03/11/2023 - 08:30 - 10:00 COC16.5 - Corpos e cuidados: percepções e experiências |
47221 - COMPREENDENDO AS EXPERIÊNCIAS DE MULHERES SOBRE OS PROCESSOS DE MASTECTOMIA PARA TRATAMENTO E PREVENÇÃO DE CÂNCER MATHEUS AUGUSTO DA SILVA BELIDIO LOUZADA - FIOCRUZ, IVIA MAKSUD - FIOCRUZ, LUIZ TEIXEIRA - FIOCRUZ
Apresentação/Introdução A mastectomia, cirurgia de retirada da mama, pode ser indicada para várias situações e objetivos. Normalmente se apresenta como um procedimento para tratamento, mas em alguns casos é utilizada para prevenção do câncer de mama. Ao se tratar de um diagnóstico já fechado de câncer de mama, a mastectomia pode ser uma escolha terapêutica cirúrgica para retirada parcial ou total da mama visando tratar o câncer de mama e evitar recidivas. Em virtude dos altos índices de câncer de mama existentes atualmente a maior parte das mastectomias realizadas no Brasil e no mundo, objetiva o controle do câncer. Essa cirurgia se relaciona à diversas dimensões da experiência da mulher com câncer de mama, indo além de um método terapêutico para um possível marco e percussor de uma nova história pois possui uma enorme sobrecarga social para as mulheres que a realizam, tratando-se de uma cirurgia envolta em simbolismos permeados por estigmas e lutas como a padronização e erotização do corpo feminino. Ao falarmos sobre mastectomias, devemos lembrar que os seios têm um simbolismo social, evidenciados pela estigmatização, que colocam a mama como um órgão sexual, erótico e de prazer. A padronização do corpo ideal imposta pela sociedade determina inclusive formas, formatos e tamanho dos seios. Essa relação da mastectomia com o gênero e seus impactos levanta questões sobre os papeis sociais de traços e raízes históricas e culturais condicionados as mulheres e principalmente ao corpo feminino caracterizando-as a protagonizar a sexualidade, erotismo, maternidade, nutrição e o cuidado, papeis que podem sofrer impacto decorrentes das limitações físicas geradas. Compreendemos a mastectomia como um procedimento impactante em diversos cenários, sendo importante o diálogo acerca de suas experiências sob os olhares das Ciências Sociais e Humanas.
Objetivos O objetivo dessa pesquisa é compreender os processos de mastectomia a partir das experiências de mulheres submetidas ao procedimento, especificamente: 1) Compreender as experiências a partir das narrativas de mulheres que tenham sido submetidas à mastectomia como tratamento do câncer de mama; 2) Refletir acerca dos sentidos da retirada da mama segundo os marcadores sociais de gênero, raça / cor e classe emergentes das entrevistas narrativas.
Metodologia Trata-se de uma pesquisa com abordagem qualitativa, baseada no método de entrevistas narrativas de Schütze (1977) e Good (1994) tendo como participantes mulheres que foram submetidas ao procedimento da mastectomia visando tratar o câncer de mama. O contato com as participantes foi realizado através de redes de relações e de um chamamento público nas redes sociais. Foram entrevistadas sete mulheres de forma remota. Tais mulheres ainda não obtiveram alta médica do acompanhamento multiprofissional pós-operatório
Resultados e discussão As histórias narradas pelas mulheres entrevistadas sobre a experiência do câncer de mama e da mastectomia foram analisadas a partir de três categorias temáticas: A primeira ‘Câncer, sociedade e medo: A experiência do adoecimento e do diagnóstico’, apresenta o processo de diagnostico do câncer para as mulheres, assim como o processo de aceitação do adoecimento e adaptação durante o inicio terapêutico. A segunda categoria ‘O corpo social em debate do adoecimento: Autoestima e reencontros da mulher mastectomizada’, aborda a experiência vivenciada pelas participantes com seu corpo após a mastectomia, incluindo suas perspectivas das limitações e reabilitação corporal. E a terceira categoria ‘Laços, emoções e esperança: A mulher mastectomizada em suas relações e recomeços’ traz à cena os dramas familiares e afetivos vivenciados pelas mulheres submetidas a mastectomia, assim como as expectativas e esperanças para o término dos tratamentos.
Conclusões/Considerações finais O corpo da mulher submetida a mastectomia carrega marcas além do processo mutilador, sendo um corpo modelado pela experiência do adoecimento e de um tratamento doloroso para uma doença de inúmeros enquadres sociais que impactam a saúde mental feminina. Deste modo, entendemos que vivenciar a mastectomia pode gerar uma reorganização da vida da mulher em sua completude, podendo influenciar sua autoestima, relações, rendas e aceitações sociais.
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