03/11/2023 - 08:30 - 10:00 COC24.3 - "Nada sobre mim, sem mim": racismos, territórios e saúde integral |
47850 - VULNERABILIDADE SOCIAL E LETALIDADE POR COVID-19 EM UMA CAPITAL BRASILEIRA JULIANA DE SOUZA SILVA - UFRJ, NATALIA SANTANA PAIVA - UFRJ
Apresentação/Introdução A pandemia da COVID-19 trouxe impacto nas vidas dos indivíduos em nível global pelo seu alcance e velocidade com a qual se disseminou provocando uma desordem econômico-social mostrando os processos de determinação social em saúde. se apresenta, até o momento, como o maior desafio sanitário deste século.
A situação de vulnerabilidade social afeta o acesso à saúde, o estilo de vida, a exposição a riscos modificando o enfrentamento de situações resultando em processo de maior desgaste físico, estresse e consequente adoecimento.
O município do Rio de Janeiro (MRJ) apresenta desafios por ser marcado por uma dinâmica de grande desigualdade social, econômica e demográfica, além de ter uma das maiores concentrações de aglomerados subnormais do país.
Isso pode explicar, em parte, por que certos grupos populacionais têm um risco maior de contrair e morrer da COVID-19.
Objetivos Este estudo teve como objetivo descrever a letalidade de SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave) por COVID-19 segundo os fatores sociodemográficos e clínico-epidemiológicos associados ao óbito no município do Rio de Janeiro (MRJ) – RJ, no período pós vacinação imediata entre junho de 2021 a maio de 2022.
Metodologia Trata-se de um estudo transversal com uso de dados secundários, não nominais, das notificações de SRAG por COVID-19 no sistema SIVEP-GRIPE de residentes na cidade do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. Os dados são de domínio público, não sendo necessária a aprovação por um Comitê de Ética em Pesquisa (CEP).
Resultados e discussão A letalidade de SRAG por COVID-19, no MRJ, no período de estudo, foi 32,8%, sem insignes variações dos anos de 2021 (32,9% n=1245) e 2022 (31,7%). A taxa de letalidade de SRAG por COVID-19 é expressiva em decorrência do aumento da faixa etária 60 a 69 anos (37,5%), 70 a 79 anos (46,7%) e 80 ou mais (55,4%), apresentando-se com um gradiente biológico. A letalidade entre os casos da raça/cor pele branca foi 49,4%, na raça/cor da pele negra de 36,6% e não preenchido ou ignorado 37,0% sendo impactante para a análise. O número de fatores de risco 1, 2, 3+ apresentaram letalidades de 28,3%, 40,5% e 56,1% respectivamente. Pacientes que necessitaram de internação em UTI apresentaram letalidade de 35,9% e os que necessitaram de suporte ventilatório invasivo de 70%. Pode-se observar que regiões administrativas (RA) como Guaratiba, Barra da Tijuca, Jacarepaguá, Botafogo, Vila Isabel e Ilha do Governador apresentaram os menores valores de letalidade valores entre 23 – 29,5%, já as RAs da Zona Oeste como Santa Cruz, Realengo, Cidade de Deus entre 35 – 44,6%, as maiores letalidades foram observadas na Rocinha e Maré chegando a 57,1%, , sendo esses territórios os que apresentaram um dos menores IPS (índice de Progressão Social) e IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), corroborando com a literatura, que demonstra que a distribuição da morbidade e mortalidade entre os diferentes segmentos sociais reflete as desigualdades estruturais e os determinantes sociais da saúde.
Conclusões/Considerações finais Este estudo mostrou a relação sindêmica entre as condições sociais e em saúde de populações residentes em territórios historicamente caracterizados por processos de segregação social e corporeidade. Compreender a dinâmica socioespacial de epidemias como a COVID-19 em territórios é fundamental para subsidiar o planejamento de ações de controle e prevenção, consonantes com o perfil sindêmico das populações e suas necessidades em saúde.
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