03/11/2023 - 08:30 - 10:00 COC20.2 - Violências, racismo obstétrico e (in)justiças reprodutivas |
47150 - VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA: EXPERIÊNCIAS DE MULHERES NO NORDESTE DO BRASIL ANGELO BRITO RODRIGUES - UFPI, MARIA LUCIA MAGALHÃES BOSI - UFC
Apresentação/Introdução A violência obstétrica é um problema de saúde pública que, embora, seja vigente nas relações e dinâmicas que envolvem a gestação, parto e maternidade, possui demarcação conceitual frágil, carente de consensos no meio acadêmico, sobretudo, brasileiro. Diante esse cenário, este estudo pretendeu ir às conexões e mediações mais refinadas sobre o tema. Trazer à luz os aspectos ainda invisíveis, a anteface da violência obstétrica. A fundamentação teórica do estudo baseia-se na construção sócio-histórica e analítica da categoria corpo ao que soma a demarcação de conceitos, tipos e desdobramentos da violência obstétrica.
Objetivos Os objetivos deste estudo foi compreender o fenômeno da violência obstétrica a partir de experiências de gravidez e parto de mulheres de uma capital do Nordeste do Brasil, inserindo na análise espaços, dispositivos, sujeitos e movimentos que produzem violência obstétrica na atualidade.
Metodologia Trata-se de uma pesquisa qualitativa, alinhada à tradição Fenomenológico-Hermenêutica, desenvolvido em Teresina-PI com doze mulheres que passaram por processos de gestação, parto e nascimento. Para delimitação amostral consideramos o conceito de poder de informação. A produção das informações ocorreu através de entrevistas não-diretivas e em profundidade, gravadas, realizadas de maneira virtual e eletrônica pelo Google Meet®. O processo de organização, processamento e interpretação do material empírico foi realizado a partir do processamento e pré-interpretação do corpus do estudo; pré-análise; organização e categorização do material; construção das redes de significados e reinterpretação. A pesquisa respeitou os preceitos éticos dos estudos que envolvem seres humanos, obtendo aprovação no Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Federal do Piauí (UFPI) conforme parecer consubstanciado do CEP nº: 4.416.126.
Resultados e discussão Os resultados da pesquisa mostram que as experiências de gravidez, parto e nascimento de mulheres são atravessadas por elementos e características que constituem e sustentam a violência obstétrica num modelo de sociedade patriarcal, de medicalização do corpo da mulher e, do processo de nascimento, que se desdobram em processos materiais de violências e agressões desde a idealização e concepção da gravidez até o puerpério. A violência obstétrica ocorre no espaço instituído da maternidade, no ambiente acadêmico, no domicílio, no trabalho e nas redes sociais virtuais. A pesquisa evidenciou que ainda há uma relação de poder muito discrepante por parte dos profissionais de saúde sobre os corpos da mulher grávida. Todavia esse poder, que resulta em diferentes tipos de agressão também é promovido por pessoas próximas à grávida, como seus companheiros, familiares, amigos e por outras mulheres grávidas. A mercantilização do parto normal e humanizado também emerge como uma unidade de análise que dialoga com processo de ascensão dos debates acerca da violência obstétrica em nossa sociedade atualmente. E por fim, características ambíguas do SUS em relação às políticas, programas e ações assistenciais voltadas à mulher grávida, em trabalho de parto, parto e nascimento.
Conclusões/Considerações finais Reconhecer que estamos tratando de um fenômeno complexo, nos exige pensar e agir também na mesma racionalidade. Buscando intervir nas diferentes dimensões e elementos que constituem, caracterizam e sustentam a violência obstétrica em nossa sociedade.
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