Comunicação Oral Curta

03/11/2023 - 08:30 - 10:00
COC29.2 - Produzindo epidemias: epistemologias críticas , risco e racismo em saúde

46317 - DESIGUALDADES EXPOSTAS: RISCOS EM SAÚDE E MEDICALIZAÇÃO NA PÓS-PANDEMIA SOB UMA PERSPECTIVA INTERSECCIONAL
TEÓFANES DE ASSIS SANTOS - UFBA


Apresentação/Introdução
A pandemia de COVID-19 ao amplificar desafios e dilemas para a saúde pública e a sociedade como um todo, impôs novos desafios para a gestão do cuidado que, ao tempo em que produziu soluções e intervenções médicas em tempo recorde também contribuiu para a forte atuação do capital neoliberal sobre o complexo médico-industrial de saúde culminando, juntamente com a pandemia de desinformação, para a medicalização excessiva. As respostas à crise sanitária se concentraram predominantemente na esfera biomédica, deixando de lado abordagens mais amplas e holísticas.

Objetivos
Este trabalho tem como objetivo discutir os riscos em saúde, a medicalização e suas repercussões interseccionais durante o pós-pandemia, enfocando as questões de gênero, raça, sexualidade e geração, ressaltando as complexidades e desigualdades que permeiam esse contexto que contribuiu para o aumento de iniquidades.

Metodologia
Trata-se de estudo qualitativo realizado a partir da revisão da literatura nacional e internacional e ancorado em perspectiva socioantropológica. Os artigos encontrados foram inseridos no Mendeley®. A partir da análise dos títulos e dos resumos foram excluídos aqueles repetidos e que não contribuíam para o estudo.

Resultados e discussão
No campo da Saúde Coletiva, a compreensão da saúde como um fenômeno multidimensional, influenciado por determinantes sociais e contextuais, sempre foi central. No entanto, os impactos da pós-pandemia ampliaram essas complexidades, expondo as disparidades existentes nas sociedades contemporâneas. É essencial considerar as interseccionalidades de gênero, raça, sexualidade e geração ao analisar os riscos em saúde, a medicalização e suas consequências.
Em relação ao gênero, as mulheres foram afetadas de maneira desproporcional pela pandemia, tanto em termos de saúde física como mental. Aumentos nos índices de violência de gênero, sobrecarga de trabalho doméstico e impactos na saúde reprodutiva são apenas alguns dos desafios enfrentados pelas mulheres nesse contexto. Além disso, as questões de gênero e sexualidade também influenciam a percepção e o acesso aos cuidados de saúde, destacando a importância de uma abordagem sensível e inclusiva.
A interseccionalidade com raça também desempenha um papel crucial na análise dessas questões. As populações negras e minoritárias têm enfrentado desigualdades estruturais que se intensificaram durante a pandemia. A falta de acesso a serviços de saúde de qualidade, a exposição desproporcional a ambientes insalubres e a discriminação racial contribuíram para agravar os riscos à saúde nesses grupos.
A dimensão geracional é relevante para a compreensão das repercussões da pós-pandemia. Os impactos na saúde mental e emocional das crianças e jovens, bem como a interrupção de suas rotinas educacionais e sociais, requerem uma abordagem atenta às necessidades específicas desses grupos. Além disso, os idosos enfrentaram desafios adicionais devido ao risco aumentado de complicações da COVID-19 e ao isolamento social prolongado.


Conclusões/Considerações finais
De forma geral, o pós-pandemia amplificou os paradoxos existentes no campo da Saúde Coletiva como o embate entre o crescimento econômico e a proteção da vida, destacou os riscos em saúde e a medicalização excessiva, evidenciou a necessidade de medidas restritivas para conter a propagação do vírus, como lockdowns e distanciamento social e a relação com economia global. Nesse contexto, a Saúde Coletiva se viu diante do desafio de equilibrar a necessidade de garantir a saúde e o bem-estar das populações, preservando vidas com a necessidade de mitigar os impactos socioeconômicos, garantindo a proteção social.
Para enfrentar esses desafios, é fundamental adotar uma abordagem interseccional que considere as questões de gênero, raça, sexualidade e geração. A promoção da equidade em saúde, o reconhecimento das desigualdades estruturais e a busca por soluções abrangentes e inclusivas são essenciais para uma resposta efetiva no campo da Saúde Coletiva na era pós-pandêmica.