03/11/2023 - 13:10 - 14:40 CO9.4 - Racismo, PNSIPN, diferentes espaços de formação |
46196 - OFICINA “ABAYOMI” – COMO OS PROFISSIONAIS DA SAÚDE PODEM CONTRIBUIR PARA A (RE) DESCOBERTA DA IDENTIDADE DE MENINAS E MENINOS NEGROS GABRIELA DOS SANTOS VILASBOAS - UFVJM, VIVIAN CARLA HONORATO DOS SANTOS DE CARVALHO - UFBA, ALINE PAULINO TEIXEIRA - UNEB, MARLÚCIA MALHEIROS SOUZA - UFBA
Contextualização O racismo está presente nas relações sociais e se manifesta de maneira complexa, alcançando as crianças em seu cotidiano, interferindo na sua formação identitária desde muito cedo e reverberando por toda vida. Assim, vivências do racismo fazem com que as crianças negras percebam os seus traços como inferiores e indesejáveis, se sentindo desvalorizadas, o que as levam a buscar identificação com o indivíduo branco. Isto tem desencadeado, também, a ocorrência de transtornos de ordem psicológica como transtornos alimentares, depressão, comportamentos mutiladores e suicidas.
É de suma importância o olhar para uma negritude vitoriosa que visa a conexão da criança com o verdadeiro sentido da construção do ser negro. Assim, trabalhar uma educação antirracista torna-se uma ferramenta para valorização e (re) conhecimento da identidade negra de crianças e adolescentes, indo além da inclusão das leis 10.639/03 e 11.645/08. Sendo papel fundamental para todos os profissionais de saúde que atuam diretamente com as implicações do racismo na vida e nos corpos destas pessoas contribuírem para a construção positiva da negritude.
As brincadeiras têm um papel fundamental na construção da identidade das crianças. Pensar em uma oficina que tem como foco a Abayomi é pensar em uma das estratégias que possibilita o resgate da cultura afrobrasileira e que contribui para o fortalecimento das identidades, despertando o encontro com o precioso e fortalecendo a ideia de amuleto.
Descrição Para romper com práticas profissionais que afetam a identidade de crianças negras foi realizada discussão em torno de conhecimentos teóricos aprendidos durante o processo de formação profissional que demarcam o corpo negro como o não bonito, privado de cuidados, templo de experimentos biomédicos e de opressões, que precisam, urgentemente, serem revisadas, como doenças negligenciadas na população negra, uso de parâmetros antropométricos eurocêntricos e influência das pressões estéticas sobre os corpos negros. Estas discussões foram o elo para a prática de construção de bonecas Abayomis e sua contextualização para a aproximação de crianças negras com sua identidade étnica.
Abayomi: encontro precioso e proteção. Neste encontro, a aproximação dos estudantes e profissionais presentes com a temática despertou nos mesmos a motivação para a busca de conhecimentos, melhoria da prática e, principalmente, pensar no que podem fazer para confrontar o racismo e seus impactos. Assim, entre laços e nós negros, foi possível tecer caminhos para o letramento racial, fortalecimento da negritude, reconhecimentos de privilégios e compartilhar experiências.
Período de Realização A presente experiência ocorreu no dia 09 de novembro de 2022, no Centro Universitário UNIFG - Guanambi/Bahia, promovido pelo Núcleo de Apoio Psicopedagógico e Inclusão e a Rede Ajeum - rede de nutricionistas e estudantes de nutrição negros e negras.
Objetivos Propor estratégias antirracistas para estudantes e profissionais de saúde, visando práticas de cuidados e acolhimento para as crianças negras.
Resultados As ações realizadas, possibilitaram ampliar os olhares sobre a atuação profissional e sobre o tornar-se negro, tendo em vista a observação da negação do racismo e o não reconhecimento dos efeitos aversivos dele para a saúde, de forma geral, por parte de alguns dos participantes, negros e não negros.
A oficina permitiu contribuir no processo de formação/atualização de profissionais e estudantes de graduação, com foco na educação antirracista. Assim, instrumentalizar os profissionais para trabalhar nas diversas áreas contribuindo com o enfrentamento e denúncia ao racismo é um compromisso que as áreas dos cursos universitários deveriam assumir, conforme as leis.
Aprendizados Pensar na negritude vai além de relatar somente das consequências trágicas do racismo, ele seria apenas um recorte cruel da história. Pensar na negritude é olhar para tudo que tange à raça negra; É A CONSCIÊNCIA DE PERTENCER A ELA. Assim, incluir autores negros nos currículos, pensar em estratégias para a formação étnico-racial, visa um compromisso social.
Assim, esta oficina propiciou aos participantes, principalmente às organizadoras, visualizar o quanto temas sobre a negritude ainda são desconhecidos. Observa-se, ainda, que é de extrema importância refletir e desconstruir as estruturas culturalmente estabelecidas pela sociedade e que afetam a vida de crianças negras, e este processo precisa atravessar desde a formação à atuação dos profissionais de saúde.
Análise Crítica Entendendo que bonecas sempre estiveram presentes no processo de brincar e representam mais que a ludicidade, pensar em uma oficina de Abayomis é incluir a representatividade que elas carregam, tais como, afeto e proteção. A cada amarração foi possível refletir sobre o papel de profissionais na construção de conhecimento e formação da identidade das crianças, principalmente, as crianças negras, no (re) conhecimento de nossa história e na desconstrução dos impactos produzidos pelo racismo, até mesmo nos brinquedos infantis.
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