03/11/2023 - 08:30 - 10:00 COC24.2 - Nada sobre mim, sem mim: Decolonialidade e cuidado integral à saúde |
46330 - DESCOLONIZANDO SABERES: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA SOBRE A SAÚDE MENTAL DE ALUNOS NEGROS DE UMA ESCOLA DA REDE PÚBLICA DE SÃO LUÍS, MARANHÃO. JOICE REGINA LEITE PINTO - UFMA, LOYANE ELLEN SILVA GOMES - UFC
Contextualização Tem-se como cenário para a realização das rodas de conversa, a rede pública de ensino. A instituição está localizada em um bairro da periferia da região urbana de São Luís -MA. A unidade escolar abordada neste relato de experiência não possui até o presente momento de elaboração deste escrito ou mesmo já possuiu profissionais de Psicologia e/ou Serviço Social, ainda que haja queixas escolares que demandem este tipo de suporte especializado. Para tanto, a proposta de roda de conversa, ainda que se trate de um contato pontual, não deixa de ser um iniciativa que auxilie na democratização ao acesso, pelo menos, dos serviços do profissional de Psicologia.
Descrição As reflexões abordadas aqui fundamentam-se nas rodas de conversa realizadas em turmas do primeiro ano do ensino médio, no horário de realização da disciplina Projeto de Vida e também da construção teórica e prática da disciplina Filosofia e Cultura Africana. O itinerário de projeto de vida tem por objetivo desenvolver competências socioemocionais a fim de fornecer elementos reflexivos que proporcione ao corpo discente a construção da sua própria caminhada enquanto sujeitos únicos e detentores de sua própria história, já a disciplina de Filosofia e Cultura Africana foi planejada com o objetivo de elevar a autoestima dos alunos,especialmente negros promovendo ações que valorizem a beleza negra respeitando suas diferenças, e também como a possibilidade de ser um espaço de ensino aprendizagem que desenvolva a corresponsabilidade pela vida social como compromisso individual e coletiva; e que proporcione momentos de reflexões sobre a riqueza das diferentes culturas a fim de buscar a superação do racismo e o preconceito na comunidade escolar a partir da compreensão das relações entre as culturas de matrizes africanas e seu impacto na construção da cultura afro-brasileira. reconhecendo o papel das ciências humanas e sociais para uma leitura crítica reflexiva da sociedade atual e a origem de suas desigualdades.
Período de Realização O projeto ainda está em andamento, todavia já há muito para a compartilhar sobre os momentos iniciais do mesmo, ocorridos precisamente no mês de junho do ano de 2023.
Objetivos Busca-se por meio deste relato de experiência compartilhar as percepções observadas frente ao primeiro contato dos alunos, em sua maioria negros, com uma profissional da psicologia. Bem como, sobretudo, relatar sobre o valor social deste contato ocorrer com uma profissional que compartilha da mesma etnicidade e heteroidentificação racial que os alunos da instituição em pauta.
Resultados A correlação entre o conteúdo abordado em sala e o diálogo estabelecido durante a roda de conversa foi perceptível o quanto a inserção e ascensão social de um sujeito negro nunca é uma conquista individual, mas, sobretudo, coletiva. Embora não fosse o objetivo, obteve-se como resultado momentos de orientação profissional atrelados ao movimento de possibilidade de espelhamento, que, por sua vez, auxiliou no processo em que alunos passassem a cogitar a possibilidade de se lançar para algumas oportunidades no mundo da vida.
Aprendizados Todo racismo é racismo! Sobretudo aquele que se apresenta de forma mais velada, pois retira da pessoa negra a possibilidade de coibi-lo e enfrentá-lo. Nota-se ainda que o fato de alunos atravessados por diversos marcadores sociais, dentre eles, raça e classe, não se sentirem capazes de sequer almejar conquistas, como por exemplo a conquista de um ensino superior, já aponta o quanto o espaço escolar pode estar sendo hipossuficiente.
Análise Crítica É previsto, pela Lei nº 13.935/2019, que escolas oriundas de redes públicas de Educação Básica devem conter como participante psicopedagógico os profissionais de Psicologia e também do Serviço Social, em razão de já ser reforçado por políticas de educação que o âmbito escolar requer que necessidades prioritárias sejam acolhidas especialmente por estes profissionais. No entanto, esta não é a realidade de todas as escolas, principalmente quando tem-se como recorte a rede pública. Diante desta ausência emerge a necessidade já prevista: demandas a nível de Saúde Mental surgem, ao passo que demandas da própria adolescência também se apresentam em cenário social conflitante. Nesse sentido, percebeu-se que as demandas não são devidamente acolhidas ou encaminhadas pelo corpo psicopedagógico e as explicações disso provêm de muitos desdobramentos.
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