03/11/2023 - 08:30 - 10:00 COC23.2 - Migrações e processos de saúde, doença e cuidado II |
46448 - ¿SE VACUNAN LOS INMIGRANTES? COMUNICAÇÃO DE RISCO, SAÚDE, MIGRAÇÃO E IMUNIZAÇÃO NA AMAZÔNIA FABIANE VINENTE DOS SANTOS - LAHPSA/ILMD/FIOCRUZ AMAZÔNIA, JEAN RICARDO RAMOS MAIA - LAHPSA/ILMD/FIOCRUZ AMAZÔNIA, JAVIER RAFAEL ROJAS - SPMM - SERVIÇO PASTORAL DOS MIGRANTES MANAUS
Contextualização A onda migratória venezuelana já é a maior do século XXI na América: Dados da Plataforma de Cooperação R4V de maio de 2023 dão conta de que atualmente estão no Brasil 459.143 imigrantes venezuelanos. A presença dos imigrantes demanda respostas dos países de acolhimento, não só no que diz respeito à segurança das fronteiras, mas principalmente por seu aspecto humano, dadas as necessidades específicas desta população, que cruza não apenas fronteiras, mas também diferentes sistemas de saúde. Apesar da ação de prefeituras e governos estaduais na atenção emergencial à saúde dos imigrantes, dados os números ainda insatisfatórios da cobertura vacinal e da proliferação de esquemas de vacinação incompletos na região Norte, é necessário encarar que o déficit vacinal também atinge aos imigrantes. Esta comunicação refere-se ao relato de experiência do Projeto “Mais vacina, mais saúde” (MVMS) que utilizou a abordagem da comunicação de risco e engajamento comunitário (RCCE ou CREC) na construção e ferramentas e na disponibilização de informações sobre vacinação contra o Covid-19 e outros agravos voltadas aos imigrantes venezuelanos em Manaus (Amazonas).
Descrição Partindo do princípio que a percepção do risco entre as populações afetadas por determinado agravo difere frequentemente da percepção dos especialistas e das autoridades, a CREC pode ajudar a combater distorções no campo informacional, municiando as comunidades para uma participação social qualificada em seu próprio processo de enfrentamento aos problemas de saúde apostando no olhar para suas especificidades e na modulação estas para processos mais eficazes de comunicação e educação em saúde. A CREC se constitui na informação rigorosa fornecida no devido tempo, com frequência e nas línguas e canais que as pessoas possam confiar e usar, permitindo-lhes fazerem suas escolhas e tomar medidas para se protegerem a si mesmas, às suas famílias e comunidades, contra os perigos e ameaças à sua saúde. A metodologia utilizada no MVMS foram as oficinas comunitárias, com a construção e ferramentas de comunicação para esclarecer dúvidas, dirimir temos e promover a imunização de crianças, jovens e adultos.
Período de Realização Projeto desenvolvido entre janeiro de 2023 e junho de 2023.
Objetivos - Estruturar uma rede de atores sociais locais envolvendo imigrantes e organizações de apoio para a discussão e o monitoramento de ações de comunicação relacionadas à imunização e voltadas a imigrantes.
- Construir de um acervo de informações culturalmente adequadas para abordagem da questão da imunização entre migrantes em Manaus em materiais didáticos e audiovisuais.
- Formar massa crítica entre as associações e coletivos de migrantes para a questão da necessidade de imunização da população imigrante em Manaus.
Resultados Como resultados tivemos três oficinas comunitárias realizadas, duas em uma comunidade de não-indígenas e uma entre indígenas da etnia Warao. Foram produzidos folhetos, vídeos curtos para redes sociais, além de uma compreensão mais fina sobre os fatores que levam os imigrantes a se vacinarem ou a recusarem os imunizantes.
Aprendizados As campanhas de vacinação promovidas pelo poder público nem sempre atingem aos migrantes, por conta das barreiras linguísticas e referenciais culturais diversos. É preciso investir mais em promoção da saúde entre eles, o que abrange também informações sobre o funcionamento do sistema de saúde brasileiro.
Análise Crítica A imigração gera uma série de determinantes de saúde específicos que devem ser alvo das políticas públicas, uma vez que o fenômeno produz processos de saúde/doença específicos relacionados à condição de imigrante. Os resultados do projeto apontam para uma maior vulnerabilidade dos migrantes em termos de cobertura vacinal: além dos esquemas serem diferentes entre os países, nem sempre as doses tomadas por eles em seu país de origem são consideradas como imunização no Brasil, sendo frequentes os relatos de que foram levados a se vacinar novamente com outros imunizantes. Dificuldades de acesso às unidades de saúde (por questões financeiras, geográficas, xenofobia ou de horários incompatíveis), além da disseminação de notícias falsas dentro dos sistemas de comunicação que os venezuelanos criaram no Brasil (como grupos de Whatsapp), tendem a isolar os imigrantes dentro do país de acolhimento em termos de informação de saúde ("encapsulamento")". É preciso fazer as informações circularem entre este contingente da população brasileira, levando em conta diferenças linguísticas e culturais.
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