47024 - DESAFIOS PARA A INTEGRALIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA À SAÚDE DA MULHER PERIFÉRICA CONFORME PRECONIZADO PELA PORTARIA Nº 1.459/11: RELATO DE EXPERIÊNCIA THAYSA MARIA VIEIRA JUSTINO - UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO (UNIVASF), KALLINY MIRELLA GONÇALVES BARBOSA - UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA (UEFS), RILLARY AMARAL CAMELO CALHEIROS - UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO (UNIVASF), EMILY FERNANDES PEREIRA - UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO (UNIVASF), CLARA EMANUELLY RODRIGUES MENEZES - UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO (UNIVASF), INGRID DOS SANTOS SILVA - UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO (UNIVASF), ANGELA DE OLIVEIRA CARNEIRO - UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO (UNIVASF), MICHELLE CHRISTINI ARAÚJO VIEIRA - UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO (UNIVASF)
Contextualização A Rede Cegonha, instituída por meio da Portaria nº 1.459/11, consiste em um conjunto de ações cujo objetivo é garantir e assegurar o atendimento humano, seguro e de qualidade a todas as mulheres. Dessa maneira o programa tem ênfase em uma assistência desde o planejamento familiar, pré-natal, parto, puerpério e dois primeiros anos de vida da criança, sendo toda assistência custeada pelo Sistema Único de Saúde (SUS), incluindo o sistema logístico (transporte sanitário e regulação).
Embora essa política pública tenha impactado positivamente na redução da mortalidade materno-infantil ao longo dos anos, observa-se que ainda existem inúmeros desafios a serem superados pelo Sistema de Saúde, uma vez que a qualidade da atenção ofertada ainda é deficitária visto a desorganização na oferta de serviços e a assistência fragmentada entre o pré-natal e o parto.
Descrição Este é um estudo qualitativo, do tipo relato de experiência. Os dados foram coletadas durante os atendimentos às mulheres com demandas de cunho sexual e reprodutivo. É importante frisar que a residência multiprofissional em saúde além de proporcionar o desenvolvimento de habilidades e competências, visando a inserção profissional no mercado de trabalho e atuação em equipe multiprofissional; esta também é um política pública de saúde que objetiva transformar a realidade loco-regional, em busca da qualificação da assistência ofertada nos serviços públicos de saúde. Visto isso, para intervir na realidade faz-se necessário fazer uma análise situacional do serviço e, considerando que a assistência pré-natal é um dos dos muitos gargalos da UBS, buscou-se avaliar as fragilidades dessa assistência com mais rigor a fim de desenvolver estratégias para melhoria desse serviço.
Período de Realização As experiências relatadas fizeram parte do cotidiano de uma enfermeira residente em saúde da família durante o primeiro ano de residência, entre os meses de março e junho de 2023.
Objetivos O presente estudo tem como objetivo descrever a experiência de uma enfermeira residente em saúde da família durante a assistência à saúde de mulheres em idade fértil adscritas em um Unidade Básica de Saúde (UBS) na periferia de Juazeiro-BA, especialmente durante o ciclo gravídico-puerperal.
Resultados Durante os meses de acompanhamento das ações de assistência à mulher nos contextos de saúde sexual e reprodutiva, pré-natal e puerpério, foi possível perceber uma série de fragilidades do componente planejamento reprodutivo e assistência ao pré-natal e puerpério, comprometendo a efetivação das diretrizes da Rede Cegonha. Assim, pontua-se problemas como falta de farmácia dentro da UBS, quantidade importante de mulheres iniciando o pré-natal após 13 semanas, longa fila de exames laboratoriais e ultrassonografia, escassez de transporte santuário para as pacientes em trabalho de parto ou outras condições que necessitem acessar outros níveis de atenção, dificuldade das equipes de Saúde da Família realizarem a visita domiciliar na primeira semana pós-parto, baixa procura das puérperas para consulta puerperal e poucas crianças em acompanhamento de puericultura.
Aprendizados Durante essa experiência é possível perceber a potência da UBS enquanto componente da Rede Cegonha, como ordenadora da Rede e coordenadora do cuidado, entretanto cabe frisar que os desafios ainda não são imensos para atingir algumas diretrizes desse programa. Dessa maneira, a residente compreende seu papel nesse cenário, podendo perpassar não só ações de assistência, mas também ações de planejamento, vigilância e EPS. Assim, com a interseção dessas duas políticas de saúde vislumbra-se não apenas o desenvolvimento de habilidades profissionais, mas a potencialização do SUS.
Análise Crítica Em áreas de extrema vulnerabilidade social, como na comunidade na qual a residente estava imersa, é comum que as famílias tenham um “descontrole” reprodutivo, evidenciado pelas múltiplas gestações não planejadas e sentimentos compartilhados pelas pacientes durante a primeira consulta pré-natal, e isto, na maioria das vezes, está atrelada à falta de meios para realizar o planejamento reprodutivo.
As dificuldades relacionadas a captação precoce das gestantes provavelmente são reflexo da fragilidade no vínculo entre a UBS e a comunidade, deficiência nas ações de educação de saúde sexual e reprodutiva, e dificuldade das usuárias acessarem o serviço em tempo oportuno, visto que o tempo para conseguir uma primeira consulta de pré-natal é de aproximadamente 4 semanas, de acordo com relatos das usuárias.
Além disso, cabe ressaltar a escassez de ações de Educação Permanente em Saúde com o objetivo de qualificar a assistência à saúde das pessoas que buscam o serviço. Observa-se também a falta de atenção por parte da gestão no acompanhamento dos serviços ofertados tendo em vista que as preocupações estão mais atreladas aos componentes indispensáveis para atingir as metas dos indicadores do Previne Brasil.
|