03/11/2023 - 08:30 - 10:00 COC14.2 - Síndrome Congênita do Zika e Covid-19: aprendizados e desafios |
47946 - SUICÍDIO DE PROFISSIONAL DE SAÚDE NO TRABALHO: PRIMEIROS CUIDADOS PSICOLÓGICOS E DE POSVENÇÃO MARGARETH ARILHA - NEPO/UNICAMP, ANA IRIA DE OLIVEIRA NEGRÃO - PREFEITURA DE DIADEMA, ANDRÉIA DE CONTO GARBIN - PUCSP, DENISE MIYAMOTO OLIVEIRA - PREFEITURA DE DIADEMA, MÔNICA MACHADO GUARNIERI, NANCY YASUDA - PREFEITURA DE DIADEMA
Contextualização Durante a pandemia da Covid 19, declarada em 30 de janeiro de 2020 pela Organização Mundial da Saúde, apresentou-se uma emergência de cuidado diante do suicídio de uma profissional da saúde no seu local de trabalho. A morte ocorreu em um serviço municipal de saúde pública desencadeando ações de primeiros cuidados psicológicos e de posvenção preventiva. As ações visaram evitar a propagação de sensações de pânico, desamparo, angústias e mimetismos, com tentativas e/ou suicídios adicionais e promover um processo de luto institucional em diálogo com a gestão de saúde local.
Descrição O planejamento das intervenções sustentou-se em outras experiências de prevenção e posvenção ao suicídio. As estratégias de posvenção contemplaram a complexidade dos grupos que foram afetados em diferentes relações, espaços institucionais e territórios e tiveram caráter imediato, de curto e médio prazo. No dia em que ocorreu o suicídio os primeiros socorros foram realizados pelos colegas de trabalho e pela equipe de urgência/emergência, individualmente ou em grupo, para apoio emergencial e seguimento no cuidado. Também foram ofertadas rodas de conversas diárias (manhã e tarde) a todas trabalhadoras por duas semanas, além de atendimentos individuais. Outras estratégias implantadas foram a constituição de um Comitê de Cuidado e a elaboração de um Plano de Posvenção.
Período de Realização De junho de 2020 a dezembro de 2020.
Objetivos A intervenção teve como foco acolher o sofrimento de trabalhadoras após suicídio de profissional de saúde no local de trabalho; minimizar o impacto da morte repentina e prevenir outras tentativas/atos suicidas.
Resultados Foi ofertada ajuda prática para aqueles que viveram situações de angústia no dia da ocorrência do suicídio e a continuidade dos apoios no decorrer do mês subsequente. Foram realizadas 17 rodas de conversa e 95 pessoas acolhidas; os atendimentos psicológicos individuais ocorreram nas Unidades Básicas de Saúde e na modalidade online com os serviços de parceiros para 40 trabalhadoras; ações acolhedoras e humanizadas incluindo rituais religiosos, assim como outras ações para cinco grupos setorizados com o objetivo de prevenir tentativas ou suicídios de profissionais de saúde e promover um processo de luto institucional em diálogo com a gestão de saúde local.
O Comitê de Cuidado, por sua vez, construiu uma metodologia de trabalho que possibilitou entender os efeitos da morte da enfermeira provocados no processo institucional, bem como compreender o sentido da morte-metáfora experimentada e promover a articulação com gestores para lidar com a situação. Tal processo favoreceu a continuidade do trabalho entre profissionais de saúde e gestores, promoveu a sustentação e facilitação da elaboração do processo de luto e possibilitou o apoio e transição do Comitê de Cuidado para a instituição.
O Centro de Referência em Saúde do Trabalhador - CEREST atuou na notificação da ocorrência da violência autoprovocada no local de trabalho e procedeu a investigação epidemiológica em saúde do trabalhador.
Aprendizados A experiência pode contribuir para a elaboração de Planos de Posvenção considerando as etapas de i) ação emergencial , logo após o ato suicida, de escuta das emoções de pessoas próximas ou interligadas institucionalmente à pessoa que cometeu o ato suicida; ii) formação de Grupo Gestor do Cuidado, com representantes de todos os setores da instituição para planejar intervenções ; iii) oferta de rodas de conversa para apoio emocional, realizada com técnicos e conforto religioso adicional ; iv) identificação de pessoas com risco de suicídio (devido história pregressa), grupos de risco ( setores mais próximos da pessoa que se suicidou) e realização de rodas de cuidado; v) oferta de atendimento especializado a todas as pessoas que demandaram ; vi) monitoramento de pessoas identificadas como de risco para suicídio ; vii) grupo de escuta psicanalítica do Grupo Gestor do Cuidado para acolher, refletir e fortalecer as ações institucionais a serem desenvolvidas.
Análise Crítica As ações visaram evitar a propagação de sensações de pânico, desamparo, angústias e mimetismos, com tentativas e/ou suicídios adicionais. A experiência pode contribuir em situações similares futuras e contribuir para elaboração de políticas públicas de saúde assim como em outros setores. Todo esse cenário indica a necessidade de manter ações permanentes de saúde dos trabalhadores/as, garantindo a escuta das demandas relacionadas aos processos de trabalho e ambiência, favorecendo a prevenção e promoção da saúde mental no trabalho.
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