03/11/2023 - 08:30 - 10:00 COC20.3 - Atenção à saúde reprodutiva e saúde fetal/neonatal |
47246 - PREVALÊNCIA DE TRANSTORNOS MENTAIS NO CICLO GRAVÍDICO PUERPERAL UTILIZANDO INDICADORES DA PNS 2019. BRUNA ANDRADE PINHEIRO DE LIMA - INSTITUTO RENÉ RACHOU- FIOCRUZ MINAS, TAYNÃNA CÉSAR SIMÕES - INSTITUTO RENÉ RACHOU- FIOCRUZ MINAS
Apresentação/Introdução O ciclo gravídico puerperal é considerado como um dos três períodos potenciais de crise na vida das pessoas com útero, sendo os outros dois a menarca e o climatério. Entende-se este então como um período de transição que acarreta a mudança de papéis sociais, transformações econômicas, psíquicas e físicas que necessitam de um olhar especializado e acolhimento integral a essas pessoas para um cuidado eficaz e resolutivo. As experiências estressantes ou violentas das parturientes durante o nascimento de seus filhos impactam no desenvolvimento de desordens psicológicas no pós parto. Sendo as mais comuns a depressão, ansiedade, estresse, pânico e transtorno pós traumático.
A presente pesquisa visa analisar a prevalência de adoecimento mental no ciclo gravídico puerperal no período de um ano antes do parto até dois anos de puerpério considerando viés socioeconômico, raça, escolaridade . A pesquisa se justifica na prerrogativa de que o cuidado humanizado evita complicações para a saúde física e mental materna e infantil, além de proporcionar um cuidado ampliado, resolutivo e eficaz, que é já advertido como papel e princípio do trabalho realizado pelo SUS a partir do humanizaSUS e preconizado pelas organizações de saúde nacionais e internacionais. Portanto entender as prevalências de transtorno mental nas mulheres e os fatores associados ao adoecimento é importante para que se possam criar estratégias de cuidado para a prevenção de desfechos negativos para a saúde mental materna.
Objetivos Analisar a prevalência de transtorno em mulheres de uma ano antes do parto até dois anos após o parto e fatores associados tais como indicadores demográficos, socioeconômicos, e de acesso à saúde e cuidado pré-natal.
Metodologia Foi utilizada uma amostra da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) DE 2019, COM 36.372 mulheres acima de 18 anos que tiveram pelo menos 1 parto no período de um ano antes até dois anos após o último parto. Como métodos analíticos para estimar a prevalência de transtornos mentais no ciclo gravídico puerperal e fatores associados, foram utilizados o teste qui-quadrado com correção de Rao-Scott. A razão de prevalência bruta e intervalo de 95% de confiança foram estimados através de modelos de Poission com variância robusta univariados. Todas as analises consideraram os pesos amostrais e correção para efeito de desenho, utilizando o pacote survey do software estatístico R.
Resultados e discussão A prevalência do diagnóstico de algum transtorno mental foi de 2,18 (IC95%: 1,90-2,00). Houve diferença segundo raça, sendo a razão de prevalência de 0,023 de brancas comparado à não brancas. A prevalência em mulheres muda de acordo com a quantidade de partos, sendo até dois de 2,20, tres ou quatro de 2,70 e mais de quatro de 1,10. (RP=0,035, IC95%). Considerando a escolaridade vemos a prevalência de 2,43 em pessoas com ensino médio completo e 1,91 em pessoas com o ensino fundamental (RP= 0,090, IC95%). De acordo com a região vemos que as regiões Sul e Sudeste tiveram as maiores prevalências (2,77 e 2,73 respectivamente).
Conclusões/Considerações finais Através de um primeiro levantamento feito nesse estudo seccional foi possível observar uma baixa prevalência de transtornos mentais nas mulheres da amostra e que algumas associações foram em direção contrária do esperado. Os indicadores de raça, escolaridade, socioeconômicos apresentam baixa prevalência e menor valor em pessoas não brancas, de baixa escolaridade e em outras regiões do Brasil. Essas respostas levam a uma necessidade da continuação da pesquisa utilizando outros bancos de dados, outros desenhos de estudos para que seja possível analisar esses viéses eliminando possíveis fatores de confundimento que não foram considerados tendo sido utilizados os modelos univariados e o estudo transversal. Conclui-se que através da base de dados utilizadas não temos um amplo acesso à variáveis que consigam determinar os objetivos específicos desta pesquisa, sendo necessárias novas investigações para determinar os principais fatores que levam as mulheres a adoecerem mentalmente no ciclo gravídico puerperal, quais as doenças que mais acometem as mulheres nesse período e se realmente as variáveis consideradas não são significativas para o desfecho em questão.
|