Comunicação Oral Curta

03/11/2023 - 08:30 - 10:00
COC20.3 - Atenção à saúde reprodutiva e saúde fetal/neonatal

46877 - DIREITO À INFORMAÇÃO SOBRE BOAS PRÁTICAS OBSTÉTRICAS: O PAPEL DO PRÉ-NATAL NA PREPARAÇÃO PARA O PARTO
MAÍSA SILVA MELO DE OLIVEIRA - FIOCRUZ/IAM/PE, CAMILA PIMENTEL - FIOCRUZ/IAM/PE


Apresentação/Introdução
A gravidez gera repercussões nas diversas esferas da vida da gestante, permeada por questões relacionadas a idade, gênero, raça, classe social e outras interseccionalidades, sendo considerada um evento biopsicossocial. Desde as consultas do pré-natal até o pós-parto, porém, a figura do profissional de saúde se apresenta como detentora do conhecimento biomédico sobre o corpo gestante, em um modelo centrado na doença. Culturalmente, tal saber foi alijado das mulheres, das quais se espera apenas obsequiosa aceitação e submissão aos procedimentos médicos e aos protocolos hospitalares, os quais nem sempre guardam consonância com as melhores evidências científicas disponíveis. Em que pese serem as consultas do pré-natal o momento propício, as mulheres não são devidamente informadas sobre a fisiologia do parto e as boas práticas obstétricas, perdendo-se a oportunidade de promover ações preventivas e de educação em saúde, sendo consideradas precárias as orientações prestadas neste sentido. Assim, a parca informação repassada à mulher pelos profissionais de saúde, desde o pré-natal, termina por reforçar a noção de nascimento como evento biomédico, o que contribui para a não efetivação de direitos, culminando com situações definidas como de violência. O cenário revela, desse modo, uma hierarquização e separação de saberes. O conhecimento biomédico, detido pelo profissional de saúde, não dialoga com os aspectos sociais e culturais envolvidos na cena da perinatalidade, em um modelo definido como tecnocrático ou biomédico, privilegiado em detrimento do chamado modelo biopsicossocial ou humanístico Assim, o cuidado pré-natal tem se limitado à lógica biomédica, centrada na patologia e no risco, com pouco destaque para a promoção de informação para o parto. As boas práticas preconizadas pelos programas e recomendações de órgãos nacionais e internacionais se colocam como importante marco de reflexão e de mudança do sistema obstétrico tradicional, enunciando direitos de mais alto nível. Tais garantias, porém, permanecem desconhecidas do grande público usuário do sistema e ignoradas nos serviços de saúde, evidenciando a precariedade na promoção do direito à informação, o que termina por repercutir no exercício dos direitos e por invisibilizar as situações de violação.

Objetivos
Objetivo geral: analisar a promoção do direito à informação sobre boas práticas durante o cuidado pré-natal. Objetivos específicos: mapear a rede de atenção pré-natal no município de estudo; compreender barreiras e facilitadores para a promoção da informação sobre boas práticas obstétricas; analisar a percepção das mulheres quanto à promoção da informação durante o cuidado pré-natal.

Metodologia
Metodologia: pesquisa de abordagem qualitativa, de perspectiva exploratória e estratégia analítica. Coleta de dados por meio das estratégias de pesquisa documental, entrevistas semi-estruturadas e observação participante. Local do Estudo: Município de Olinda. Serviços de saúde pública (Atenção Básica e Atenção Especializada). Participantes da pesquisa: Mulheres cisgênero, adultas, residentes do Município, acompanhadas em pré-natal exclusivo SUS, no curso do último trimestre da gravidez. Critério de seleção: por conveniência. Tamanho da amostra: por saturação. Análise dos dados por análise de discurso.

Resultados e discussão
Cuidado pré-natal focado nos aspectos biomédicos, com iniciativas isoladas de integração das gestantes.

Conclusões/Considerações finais
A análise do cuidado pré-natal tomando por parâmetro a promoção do direito à informação, sob a perspectiva das mulheres que engravidam e demais pessoas gestantes, levou ao aprofundamento do conhecimento sobre lacunas no atendimento pré-natal que repercutem na preparação para o parto, servindo de relevante instrumento para a transformação dessa realidade, como forma de promover a reflexão e a mudança de práticas para o incremento da função informativa do pré-natal e uma experiência de cuidado mais proveitosa para as mulheres que engravidam e demais pessoas gestantes.