Comunicação Oral Curta

03/11/2023 - 08:30 - 10:00
COC23.2 - Migrações e processos de saúde, doença e cuidado II

47377 - ACESSO À SAÚDE DE MIGRANTES INTERNACIONAIS: PERCEPÇÃO DE PROFISSIONAIS DE SAÚDE EM CUIABÁ, MT.
MICHELE DE ALMEIDA HORA - UFMT, CASSIA MARIA CARRACO PALOS - UFMT, MARIA ÂNGELA CONCEIÇÃO MARTINS - UFMT, SILVIA ANGELA GUGELMIN - UFMT, MONALISA ROCHA DE CAMPOS CHAVES - UFMT


Apresentação/Introdução
Período de Realização: Maio/Junho de 2023. Contextualização: Analisar as percepções de profissionais de saúde no que se refere ao acesso à saúde migrantes internacionais, no município de Cuiabá- MT. Esse acesso refere-se a procura, do acolhimento e o atendimento que estes migrantes recebem nas unidades por onde passam, e as principais dificuldades percebidas por esses profissionais.



Objetivos
Analisar o acesso à saúde dos migrantes internacionais e os sentidos atribuídos pelos profissionais da saúde, analisando as barreiras e as facilidades encontradas nos atendimentos dos migrantes.

Metodologia
Trata-se de uma pesquisa qualitativa cuja produção de dados está sendo realizada por meio de entrevistas semiestruturadas e observação sistemática. Foram considerados participantes do estudo 04 profissionais de saúde lotados em uma Policlínica (2) e Unidades Básicas de Saúde (2). Os dados foram analisados por meio da técnica de análise temática indutiva proposta por CLARKE e BRAUN (2013) sistematizadas em temas. Esta pesquisa consiste em um recorte de uma pesquisa nacional intitulada Acesso à Saúde e Vulnerabilidades de Migrantes Internacionais no contexto de disseminação da COVID-19: uma pesquisa interinstitucional em rede colaborativa coordenada pela Unifesp (Universidade Federal do estado de São Paulo) com apoio da FAPESP (processo: 2021/06792-2), do CNPQ (processo 403913/2021-7), sendo que um dos objetivos é conhecer e analisar as percepções de profissionais de saúde de como os migrantes atravessaram o período pandêmico do SARs COV em Cuiabá, MT. Cabe desque os dados da pesquisa vêm sendo balizados pelos referenciais teóricos do Campo da Saúde Coletiva, campo este que permite estudar, ampliar e compreender os determinantes sociais e a saúde, em todo o processo de promoção e prevenção, não somente de um indivíduo, mais também do coletivo (Paim 2014).


Resultados e discussão
Foi evidenciado enfaticamente que os migrantes são bem receptivos aos serviços ofertados nas unidades de saúde embora, a maioria dos profissionais de saúde, relatem dificuldades durante o atendimento por vários motivos, sendo a questão da linguagem e as singularidades culturais os mais citados. Foi bastante evidenciado também a falta de uma divulgação dos fluxos das redes para o migrante internacional, o que interfere no momento de buscar atendimento. Na maioria das vezes problemas de rotinas que poderiam ser resolvidos na Unidades Básicas de Saúde, são direcionados para as Unidades de Pronto Atendimento-UPA, e Policlínicas. Outro agravante bastante citado é a falta de preparo dos profissionais de saúde que relatam não terem nenhum tipo de orientação, capacitação ou formação continuada para esse atendimento.


Conclusões/Considerações finais
Para atender às necessidades de saúde dos migrantes, torna-se fundamental o desdobramento da competência cultural dos profissionais de saúde. Tal competência colabora para elevar o conceito de cultura como nacionalidade, língua e etnicidade, passando a ser entendida como um processo dinâmico atrelado a aspetos biopsicossociais, econômicos e políticos (KLEINMAN e BENSON, 2006).
Estudos realizados com profissionais da saúde, destacam que a crise migratória apenas potencializou problemas que já existiam nos serviços de saúde, como o déficit estrutural e logístico. A precariedade das condições de saúde dos imigrantes e o aumento da violência também foram citados como agravantes da sobrecarga de trabalho (SILVA e BARBOSA 2020; BARBOSA e SALES, 2020).
LAVRAS (2011) pontua que para o bom funcionamento de qualquer sistema de saúde é imprescindível que as ações e as atividades da APS sejam resolutivas, vislumbrando assegurar a redução das iniquidades e garantir um cuidado integral em saúde com qualidade.Estudos realizados com profissionais da saúde, destacam que a crise migratória apenas potencializou problemas que já existiam nos serviços de saúde, como o déficit estrutural e logístico. A precariedade das condições de saúde dos imigrantes e o aumento da violência também foram citados como agravantes da sobrecarga de trabalho (SILVA e BARBOSA 2020; BARBOSA e SALES, 2020).Apesar do acesso à saúde ser um direito de todos e um dever do Estado, garantido pela Constituição Brasileira, é imprescindível discutir se a população de imigrantes que chega diariamente ao Estado de Mato Grosso, em especial à capital Cuiabá, consegue alcançar o direito universal e igualitária a saúde, assim, como questões direcionadas aos profissionais de saúde que atendem esta população.Para OIM (2019) o acesso à saúde é uma preocupação, que compete a todos os entes federativos Brasileiros. Para que haja de fato acesso a saúde das pessoas imigrantes, os estados e municípios devem contribuir, amparando e promovendo a inclusão desta população.