Comunicação Oral

03/11/2023 - 13:10 - 14:40
CO5.4 - Cuidado em saúde no contexto da diversidade

47048 - PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES DURANTE A GESTAÇÃO: A SINGULARIDADE NO CUIDADO MATERNO
CARLA DANIELLE OBERHOFER GUAñABÉNS - UFMG, ROBERTO ALLAN RIBEIRO SILVA - UFMF, LARISSA FERNANDA DO COUTO BRANDI - UFMG, KLEYDE VENTURA DE SOUZA - UFMG


Apresentação/Introdução
As práticas integrativas e complementares têm se mostrado promissoras na redefinição das práticas de cuidado em saúde, especialmente no pré-natal, parto e puerpério. Essas abordagens estão alinhadas com as políticas públicas brasileiras e a prática avançada em enfermagem, buscando proporcionar cuidados de qualidade e atender às necessidades complexas das pacientes. Elas desempenham um papel fundamental na promoção de um cuidado abrangente e integral.

Objetivos
O objetivo deste estudo foi compreender a experiência de puérperas que foram acompanhadas durante o período pré-natal com a utilização de práticas integrativas e complementares no seu cuidado.

Metodologia
Trata-se de um trabalho derivado de dissertação de mestrado do Programa de Pós-graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerias em que foi realizado um estudo qualitativo que adotou o enfoque teórico do cuidado baseado em forças de Laurie Gottlieb. O estudo contou com a participação de 13 puérperas (entre 10 e 90 dias pós-parto) que frequentaram o Núcleo de Terapias Integrativas e Complementares do Hospital Sofia Feldman, localizado em Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil, durante a gestação. A coleta de dados ocorreu entre outubro e dezembro de 2022, utilizando entrevistas presenciais e, devido à pandemia de COVID-19, também por meio de vídeo chamadas. Um roteiro de perguntas relacionadas ao objeto de estudo foi utilizado como a principal fonte de dados. A análise dos dados foi realizada utilizando uma abordagem temática reflexiva, com o auxílio do software MAXQDA©. O estudo seguiu os protocolos éticos estabelecidos para a pesquisa envolvendo seres humanos, sendo aprovado por comitê de ética.

Resultados e discussão
As participantes do estudo foram mulheres com idade entre 28 e 41 anos, média de 36, a metade se autodeclarou preta ou parda, apenas duas não possuíam formação universitária e três delas não possuíam relacionamento estável. A maioria teve gestações de baixo risco e optou por receber cuidados no Sistema Único de Saúde, mesmo sendo usuárias de planos de saúde. Elas relataram o desenvolvimento de habilidades positivas e a reinterpretação de suas experiências durante a gestação, ressaltando sentimentos como coragem, tranquilidade, segurança e confiança, que contribuíram para uma experiência de parto positiva. As práticas de Terapias Integrativas e Complementares mais mencionadas incluíram técnicas mentais, como atenção plena (mindfulness), hipnose, afirmações positivas e meditações guiadas, juntamente com técnicas de respiração. A relação entre as enfermeiras e as gestantes foi percebida como algo "diferente", substituindo a hierarquia por uma abordagem que respeita e reconhece a experiência de ambas as partes. O cuidado oferecido às mulheres durante a gravidez no Núcleo de Terapias Integrativas e Complementares teve um papel fundamental no desenvolvimento de suas capacidades, que foram descobertas ao longo desse período. Esse cuidado foi centrado na mulher, incentivando o fortalecimento pessoal, o empoderamento, a promoção da saúde e o autocuidado. Essa abordagem foi construída por meio de uma relação de parceria e colaboração entre as profissionais de saúde e as mulheres.

Conclusões/Considerações finais
Este estudo ressalta a relevância de um cuidado humanizado, personalizado e centrado na mulher, fortalecendo sua autonomia e bem-estar durante a gravidez e o parto. A abordagem individualizada das enfermeiras, ao incorporar as práticas integrativas e complementares, permitiu reconhecer a singularidade de cada mulher e a importância de sua participação ativa nas decisões relacionadas à saúde, gestação e parto, apoiando-se no referencial do "cuidado baseado em forças". As práticas integrativas e complementares em saúde, apontam um caminho para a redefinição das práticas de cuidado em saúde, valorizando as habilidades e capacidades das gestantes, e fortalece a relação entre as enfermeiras e as mulheres ao longo do ciclo reprodutivo. Além disso, reitera a importância dessas práticas como estratégias terapêuticas adicionais, ampliando as opções de cuidados disponíveis, sob uma abordagem mais abrangente no cuidado das mulheres durante o ciclo reprodutivo, considerando sua complexidade.