Comunicação Oral Curta

03/11/2023 - 08:30 - 10:00
COC30.2 - Arte, produção de saúde e vida

47361 - ARTETERAPIA NA CONSTRUÇÃO SUBJETIVA DOS USUÁRIOS DOS CENTROS DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL (CAPS): REVISÃO INTEGRATIVA
ALYNNE LORENA COSTA ARAÚJO - UNIVRSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ (UECE), BÁRBARA VITORIA MARTINS ALMEIDA - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ (UECE), EMÍLIA SOUZA RODRIGUES - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ (UECE), FRANCISCO MIKAEL PAULINO DE OLIVEIRA - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ (UECE), GEOVANNA ANDRADE VERÍSSIMO - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ (UECE), MILENA BARBOSA LEITE - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ (UECE), ISABEL REGIANE CARDOSO DO NASCIMENTO - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ (UECE), MARIA SALETE BESSA JORGE - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ (UECE)


Apresentação/Introdução
Conforme a Portaria GM/Nº 336, de 19 de fevereiro de 2002, os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) são serviços de saúde de caráter aberto e comunitário voltados aos atendimentos de pessoas com sofrimento psíquico ou transtorno mental, incluindo aquelas com necessidades decorrentes do uso de álcool e outras substâncias, que se encontram em situações de crise ou em processos de reabilitação psicossocial (BRASIL, 2002). O dispositivo foi implementado para fortalecer a Reforma Psiquiátrica e promover mudanças significativas no modelo de Atenção Psicossocial no Brasil. O CAPS deve viabilizar a ampliação, a partir da perspectiva territorial, de ações desenvolvidas no âmbito de saúde mental. Entretanto, muitos desafios ainda precisam ser superados para romper com as práticas manicomiais estruturantes na sociedade brasileira. Visando ampliar o arcabouço de estratégias de atuação nesse espaço, optou-se por realizar uma revisão integrativa da literatura para analisar a relação entre arteterapia, saúde mental e vivências comunitárias no CAPS, práticas que funcionam como potenciais criativos na promoção da saúde mental dos usuários desse serviço. Buscaremos discutir como a arteterapia pode promover processos emancipatórios e fortalecer as lutas antimanicomiais como elementos estruturantes da atuação psicossocial.
Palavras-chaves: Arteterapia; Centro de atenção psicossocial; Saúde mental.

Objetivos
Objetiva-se analisar a relação entre saúde mental, arteterapia e as vivências comunitárias com destaque às atividades artísticas realizadas no Centro de Atenção Psicossocial.

Metodologia
Trata-se de um relato de pesquisa bibliográfica nos moldes de revisão integrativa da literatura. A estratégia mnemônica Population, Concept e Context (PCC) foi utilizada para a construção da pergunta de partida da pesquisa. Foram definidos: P- usuários do CAPS; C- arteterapia na saúde mental e C- CAPS/comunitário. Com base nessas definições foi estabelecida a pergunta norteadora: “Como a arteterapia pode contribuir nos processos de subjetivação e emancipação dos usuários do CAPS?”. As buscas foram realizadas entre maio e junho de 2023, nas bases de dados: Lilacs, Pepsic e SciElo. A equação de busca foi composta pelos descritores “arteterapia”, “saúde mental” e “Centro de Atenção Psicossocial” com suporte do operador booleano AND. Foram incluídos artigos relacionados à saúde mental, arteterapia com enfoque na vivência comunitária no CAPS, textos disponíveis na íntegra e em idioma português. Foram excluídos artigos que tratavam sobre arte e saúde mental desenvolvidos em outros contextos não comunitários. Após aplicação dos critérios de elegibilidade foram selecionados 09 artigos que compõem essa revisão.



Resultados e discussão
Verifica-se por meio da literatura analisada, que as experiências artísticas possibilitam a construção subjetiva. Nessa perspectiva, as atividades de bases artísticas no CAPS funcionam como mecanismos que operam a favor de práticas que buscam integrar o sujeito que, por meio da arte, pode expressar o indizível. Entretanto, destaca-se que a arte não se interliga aos extremos subjetivos, ou seja, não se vincula à expressão da verdade interior, tampouco à revelação da essência oculta, mas se relaciona, na sua forma mais pura, à comunicação que se expressa por meio de emoções, que favorecem a circulação dos afetos no espaço coletivo do CAPS e a abertura para as novas possibilidades da existência humana. Além disso, a arte – por ser compreendida pelos autores estudados como atividade meio e não atividade-fim – é utilizada, nos CAPS, na tentativa de superar a perspectiva de “busca inalcançável pela cura” presenciada com o avanço médico e tecnológico, e intenciona desenvolver no sujeito uma nova interpretação acerca da sua existência no mundo. Assim corroborando para uma elaboração subjetiva sob um prisma para além do sofrimento, colocando-o como um agente ativo na construção do seu processo identitário, promovendo uma autonomia do sujeito frente às decisões sobre o seu processo terapêutico.


Conclusões/Considerações finais
Evidencia-se a essencialidade de tornar a rede assistencial do CAPS mais humanizada, alcançando determinados “fins”, como a reabilitação social, convivência comunitária, autonomia dos sujeitos e construção da reinvenção de existências. Depreende-se que a arte contribui nos processos subjetivos dos usuários do CAPS por meio dos dispositivos do cuidado em saúde, que assumem caráter emancipatório, participativo e comunitário. Desse modo, com equipamentos adequados e uma equipe de saúde estruturada e qualificada, o sujeito participa ativamente do processo de promoção, prevenção e permanência do cuidado à sua saúde mental, tanto na esfera individual como na esfera coletiva, entendendo-se, assim, como um ser político, agente de mudanças e integrante de uma sociedade em constantes ressignificações socioculturais.