03/11/2023 - 13:10 - 14:40 CO15.4 - Violência de gênero e violência contra a população LGBTQIAPN+ |
48058 - ANÁLISE TEMÁTICA DE ESTRATÉGIAS DE PREVENÇÃO DAS VIOLÊNCIAS CONTRA AS MULHERES NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE ELOISA DE LACERDA - PREFEITURA MUNICIPAL DE BALNEÁRIO BARRA DO SUL, SHEILA RUBIA LINDNER - UFSC
Apresentação/Introdução A presente pesquisa tem como tema a prevenção das violências contra as mulheres no âmbito da saúde, e analisou estratégias de prevenção desenvolvidas por profissionais desse setor com a finalidade de enfrentar essas violências.
A Resolução de 1996 da OMS reconhece a violência enquanto um dos principais problemas de saúde pública mundial, e orienta que se organize esforços para caracterizar os tipos de violências, destacando a necessidade de usar a perspectiva de gênero na construção das análises. Orienta a prevenção da violência enquanto prioridade para saúde pública.
Reconhecer como se dá na prática a prevenção da violência contra as mulheres no âmbito da saúde em formatos de ações factíveis e pertinentes ao fazer dos profissionais da saúde não é simples. A OMS afirma que, apesar do nosso avanço na compreensão do papel da violência como barreira do desenvolvimento e da necessidade e possibilidade da sua prevenção, seguimos com dificuldades de acertar a prioridade do tema. A OPAS reforça que o dado de uma a cada três mulheres ainda é submetida à violência física ou sexual por parte de seu parceiro ou violência sexual por parte de um não parceiro segue persistente na última década.
Objetivos Analisar as estratégias de prevenção das violências contra as mulheres no Sistema Único de Saúde por meio de trabalhos apresentados e publicados no 1º Seminário Nacional de Estratégias da Saúde para o Combate à Violência Contra as Mulheres.
Metodologia Pesquisa de abordagem qualitativa e caráter descritivo, do tipo documental. Os documentos utilizados nesta pesquisa foram todos os trabalhos aprovados e apresentados no 1º Seminário Nacional de Estratégias da Saúde para o Combate à Violência Contra as Mulheres, consistindo em 15 relatos de experiência de profissionais de saúde. Estes foram tratados utilizando a Análise Temática com base em Braun e Clarke. Foram realizadas seis etapas propostas pelas autoras para construção de temas: familiarização com os dados, gerando códigos iniciais, buscando temas, revisando temas, definindo e nomeando temas e produzindo o relatório.
Resultados e discussão Os relatos são de estratégias múltiplas direcionadas para transformação de alguma camada da realidade que coloca as mulheres em situação de violência. A análise nos apontou para 3 temas: EDUCAÇÃO como protagonista da transformação social, acesso à ASSISTÊNCIA como direito universal e REDES e TECNOLOGIAS para o cuidado integral.
O primeiro trouxe a faceta educativa na saúde, entre ações de educação em saúde e Educação Permanente em Saúde. Entende-se que a prevenção da violência contra as mulheres passa pelo desenvolvimento de estratégias de mudanças culturais, na qual a educação é protagonista. A Política Nacional de Enfrentamento da Violência Contra as Mulheres de 2011 aproxima o âmbito da prevenção ao da educação de maneira categórica, explica que a educação está ligada às mudanças estruturais perpetuadores das desigualdades.
O segundo tema olhou para práticas que buscavam ampliar o acesso ao cuidado e às políticas públicas de proteção às mulheres vítimas de violência. Compreendemos que os esforços estão voltados para construção de um sistema mais universal e ajustado às especificidades dessa população. Esse ajuste caracteriza o enfrentamento das violências contra as mulheres nos trabalhos analisados, reforçando a dimensão assistencial como parte de um processo transformador e não apenas pontual para com as vítimas atendidas. Expressam como a aproximação de uma condição para refletir criticamente sobre a realidade imposta às mulheres vítimas de violências pode agenciar o rompimento de ciclos e processos de revitimização.
O terceiro tema se volta para a estruturação de processo de trabalho, considerando o formato de rede e as tecnologias de produção de cuidado. A prevenção das violências está ligada ao reconhecimento da complexidade do seu enfrentamento e da necessidade de um sistema de saúde contínuo e proativo como proposto pela organização em redes, composto por diferentes densidades tecnológicas. A Política Nacional corrobora com a necessidade da rede para superação da fragmentação do serviço e aproximação do cuidado integral às mulheres.
Conclusões/Considerações finais Os três temas sintetizaram como a prevenção da violência contra as mulheres pode se expressar no processo de trabalho das profissionais de saúde e gestoras(es) dos SUS. Foram ressaltados os processos de educação permanente e educação em saúde como vetores muito importantes da transformação social; o acesso à assistência em saúde como garantia de um SUS realmente universal que considera as especificidades das mulheres em situação de violência; e a organização de rede híbrida que dê conta da complexidade do enfrentamento das violências e, superando a fragmentação do serviço, possa cuidar das mulheres de forma integral. Conclui-se que essa somatória se torna necessária e inevitável quando tratamos de violência, pois demanda da multiplicidade de ações para enfrentar as violências contra as mulheres.
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