Comunicação Oral

03/11/2023 - 13:10 - 14:40
CO13.3 - Experienciações em movimentos

46058 - PERCEPÇÕES SOBRE SAÚDE MENTAL ENTRE ADOLESCENTES DE UMA ESCOLA PÚBLICA DO INTERIOR DA BAHIA: RELATO DE EXPERIÊNCIA
MARIA EDNA BEZERRA DA SILVA - UFAL/UEFS, MARILIA LIMA - UEFS, ANNA CAROLINA SOUZA SILVA - UEFS, MARIA FERNANDA CRESPO - UEFS, GUILHERME DE SOUZA COSTA - UEFS


Contextualização
O processo do adolescer é considerado uma fase crítica de transformações impostas pelo processo de transição da infância para a vida adulta, que se expressa por meio de mudanças significativas no físico, cognitivo, mental e sociocultural. Na pandemia da COVID-19, com a estratégia de distanciamento social muitos adolescentes viveram esse processo no ambiente doméstico, levando a lacunas nas relações interpessoais e o convívio social, o que pode trazer prejuízos na saúde mental. (MILIAUSKAS; FAUS, 2020).
No cenário nacional, as ações de cuidado de saúde mental voltada ao público juvenil são escassas, mesmo após a criação dos Centros de Atenção Psicossocial Infantojuvenis (CAPSij). Estudos nessa temática ainda focam no processo de diagnóstico psiquiátrico e medicalização, deixando de lado a investigação dos fenômenos sociais e culturais que esse indivíduo está inserido.
Um outro agravante a saúde mental dos adolescentes é sua exposição a uma condição de vulnerabilidade proporcionada pela escassez de recursos materiais e simbólicos, acesso à estruturas de oportunidades sociais deficitárias proporcionada pelo o estado e sociedade, que impedem que os mesmos possam sonhar em ascender socialmente, gerando sentimentos de incertezas, insegurança e de não pertencimento a determinado grupo.

Descrição
Relato de experiências vividas no campo prático de saúde do Adolescente, na disciplina Enfermagem na Saúde da Mulher, Criança e Adolescente II do curso de Enfermagem da UEFS. Foram realizadas no Colégio Estadual Luiz Viana, que tem um público formado por jovens de diferentes periferias da cidade. As ações e oficinas pedagógicas ocorreram nos turnos matutinos. Participaram uma média de 30 adolescentes por turma, na faixa etária dos 12 aos 18 anos, das turmas do 7º ao 9º ano. O tema central abordado nas oficinas foi “ Sem saúde mental, não há saúde”.
Iniciávamos com um momento de apresentação dos objetivos da atividade e equipe em seguida introduzíamos a temática com uma tempestade de ideias primando pela participação e construção compartilhada dos conhecimentos.
Utilizando um cartaz contendo imagens com emojis representativos de raiva, felicidade, tristeza e "tô de boa", os alunos identificavam as expressões do que estavam sentido a partir das reflexões e debate sobre o que seria saúde mental, sendo posteriormente socializado.
Finalizávamos com uma exposição mais aprofundada sobre saúde mental e bullying, esclarecendo dúvidas ressaltando aspectos importantes e auxiliando na quebra de estereótipos e estigmas. Foi impresso e colado na escola cartazes sobre o tema, contendo algumas explicações básicas, locais que oferecem atendimento psicológico e números de emergência na rede SUS.


Período de Realização
As atividades foram realizadas durante o mês de março de 2023.

Objetivos
Levantar a percepção e conhecimento dos adolescentes acerca da saúde mental;
Refletir junto com os adolescentes os prejuízos e repercussões do bullying em sua vida e possíveis consequências na saúde mental.


Resultados
Ao total atingimos um público médio de 140 jovens entre 12 e 18 anos. O resultado foi satisfatório pois os alunos trouxeram conceitos e vivencias sobre o tema. Muitos alunos buscaram por um momento de conversa em particular sobre suas experiências e aflições junto a equipe e outras duas situações mais graves foram encaminhadas a um serviço de psicologia após contato com a família pela direção da escola, na semana seguinte a ação na escola.

Aprendizados
Alguns relatos de alunos e professores apontam que há vários estudantes vivenciando situações de adoecimento mental, como síndrome do pânico, depressão e situações de automutilação. Há uma fragilidade dos adolescentes nos conhecimentos quanto a saúde mental e os mecanismos e caminhos para procurar ajuda. Acabam por buscar ajuda com amigos próximos, as vezes compartilhando da mesma experiencia de adoecimento.

Análise Crítica
O isolamento social devido a pandemia pelo Covid-19 foi um fator agravante para os elevados índices de prevalência de casos de ansiedade e depressão entre os jovens, afetando também a sua qualidade de vida. É importante que haja um psicólogo disponível para atendimento nas escolas. Os adolescentes estão expostos a um excesso do mundo digital, dificuldades de relacionamento nas famílias, baixo poder econômico, viver em territórios periféricos estigmatizados, falta de serviços de saúde direcionado aos adolescentes e outras situações, podem implicar no aumento do adoecimento mental deste grupo.
Possibilitar a inserção da universidade nestes cenários de prática, contribui para a formação de estudantes mais comprometidos com essa realidade e a necessidade de fomentar e fortalecer políticas públicas que possam contribuir com as mudanças na assistência aos adolescentes levando em conta o perfil epidemiológico e a realidade de vida precarizada pelas desigualdades sociais, que segue vulnerabilizando essa população.