03/11/2023 - 08:30 - 10:00 COC32.5 - Saúde mental, formação e processo de trabalho |
46343 - OFICINAS EM SAÚDE MENTAL: A FORMAÇÃO A PARTIR DE APROXIMAÇÕES E DIÁLOGOS COM AS DIVERSAS REALIDADES DAS REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL DE MUNICÍPIOS MINEIROS ANA REGINA MACHADO - ESP-MG, ALESSANDRA RIOS DE FARIA - ESP-MG, GUSTAVO DIAS RIBEIRO - ESP-MG, JÚLIA MARIA DE SOUZA FARIAS - ESP-MG, PRISCILA RAYANE LOPES MORAES - ESP-MG
Contextualização Em 2019, em meio a retrocessos da política de saúde mental no Brasil e às dificuldades de municípios mineiros para sustentar a atenção psicossocial, a Escola de Saúde Pública do Estado de Minas Gerais (ESP-MG) e a Diretoria de Saúde Mental, Álcool e outras Drogas da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais propuseram a realização de Oficinas sobre a Integralidade do Cuidado em Saúde Mental, buscando contribuir para a formação de trabalhadores e para o fortalecimento das Redes de Atenção Psicossocial (RAPS) em Minas Gerais (MG).
Descrição A Oficina é uma ação formativa com carga horária de 45 horas, distribuídas em 11 encontros remotos síncronos e duas atividades assíncronas.
Antes de cada turma, realiza-se um encontro preparatório que permite uma primeira aproximação de trabalhadores e gestores de saúde mental dos municípios participantes, bem como dos desafios e das potências das redes em que atuam. Neste encontro, identifica-se temas de importância regional que são incluídos nas Oficinas, tais como: Atenção em saúde mental como direito, medicalização da vida, judicialização em saúde mental e saúde mental em contexto de pandemia.
Ademais, em cada Oficina são abordados outros seis temas previamente definidos: Reforma psiquiátrica e atenção psicossocial; gestão e cuidado na RAPS; atenção às crises; cuidado na atenção básica; cuidado a crianças e adolescentes; cuidado às pessoas que fazem uso de álcool e outras drogas. Por fim, em dois encontros também são realizadas práticas supervisionadas, orientadas à construção de casos clínicos apresentados pelos participantes.
Os temas são desenvolvidos por docentes com distintas inserções e formações: trabalhadores das RAPS, gestores, docentes da ESP-MG e de universidades, militantes de movimentos sociais, usuários dos serviços de saúde mental e familiares. Diálogos são produzidos a partir dos desafios e embaraços do cotidiano do trabalho, bem como dos arranjos e invenções de cuidado em saúde mental nos municípios. Nos encontros, os diferentes saberes e experiências são compartilhados e colocados em diálogo.
Período de Realização A primeira turma foi realizada em 2019 e a última em 2023. Pretende-se manter a oferta semestral de Oficinas até 2025.
Objetivos As Oficinas buscam contribuir para a qualificação da atuação dos trabalhadores nas RAPS de Minas Gerais, potencializando práticas que favoreçam a integralidade do cuidado e fortaleçam o modo de atenção psicossocial.
Resultados Até junho de 2023, foram realizadas 8 Oficinas com a participação de cerca de 480 trabalhadores de municípios localizados em áreas de abrangência de 16 das 28 Unidades Regionais de Saúde da SES-MG. Com suporte no relato dos participantes, identifica-se como contribuições desta ação formativa: a ampliação das compreensões sobre o cuidado em saúde mental e das possibilidades de sustentá-lo; o redimensionamento do cuidado sobretudo a partir das participações de usuários e familiares; a criação de redes entre trabalhadores, bem como de outras formas de apoio.
Aprendizados Aprendizados sobre a formação em saúde mental têm sido também produzidos, tais como: a possibilidade de realizar ações remotas participativas e dialógicas; a importância da circulação de diferentes saberes, sobretudo de usuários e familiares e os advindos de experiências; a necessidade de aproximação das realidades dos municípios e da construção compartilhada do cuidado em saúde mental. Além disso, tem sido possível obter informações sobre a atenção em saúde mental nas diferentes regiões do Estado, ainda pouco consideradas na literatura científica ou pela gestão estadual, como o desamparo de trabalhadores na sustentação do cuidado, sobretudo em municípios de pequeno porte; a dependência do saber biomédico e dos hospitais psiquiátricos em algumas regiões, as resistências tecidas para o enfrentamento à cultura manicomial no território; os desafios da terceirização da atenção em saúde mental; as dificuldades e possibilidades da articulação de redes regionais de cuidado.
Análise Crítica As Oficinas têm alcançado uma capilaridade expressiva, possibilitando a participação de trabalhadores de municípios distantes da capital do Estado que não acessavam as ações formativas da ESP-MG. No entanto, percebe-se a necessidade de associá-las a ações formativas mais extensas para que ampliem o potencial de transformação de práticas na perspectiva apontada pela integralidade do cuidado e pela atenção psicossocial. Percebe-se também a necessidade de incluir, na Oficina, a perspectiva da equidade, favorecendo o reconhecimento das desigualdades associadas à raça, gênero e também às populações rurais e quilombolas ainda invisibilizadas na produção do cuidado em municípios participantes. Percebe-se, a partir da aproximação da realidade dos distintos territórios mineiros, a importância de fomentar ações que possam fortalecer o cuidado em liberdades e fazer frente à cultura e práticas manicomiais, ainda muito presentes em algumas regiões de MG.
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