03/11/2023 - 08:30 - 10:00 COC24.3 - "Nada sobre mim, sem mim": racismos, territórios e saúde integral |
46512 - SAÚDE DA MULHER NEGRA: VIDA, EXISTÊNCIAS E RESISTÊNCIAS.O ATRAVESSAMENTO DO RACISMO INSTITUCIONAL NA SAÚDE DÉBORA CRISTINA SAMPAIO DO VALLE - UEM, MARIVÂNIA CONCEIÇÃO ARAUJO - UEM
Apresentação/Introdução Este texto se constrói a partir da pesquisa intitulada “Saúde da mulher negra: Vida, existências e resistências. O atravessamento do racismo institucional na saúde”, apresentada ao Programa de Pós-Graduação, Strictu Sensu – Mestrado em Ciências Sociais da Universidade Estadual de Maringá – UEM. O debate presente neste texto é resultado do processo de elaboração da pesquisa e buscou discutir a situação da mulher negra nos aspectos: saúde, seu acesso à saúde e suas vulnerabilidades e violações vivenciadas, a partir das narrativas e escrevivências de mulheres negras em movimento. O impulsionamento deste trabalho nasceu de um momento em que a identidade de mulher negra ecoou-me com mais potência. A motivação em retornar à pesquisa e ocupar o espaço da academia tornou-se latente e necessária, dentre as inquietações havia o desassossego no qual ebuliu a propositura em discutir esse espaço de mulher negra. Essa potência, ser mulher negra, tratá-la como protagonista num recorte discursal, em que a sua fala, a sua luta e a sua denúncia pudessem ser publicizados. No decorrer da apresentação desta pesquisa fez-se necessário a defesa do debate étnico-racial, na perspectiva do olhar das mulheres negras a respeito da afluência e direito à saúde no Brasil e a denúncia do racismo, como barreira de acesso em diversas vias. Não distante disso, as reflexões tomaram-se por completo. Como mulher negra, minha vivência e minhas experiências foram também reconectadas. Fui aluna cotista racial na graduação, no curso de Serviço Social, na Universidade Estadual de Londrina – UEL. Na universidade aproximei-me da área da pesquisa, como aluna pesquisadora e Bolsista do Programa UEL Afroatitude, programa este financiado pelo Ministério da Saúde, iniciando em minha vida, o fomento de militância, em relação ao Sistema Único de Saúde – SUS.
Objetivos O problema de pesquisa pautou: A partir das escrevivências e narrativas das mulheres negras em movimento elas inferiam a existência de violações e barreiras de acesso ocasionadas pelo racismo institucional. Contudo, a pesquisa se consolidou por meio da fundamentação de narrativas decoloniais e se coloca como um dos instrumentos no enfrentamento do apagamento das subjetividades e identidades negras.
Metodologia Com base no levantamento dos coletivos, grupos, institutos o movimento negro, se elaborou a aproximação com as mulheres que compõem esses coletivos. Eleitas protagonistas, foram nomeadas nessa escrevivência como mulheres em movimento. Da utilização do formulário Google forms, foram recebidas 51 respostas durante o período de 12 (doze) de fevereiro à 12 (doze) de março de 2023. De forma voluntária, as participantes foram convidadas a emitir a resposta dentro de um intervalo de 10 (dez) dias e, novamente, elas responderam. Das 51 (cinquenta e uma) mulheres que responderam inicialmente, 12 (doze) retornaram prontamente o contato. Configurando um novo cenário em nosso universo de pesquisa, essas 12 (doze) mulheres foram convidadas para um encontro virtual individual.
Resultados e discussão orientadora do trabalho, optamos por identificar as informantes com nomes de países africanos, com vistas ao respeito e à validação de suas vozes, narrativas e escrevivências, facultamos que elas indicassem o nome escolhido. Vertemos a sinalização de países africanos também como um compromisso em decolonizar saberes, ressoar vozes e enaltecer nossa ancestralidade. Dessa etapa, apenas 6 (seis) mulheres retornaram o contato, todavia, o agendamento e a efetividade do encontro ocorreu com 5 (cinco) das 6 mulheres. Os encontros virtuais individuais aconteceram no intervalo dos meses de abril e maio de 2023. Em meio aos SUSsurros, SUSspiros e relatos das vivências, houve um acolhimento imediato. Dada a potência dos encontros, a imersão com a temática da pesquisa ultrapassou o viés científico e promulgou vias de afeto, trocas e aquilombamento. As mulheres que participaram desse momento individual teceram suas histórias de vida e trajetória, compartilharam suas vivências e escrevivências.
Conclusões/Considerações finais Decerto seja complexo acreditar que podemos superar o racismo, todavia, para esperar qualquer que seja a transformação, é necessário que tenhamos a ação. E aqui, essas mulheres, as protagonistas da pesquisa se colocaram em ação, se colocaram em movimento. Segundo Angela Davis “Quando uma mulher negra se movimenta, toda a estrutura da sociedade se movimenta com ela, porque tudo é desestabilizado a partir da base da pirâmide social onde se encontram as mulheres negras, muda-se a base do capitalismo”, passagem citada por uma das protagonistas, é de fato um balizador na importância das mulheres negras nesse processo, sendo elas, a maior parcela da população brasileira. Para tanto, essas mulheres, SUSssuram, SUSpiram, se movimentam, tensionam e gritam por melhores condições no atendimento em saúde no SUS.
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