48165 - MUTIRÃO DE SAÚDE COMO FERRAMENTA DE PROMOÇÃO À SAÚDE EM COMUNIDADE RURAL AFETADA PELA INSTALAÇÃO DE USINAS EÓLICAS NO MUNICÍPIO DE CAETÉS-PE
MARCELA CAROLINE DA SILVA MOURA - UPE, EMILLY MARCELA MENDES DE SOUZA - UPE, NILSON HENRIQUE DA SILVA DIAS - UPE, TAYNARA SABRINA LIMA DE ALBUQUERQUE - UPE, THALITA ANALYANE BEZERRA DE ALBUQUERQUE - UPE, WANESSA DA SILVA GOMES - UPE, NADINE GABRYELLA PONTES MACIEL - FAMEG
Contextualização
O mutirão de saúde aconteceu no dia 28 de abril de 2023, na comunidade rural Sobradinho, localizada na zona rural do município de Caetés, agreste de Pernambuco. A cidade conta com cerca de 170 famílias residentes no território. A localidade abriga um dos maiores complexos eólicos do estado e registra situações de adoecimento, principalmente os relacionados a doenças crônicas não transmissíveis e doenças mentais.
Descrição
Para promoção da ação, houve uma articulação entre o Programa de Residência Multiprofissional Integrado em Saúde Coletiva com ênfase em Agroecologia (PREMISCA/UPE), Programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Família com ênfase em Saúde da População do Campo (PREMSFC/UPE), discentes e docente do curso de graduação em Psicologia da Universidade de Pernambuco multicampi Garanhuns, membros da Comissão Pastoral da Terra (CPTNE2) e da Cáritas brasileira, médicos de família e comunidade do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e a prefeitura da cidade de Caetés, por meio da Secretaria Municipal de Saúde. Ao total, foram realizados 35 atendimentos clínicos, psicológicos e nutricionais. Também foram desenvolvidas atividades relacionadas às Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS), como a auriculoterapia, ventosaterapia e escalda pés. Período de realização: 28 de abril de 2023, das 8 horas às 13 horas
Período de Realização
28 de abril de 2023, das 8 horas às 13 horas.
Objetivos
Promoção da saúde à comunidade através da troca dialógica sobre as percepções de saúde na relação com as torres eólicas e a oferta de serviços assistenciais como forma de suprir uma demanda carente no território.
Resultados
O mutirão de saúde, realizado na comunidade de Sobradinho, evidenciou uma situação alarmante de adoecimento da população local. A comunidade, que possui alta demanda de agravos e baixa assistência em saúde, foi atingida diretamente pela implantação do empreendimento eólico em seus territórios, desenvolvendo enfermidades com sinais e sintomas clássicos e observados no decorrer dos atendimentos. As queixas mais recorrentes estavam relacionadas à hipertensão arterial sistêmica, distúrbios na tireoide, lombalgias e dermatites. O sofrimento e adoecimento mental também esteve fortemente presente através dos relatos sobre a prática de automedicação e uso indiscriminado de fármacos, devido ao medo constante, momentos de estresse e ansiedade, dificuldades de concentração e alterações no padrão do sono. Todas as descrições, presentes nas narrativas, estão associadas à chegada e funcionamento das usinas eólicas na região. Durante a ação, foi possível realizar atendimentos clínicos por profissionais médicos, da enfermagem e da psicologia, além da oferta de técnicas incorporadas às PICS. O mutirão, que reuniu diferentes profissionais da saúde, membros de movimentos sociais e moradores locais, possibilitou um espaço para uma roda de conversa acerca dos impactos socioambientais e na saúde das pessoas que moram próximo às torres eólicas.
Aprendizados
O mutirão demonstrou a necessidade de articulação entre os departamentos públicos voltados à saúde e outros atores, como aliados políticos, que possam contribuir com a formulação de projetos voltados principalmente para normatização da construção dos empreendimento eólicos e pesquisadores das áreas de Biologia e Geografia, que colabore nos processos de análise da qualidade do solo, do ar e da água existentes nos arredores dos territórios com instalação das usinas eólicas.
Análise Crítica
As fontes de energia renováveis, como a energia eólica, têm sido apontadas como estratégias importantes para obtenção de energia, uma vez que o emprego de outras fontes está cada vez mais restrito. Porém, a energia eólica é passível de ocasionar diferentes impactos e danos, sejam eles sociais, ambientais e a saúde humana. No que se refere a última repercussão citada, tal situação ainda se comporta como uma área pouco investigada em território brasileiro. Por não possuir normatização específica sobre distância entre torres eólicas e espaços públicos/privados e os acordos, firmados antes da realização de estudos sobre impactos e exclusivamente entre governo e empresas, povos e comunidades vêm sofrendo uma série de injustiças e problemas de saúde. No trabalho desenvolvido em Sobradinho, foi possível identificar pessoas que são vítimas das consequências da implantação irresponsável de torres eólicas. Ficou evidenciado um grande número de indivíduos em sofrimento e adoecimento mental, além dos portadores de sinais clínicos de distúrbios hormonais e endócrinos. Além dos danos humanos, as atividades de agricultura anteriormente desenvolvidas pela população da região como forma de subsistência precisaram ser interrompidas devido a presença de substâncias poluidoras em formato de pó na vegetação local e ausência de animais polinizadores, afetados pelos ruídos infra sonoros emitidos pelas torres. Outros estudos já apontam a influência das torres na fauna e flora local, além da construção irregular.
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