Comunicação Oral Curta

03/11/2023 - 08:30 - 10:00
COC23.2 - Migrações e processos de saúde, doença e cuidado II

47467 - A ATUAÇÃO DO CONSULTÓRIO NA RUA NA ASSISTÊNCIA À SAÚDE DA POPULAÇÃO INDÍGENA WARAO
LAÍS NOBRE SILVA - ANHANGUERA, MARIA KAROLINE FERREIRA DOS SANTOS DUARTE - ANHANGUERA, MARCELLY ALPIANO ROCHA - UFPE


Contextualização
O relato trata do recorte da experiência desenvolvida por uma estudante do 7º período do curso de psicologia da Faculdade Anhanguera, a partir de sua inserção em uma equipe do Consultório na Rua (CnR) e contato com uma comunidade indígena denominada Warao.

Descrição
O Brasil, possui registros dos Warao desde 2014, porém a intensificação do processo migratório data de 2016, com maior fluxo em Roraima, expandindo, posteriormente, para outros estados da região Norte. Em 2019, a mobilidade para a região Nordeste, influenciada por diferentes fatores, como a busca por condições dignas de vida com a garantia dos direitos básicos à alimentação, saúde e moradia (ONU, 2021).

Período de Realização
entre os meses de abril e junho de 2023

Objetivos
Descrever e refletir sobre a experiência de um estágio supervisionado junto a uma equipe do Consultório na Rua, no processo de cuidado em saúde da população indígena Warao, em Maceió-AL.

Resultados
A experiência compartilhada evidencia a complexidade da assistência prestada aos Warao, na busca da garantia de direitos fundamentais. Em uma análise preliminar, a ausência de uma política local para migrantes reflete diretamente na oferta do cuidado integral em saúde, que considere as especificidades dessa população, caracterizada por uma diversidade interna referente a língua, modos de organização e de vida (ONU, 2021). A equipe se deparou, em muitos momentos, com dificuldades na comunicação junto aos Warao, tanto na compreensão das línguas faladas por eles, quanto no processo de se fazer compreender, problemática que repercutia no processo de cuidado ofertado, tornando a construção de vínculo desafiadora.

Aprendizados
O processo de trabalho de modo individualizado produz práticas fragmentadas, centradas no modelo curativo, com divisão de competências, demarcando fronteiras entre as diferentes profissões e suas formas de produzir conhecimento e dificultando o diálogo entre elas. Concomitantemente, percebe-se um conflito intercultural entre diferentes saberes (ONU, 2021), com uma concepção de saúde-cuidado baseada em um modelo ocidental biomédico de qualidade de vida, em conflito com a dimensão de saúde e cuidado dos povos Warao. Para esses, os xamãs são os médicos, que seguem um protocolo próprio do sistema médico indígena (ONU, 2021).

Análise Crítica
A partir dessa vivência e diante da fragilidade das Políticas Públicas existentes para pensar o contexto migratório e assistir esse público, considera-se a Educação Permanente junto à equipe como ferramenta potente, cruzando as fronteiras criadas nos encontros com os diferentes (SPINK, 2003) para promover saúde. Entende-se que no fazer micropolítico é fundamental que as equipes de saúde negociem sentidos com os povos indígenas, no que diz respeito à construção de seu processo de cuidado, e que haja um reconhecimento do saber Warao, reinventando e provocando uma alargamento das práticas. Reconhecer as subjetividades desses povos, compreendendo que são extensão de seu território e que fazem parte de um processo histórico de transformação (CFP, 2022).