Comunicação Oral Curta

03/11/2023 - 08:30 - 10:00
COC29.3 - Refletindo sobre práticas sanitárias, risco e emancipação

48242 - USO INDISCRIMINADO DE METILFENIDATO POR ESTUDANTES DO ENSINO SUPERIOR
GLEYCE VENTURA DE SANTANA - UPE, BEATRIZ LIVIAM MENDES DOS SANTOS - UNIBRA, CARINE SOARES SANTOS DA CUNHA - UNIBRA, CAROLAYNE MARIA DA SILVA CARVALHO - UPE, GYSELE ALEXANDRE DA SILVA - UFPE, JULIANA GABRIELY CUNHA DE LIMA - UPE, LUCAS GEOVANNY SOARES BARBOSA - UNIBRA, MARIA SAMARA RODRIGUES DE REZENDE - UFPE, WILLIAN DOS SANTOS SOUZA - UPE


Apresentação/Introdução
O cloridrato de metilfenidato (MFD) é um psicoativo estimulante moderado apropriado para intervenções psicológicas, educacionais e sociais dos sinais e sintomas provenientes da hiperatividade (BRASIL, 2014). O MFD faz parte da família das anfetaminas, possuindo as mesmas ações e efeitos adversos. Sua utilização é voltada para melhoria do desempenho cognitivo e de comportamentos compulsivos (CAMPOS; AWELINO; ROMANICHEN, 2020). Segundo Madriaga e Senna Júnior (2021), o MFD apresenta o mesmo mecanismo de ação de drogas excessivamente viciantes, como a cocaína, o que aumenta a probabilidade de ocasionar dependência química e síndrome de abstinência em casos de interrupção brusca. Seu uso também está vinculado à necessidade social de potencializar a ação cerebral, apresentar melhor desempenho e maior rendimento nas diversas ocupações diárias, principalmente no ambiente acadêmico. Portanto os maiores consumidores do MFD são pessoas com múltiplas atividades e que apresentam curto prazo para cumpri-las. Vale ressaltar que a maior parcela dos usuários apresentam importante grau de conhecimento sobre a substância em questão nesta mesma circunstância, pode ocorrer abuso e dependência química (SILVA et al., 2022). Levando em consideração o alto uso da “pílula da inteligência” por estudantes de ensino superior sem prescrição e acompanhamento médico a fim de diminuir o cansaço mental e aumentar o tempo de estudo, o presente trabalho visa avaliar a automedicação por metilfenidato por alunos de nível superior.

Objetivos
Realizar um levantamento bibliográfico sobre as causas do uso, os riscos e as consequências a saúde relacionados ao consumo excessivo de metilfenidato por estudantes do ensino superior.

Metodologia
O estudo trata-se de uma revisão bibliográfica narrativa, com base em publicações científicas relevantes sobre o tema. Para essa revisão foi realizada uma busca por artigos, dissertações e teses, nas bases de dados PubMed, SciELO, Science Direct, LILACS e BDENF. Foram usadas as palavras-chave metilfenidato, ritalina, acadêmicos, psicoestimulantes e automedicação. Os textos incluídos nos resultados atendiam aos critérios de serem publicados entre 2018-2023, pela possibilidade de serem encontrados conteúdos mais atuais sobre o tema. Originalmente nos idiomas espanhol, inglês ou português, tratando sobre informações básicas do metilfenidato e seu uso por discentes. Sendo excluídos os artigos que não tinham relação direta com o tema proposto pelo trabalho e portanto não atendiam aos critérios estabelecidos.

Resultados e discussão
Dos 21 estudos analisados, 10 deles correspondem à análise do uso não prescrito de metilfenidato por estudantes do curso de medicina, apresentando como justificativa a maior competitividade para ingressar no curso, que continua durante toda a formação. Apenas 2 artigos abordam cursos diferentes de medicina como fisioterapia, enfermagem, saúde coletiva e biomedicina, mas nenhum com a demanda de usuários que o curso de medicina apresentou estatisticamente. Foi comum a todos os estudos que o início do uso de metilfenidato ocorresse após o ingresso na graduação, sendo relatado na maior parcela o uso próximo às avaliações. E apresentando como maior motivação é aumentar o estado de vigília, a capacidade de atenção, melhora na concentração, memória e principalmente no desempenho acadêmico. O principal modo de obtenção do metilfenidato é com amigos ou familiares e apesar de ser relatado fácil acesso para compra via internet, nenhum dos artigos destaca essa via como principal para aquisição do medicamento. A forma mais preocupante ocorre por meio de autoprescrição ou prescrição realizada por um colega, mostrando que além da preocupação com o uso realizado pelos futuros médicos. Por fim, de acordo com Franco Netto et. al. (2018) os efeitos colaterais citados pelos estudantes participantes dos estudos, o mais frequentemente relatado foi taquicárdica, seguido de perda de apetite e aumento da ansiedade, além de boca seca, tremor nas mãos, dentre outros efeitos.

Conclusões/Considerações finais
Com a análise dos artigos selecionados neste trabalho é notório que o metilfenidato já faz-se presente na vida de estudantes universitários, auxiliando no suporte da sobrecarga de ser aprovado social e academicamente. A existência de efeitos colaterais significativos e possivelmente incômodos torna-se uma barreira que diminui a propagação do uso indevido, permitindo que a prevalência não esteja em níveis preocupantes, mesmo que uma parcela continue praticando o uso não prescrito, principalmente para o aprimoramento cognitivo.