Comunicação Oral Curta

03/11/2023 - 08:30 - 10:00
COC14.2 - Síndrome Congênita do Zika e Covid-19: aprendizados e desafios

46636 - PATERNIDADE NO CONTEXTO DA EPIDEMIA DE SÍNDROME CONGÊNITA DO ZIKA VÍRUS NO AGRESTE DE PERNAMBUCO
RICARDO JOSÉ DE SOUZA CASTRI - UFPE, JORGE LUIZ CARDOSO LYRA-DA-FONSECA - UFPE


Apresentação/Introdução
A circulação do Zika Vírus no território brasileiro foi oficialmente confirmada pelo Ministério da Saúde em maio de 2015. A exposição ao Zika Vírus nos primeiros meses de gestação causava um conjunto de malformações no bebê. Essa condição passou a ser conhecido como Síndrome Congênita do Zika Vírus. Quando observamos o cotidiano das famílias com crianças vivendo com a síndroem congênita do Zika Vírus, era perceptível que essa experiência se deu de forma distinta quando a analisamos com foco nos homens u nas mulheres. A infecção pelo Zika Vírus produziu desfechos distintos caso você fosse uma mulher gestante ou não no momento da epidemia. Da mesma forma que era um experiência que ganhava ares específicos se vivenciada em regiões metroplitanas se comapradas com o interior do estado de Pernambuco.


Objetivos
Investigar a experiência de paternidade com homens, residentes no Agreste pernambucano, pais de crianças acometidas pela Síndrome Congênita do Zika vírus (SCZV).

Metodologia
Trata-se de um estudo de base qualitativa e orientado teórico e metodologicamente por uma concepção feminista de gênero em psicologia social. Durante os anos de 2018 e 2019 realizamos observações sistemáticas das crianças com SCZV em Centros de Referência de Reabilitação vinculados ao Sistema Único de Saúde e também em suas casas. A pesquisa foi desenvolvida com 27 famílias, residentes nas regiões do agreste central e setentrional do estado de Pernambuco, num trabalho de campo realizado em sete meses

Resultados e discussão
As experiências foram orientadas por marcadores de gênero, raça e classe social que tenderam a cristalizar as mulheres na figura de cuidadoras das crianças e os homens como provedores materiais, o que é relatado como motivo de angústia e frustração tanto nas mães como nos pais. A experiência de paternidade foi marcada principalmente pela necessidade de garantir a subsistência da família na medida que as mulheres tiveram que deixar os seus trabalhos para se dedicarem integralmente as crianças. Uma experiência que gera conflitos que se expressam entre a necessidade de trabalhar e garantir o sustento de sua família e o desejo de convivência, e cuidado com seus filhos. A experiência específica de ser pai e mãe de uma criança com deficiência grave ou as implicações na dinâmica do casal foram raramente abordadas pelos serviços de saúde, ou de assistência social.

Conclusões/Considerações finais
As ações desenvolvidas são principalmente voltadas para a criança que precisa de terapias e cuidados especiais, mas abrangem pouco os impactos da deficiência na dinâmica das famílias e dos cuidadores e cuidadoras. Abordagens feministas e de gênero são ferramentas uteis para problematizar os lugares de quem cuida e, porque esse lugar de cuidador é, em geral, reservado as mulheres. São abordagens que podem contribuir na organização de intervenções voltadas para as famílias em que o cuidado precisa acontecer de forma integral.