE, MARCIA CRISTINA SIQUEIRA CAMPOS SOARES - PREFEITURA DO RECIFE


Contextualização
Como processo social, o envelhecimento está interligado às relações sociais, aos papéis desempenhados pelos idosos na comunidade e às percepções e atitudes da sociedade em relação aos mais velhos. Ele pode ser influenciado por fatores como estereótipos negativos, discriminação, exclusão social, desigualdades econômicas e acesso limitado a recursos e serviços adequados.

Descrição
Foram realizadas inspeções sanitárias em seis instituições de longa permanência para idosos, localizadas em uma capital do nordeste brasileiro, pela vigilância sanitária municipal, composta por uma equipe multidisciplinar de profissionais de saúde tais como nutricionista, sanitarista, enfermeira. Essas inspeções permitiram observar de perto as condições de vida, a saúde, o bem-estar e as relações sociais presentes nessas instituições, tendo a Resolução da Diretoria Colegiada 502/2021 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) como base de referência para identificar as não conformidades encontradas no atendimento a esta população. No entanto, essa experiência trouxe a compreensão do envelhecimento como um processo social complexo, além da RDC, influenciada por fatores interseccionais e questões de decolonialidade em contextos de iniquidade.

Período de Realização
Durante todo o ano de 2022.

Objetivos
O objetivo principal desta experiência foi compreender como o envelhecimento é vivenciado em instituições de longa permanência, considerando a interseccionalidade de gênero, raça, classe social e outros aspectos identitários, além de analisar criticamente as dimensões coloniais presentes nessas estruturas institucionais.

Resultados
Os resultados obtidos revelaram que o envelhecimento em instituições de longa permanência é profundamente influenciado por fatores interseccionais como discriminação, falta de acesso a recursos e serviços adequados, bem como a perpetuação de estereótipos negativos sobre suas identidades, sendo observado especialmente em instituições filantrópicas, estas que corresponderam em 90% da natureza jurídica das instituições. Além disso, revelou-se a presença de elementos coloniais nessas instituições, como práticas e estruturas baseadas em modelos ocidentais de cuidado e envelhecimento, que nem sempre eram culturalmente apropriados ou sensíveis às necessidades específicas dos idosos, como o uso abusivo de medicações sujeitas à controle especial, sem o devido registro de profissionais de saúde, em quase todas as instituições (80%), revelam esta prática de cuidado.

Aprendizados
A experiência de realizar inspeções sanitárias em instituições de longa permanência para idosos em 2022 foi enriquecedora e reveladora. Compreender o envelhecimento como um processo social permeado pela interseccionalidade e decolonialidade permitiu uma visão mais abrangente e sensível às necessidades dos idosos, além de destacar a importância de combater as iniquidades presentes nesses contextos. Apesar das limitações metodológicas, este relato pode contribuir para promover mudanças significativas nas políticas e práticas de cuidado aos idosos, rumo a uma sociedade mais justa e inclusiva para todas as gerações.

Análise Crítica
Este relato traz a reflexão de que os modelos ocidentais tendem a medicalizar o envelhecimento, focando na prevenção e tratamento de doenças e condições de saúde relacionadas à idade. Isso pode levar a uma visão reducionista do envelhecimento, em que a saúde é frequentemente considerada apenas em termos de ausência de doença, negligenciando outros aspectos do bem-estar e da qualidade de vida dos idosos. Além disso, as iniquidades presentes nas instituições de longa permanência para idosos são reflexo de sistemas sociais mais amplos, como o patriarcado, o racismo estrutural e o colonialismo. Essas estruturas opressivas impactam negativamente a vida dos idosos e reforçam as desigualdades existentes na sociedade. Diante disso, é essencial buscar políticas públicas e práticas de cuidado que sejam interseccionais e decoloniais, promovendo a equidade e garantindo o respeito aos direitos e à dignidade dos idosos em todas as suas dimensões.