03/11/2023 - 13:10 - 14:40 CO9.3 - Racismo, formação e saúde |
46596 - SANKOFA: POR UMA EDUCAÇÃO DECOLONIAL, ANTIRRACISTA E EMANCIPADORA NA FORMAÇÃO DOS TRABALHADORES DO SUS FERNANDA DO NASCIMENTO MARTINS - FIOCRUZ, VALÉRIA FERNANDES DE CARVALHO - FIOCRUZ, NATHALIA DA ROCHA CORREA BARROS - FIOCRUZ, JESSICA GONÇALVES LIMA - FIOCRUZ
Contextualização A sociedade brasileira tem seu passado colonial e escravista reverberando na atualidade. Uma colônia de exploração, que teve a apropriação do seu território a base do genocídio da população indígena e do sequestro da população negra. Um dos últimos países a abolir o trabalho escravo negro, temos imbricado em nossa estrutura política, social, econômica e cultural a discriminação racial e o racismo. O Racismo faz parte da manutenção estrutura de poder em nossa sociedade (não somente a brasileira, mas sim globalmente), porém essa “conformação” de poder não se mantém intocável, passiva e sem transformações. Ao longo dos anos, as populações negras e indígenas resistem e lutam para sobreviver, das mais diversas formas, incluindo pelas vias das instituições. Dentre outros marcos legais, um que cabe ressaltar neste momento é a lei 10.629/2003 e 11.645/2008 que torna obrigatório o ensino de história da África e cultura afro-brasileira e Indígena nas escolas. Durante anos a história e memória da cultura africana e afro-brasileira foram negadas, apagadas, e recontadas pela população branca, quem construiu as narrativas de poder. Ter uma lei como essa que coloca esta população como parte integrante da história mundial, em diversos aspectos, apontando a riqueza desta cultura, é promover um novo diálogo, tornar visível quem sempre foi apagado, quem sempre esteve à margem. Trazer o debate racial para o ambiente escolar, principalmente da EPSJV, que tem como uma de suas propostas fundamentais possibilitar a formação humana da classe trabalhadora para dirigir o país, através do SANKOFA, é reafirmar uma formação que paute a questão racial como central no fortalecimento e na formação da mesma.
Descrição O Projeto SANKOFA, em sua terceira edição (2017, 2018 e 2023), realizada na EPSJV/Fiocruz, abordará os debates a partir da PNSIPN e a PNASPI e suas implementações e disputas, provocamos a todo o corpo de estudantes e trabalhadores da EPSJV inserirem-se no processo de lutas da população negra e da população indígena pelo reconhecimento e valorização de sua humanidade e pelo direito humano à saúde, pela reparação dos danos e violências ainda ocasionadas pelo racismo estrutural e institucional. Serão realizadas duas rodas de diálogo que abordaram a temática central: “A Saúde da população negra e dos povos indígenas” que contará convidadas referências na área, debatendo com os estudantes das habilitações técnicas, EJA, mestrado e profissionais da EPSJV. O evento contará com uma série de oficinas. São elas: Ervas tradicionais, Bonecas Abayomis, Tranças africanas, Dança Charme, Dança Jongo, Promoção de Saúde Integral: cuidado coletivo, Rap, Contação de histórias negras, Pinturas indígenas, Dança Afro e Músicas Funk. A realização de duas exposições: “Negras Marés” e “Semeando saberes e fazeres ancestrais”, uma feira de artesanato indígena e finalizando o evento um sarau com estudantes da escola.
Período de Realização Julho de 2023
Objetivos O Projeto SANKOFA, tem como objetivo reivindicar a efetiva implantação das leis 10.639/03 e 11.645/08 – que determinam a inclusão da História e Cultura Afro-brasileira e Indígena no currículo oficial da rede de ensino. Buscando valorizar a cultura das classes sociais afro-brasileiras e indígenas no Projeto Político Pedagógico (PPP) e na estrutura curricular das escolas, além de contribuir com a formação continuada dos professores e estudantes. Em 2023, adota como centralidade a temática da “A Saúde da população negra e dos povos indígenas” na formação dos profissionais do SUS.
Resultados Será realizada a produção de um mini vídeo de um sistematizando a experiência e os principais pontos da 3ª edição do Sankofa, servindo de material educativo para atividades de formação..
Aprendizados Ao pautar dentro dos processos formativos, a invisibilidade, a não implementação e até mesmo o desconhecimento de tais políticas, é debater o racismo sistémico e institucional dentro de nosso sistema de saúde. A proposição dessa edição do Sankofa é repensar e problematizar quais profissionais de saúde estamos formando, na intenção de descolonizar os nossos currículo, resgatar e reparar a história, memória e diretos das populações negras e indígenas.
Análise Crítica Entende-se que a formação, sobretudo dos profissionais de saúde, é extremamente importante para a redução das iniquidades em nossa sociedade. Na base da estrutura social brasileira esteve, e ainda está, o extermínio físico, cultural, ontológico, epistemológico e simbólico dos povos africanos, dos afrodescendentes e dos povos originários. Avalia-se que o Projeto SANKOFA tem contribuído, entre tantas outras iniciativas para avançarmos na luta contra o racismo que estrutura a sociedade brasileira, que se reverbera nas instituições e, consequentemente, na prática de parte significativa dos profissionais da saúde.
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