Comunicação Oral Curta

03/11/2023 - 08:30 - 10:00
COC28.2 - Processos de (des)fascistização das políticas de saúde II

46909 - MISOGINIA, MASCULINISMO E RESISTÊNCIA NAS REDES SOCIAIS: OS ATAQUES À LOLA ARONOVICH
BRUNA CAMILO DE SOUZA LIMA E SILVA - PUC MINAS, ALESSANDRA SAMPAIO CHACHAM - PUC MINAS


Apresentação/Introdução
A presente pesquisa tem como objetivo analisar os discursos misóginos encontrados nos dados obtidos por meio de entrevistas e materiais fornecidos pela professora Lola Aronovich, da Universidade do Ceará, que foi vítima de ataques masculinistas. Por meio da fala de Lola, que é a principal referência deste estudo, busca-se examinar a relação entre os membros desses grupos e a misoginia da extrema direita no contexto brasileiro. Será estabelecida uma conexão entre os grupos masculinistas, os ataques por eles realizados e a ideologia masculinista brasileira, abordando três perspectivas: misoginia, movimento antiesquerda e extrema direita. O conceito de masculinismo é definido como uma ideologia extremamente patriarcal e misógina, que busca resgatar práticas violentas de dominação, enxergando as mulheres como oportunistas e inimigas dos direitos dos homens. A utilização dos conceitos de misoginia e masculinidade será essencial para o desenvolvimento da pesquisa e a compreensão do conteúdo dos dados.

Objetivos
• Analisar os ataques misóginos contra a professora Lola Aronovich.
• Compreender a relação dos grupos misóginos e masculinistas com a extrema direita no país.


Metodologia
Quanto à metodologia empregada, utilizou-se a análise de conteúdo do material coletado em entrevistas, redes sociais, blogs e páginas de internet. Consideramos a análise de conteúdo o método mais adequado para o tratamento e análise dos dados coletados nesta pesquisa, incluindo a entrevista semiestruturada. Estabeleceremos conexões entre o referencial teórico utilizado e a maior parte dos dados coletados no ambiente online, bem como a entrevista realizada.
A entrevista semiestruturada foi conduzida seguindo um roteiro com questões abertas, a fim de proporcionar à entrevistada a maior liberdade possível de expressão. Foi utilizado um questionário semiestruturado, desenvolvido com base nos objetivos da pesquisa e nas hipóteses, sendo adaptado para se adequar à realidade de cada entrevistada. A importância da entrevista reside no fato de captar a vivência e experiência da entrevistada, contribuindo para a compreensão da misoginia praticada no ciberespaço, assim como para a análise dos grupos masculinistas, uma vez que se optou por não ter acesso direto a esses grupos. Além disso, a entrevista proporcionou uma oportunidade de escuta ativa e aprendizado a partir das contribuições da entrevistada.



Resultados e discussão
Nesse sentido, esses grupos promovem uma investida contra as mulheres, sendo Lola Aronovich um exemplo dos ataques, que são percebidas como uma grande ameaça para a sociedade. Embora não seja possível afirmar que os grupos masculinistas analisados tenham um impacto direto na política nacional, é possível compreender que a perpetuação de discursos misóginos e o apoio a candidatos de extrema direita contribuem para a manutenção das violências contra as mulheres e para a marginalização de seus direitos.



Conclusões/Considerações finais
Em relação às conclusões parciais ou finais, observamos ao longo desta pesquisa que os grupos masculinistas atuam principalmente nas redes, como os blogs, além de criarem comunidades nos canais do Telegram, revelando-se por meio do vocabulário associado à extrema direita. Com base nessas características, identificamos os materiais analisados com características masculinistas tanto pela sua autodefinição como tal, quanto pela narrativa, vocabulário e alta presença de misoginia em seus textos. No material fornecido, revelou-se a importância de compreender a relação direta existente entre o nazismo, o masculinismo e a extrema direita no contexto brasileiro. Esse populismo misógino, alinhado ao nazismo e à extrema direita, traz à tona a necessidade de refletir sobre o processo de desradicalização desses indivíduos. Importante ressaltar a referência de Lola Aronovich com relação ao enfrentamento ao masculinismo e a misoginia como um todo, já que possui uma lei apelidada de “Lei Lola” (13.642/18) que permite a investigação de quaisquer casos de misoginia na internet pela Polícia Federal.