Comunicação Oral

03/11/2023 - 13:10 - 14:40
CO9.4 - Racismo, PNSIPN, diferentes espaços de formação

46667 - "ANTICORPOS": EXPOSIÇÃO DE ARTE COMO DISPOSITIVO PARA SE DISCUTIR O BIOPODER NA EDUCAÇÃO EM SAÚDE
JANDESSON MENDES COQUEIRO - UFES, WELINGTON SERRA LAZARINI - UFES


Contextualização
O curso de Enfermagem da Universidade Federal do Espírito Santo possui uma disciplina intitulada "Educação em Saúde" que vem trabalhando com diversos assuntos que permeiam o pensar/fazer/agir do profissional de saúde frente aos desafios para o cuidado em saúde, especialmente as ações educativas implementadas nos serviços do Sistema Único de Saúde. Para isso, as aulas são divididas por temáticas, na qual os estudantes são convidados, através de roda de conversa, à leitura de textos, dinâmicas, estudos de caso, e outros dispositivos que levam à reflexão sobre os atravessamentos e as potencialidades das ações de Educação em Saúde na atualidade.

Descrição
Trata-se de um relato de experiência sobre uma discussão a respeito da Biopolítica e Educação em Saúde com estudantes do curso de Enfermagem, Educação Física e Fonoaudiologia que cursaram a disciplina no período letivo de 2023/1. Para isso, os discentes, inicialmente, foram convidados a realizar uma leitura do artigo intitulado "As práticas corporais como dispositivos da biopolítica e do biopoder na Atenção Primária à Saúde". Em seguida, foi realizada uma visita à exposição "Anticorpos" que abordava, em suas obras, corpos fora dos padrões estabelecidos pela sociedade, sobretudo os corpos negros. Por último, foi realizada uma roda de conversa com as seguintes questões norteadoras: a) Como as práticas de biopolítica e biopoder estão inseridas nas ações de educação em saúde? b) Como foi a experiência de visitar essa exposição e o que ela provocou em você? c) Escolha uma das obras da exposição e discuta qual a relação com biopolítica e biopoder.

Período de Realização
Abril de 2023.

Objetivos
Discutir, a partir de uma exposição de Arte, a relação da biopolítica com as práticas de Educação em Saúde.

Resultados
Os discentes puderam debater sobre o discurso de padronização dos corpos e associá-lo ao discurso dos profissionais de saúde empreendidos durante as ações de educação em saúde, em alguns casos, apresentadas com padronização de dietas, atividades físicas e culpabilização dos sujeitos sobre suas práticas em saúde. Além disso, a exposição oportunizou a reflexão sobre o lugar dos corpos negros na sociedade e o impacto das ações de saúde sobre eles.


Aprendizados
Houve a possibilidade de exploração da Arte enquanto dispositivo para estimular o debate na formação em saúde, discussão sobre Biopolítica e Educação em Saúde e reflexão sobre os discursos empreendidos pelos profissionais durante as ações educativas, especialmente na Atenção Primária à Saúde.


Análise Crítica
Vivemos em sua sociedade de normas em que, muitas vezes, os serviços de saúde possuem uma função normalizadora e padronizada dos modos de viver de cada indivíduo. Esse efeito disciplinar sobre os corpos orgânico e biológico tem poder regulamentar sobre a população. Deste modo, o poder sobre a vida perpassa desde uma disciplina voltada para o corpo individual, até uma regulação da população, o que Foucault denomina o biopoder e a biopolítica. Assim, as práticas de Educação em Saúde precisam levar em consideração a singularidade de cada vida e o protagonismo do sujeito em seu processo de cuidado a fim de viabilizar processos que potencializam uma assistência integral em saúde.