Comunicação Oral

03/11/2023 - 13:10 - 14:40
CO18.4 - Comunicação, interdisciplinaridade e inovação

47181 - CONSTRUINDO PONTES PARA IR ALÉM DOS MUROS: UMA ANÁLISE DA COLABORAÇÃO ENTRE COMUNICADORES E PESQUISADORES NA REDE COVIDA
RAÍZA TOURINHO DOS REIS SILVA LIMA - CIDACS/FIOCRUZ BAHIA, ADALTON DOS ANJOS FONSECA - CIDACS/FIOCRUZ BAHIA, ROGÉRIO TOSTA DE ALMEIDA - UEFS, ESTELA M. L. AQUINO - ISC/UFBA, MAURICIO LIMA BARRETO - CIDACS/FIOCRUZ BAHIA


Apresentação/Introdução
Diante da maior crise sanitária do último século, em março de 2020 surgiu uma iniciativa de colaboração cientifica e multidisciplinar dedicada a contribuir para minorar os efeitos da pandemia de Covid-19. A Rede CoVida uniu pesquisadores e profissionais de comunicação para produzir conhecimentos científicos confiáveis e difundi-los entre os diferentes públicos. Esta força-tarefa teve atuação a) no monitoramento da evolução da pandemia no Brasil; b) na construção de modelos matemáticos que permitiam predições sobre os efeitos de medidas de controle adotados; c) na síntese de evidências científicas, que avaliava a qualidade e identificava as descobertas mais importantes para a tomada de decisões coletivas e individuais; e d) na divulgação de evidências científicas.
A iniciativa voluntária reuniu 250 voluntários da epidemiologia, matemática, saúde coletiva, sanitaristas, ciência da computação, estatísticos, entre outros. Cerca de 30 profissionais de comunicação formaram uma das frentes, que viabilizou gestão de redes sociais, produção textual e audiovisual, atendimentos à imprensa, produções de materiais especiais, organização de webinários etc.
Alguns resultados indicam a força desta relação entre comunicólogos e pesquisadores tanto na produção quanto na circulação das peças informativas. Foram 44 webinários transmitidos ao vivo, com públicos que variaram entre 50 e 3 mil pessoas. Nas redes sociais, o perfil no Instagram alcançou 196 postagens e 3298 seguidores, e no Facebook somou 1594 curtidas. No WhatsApp, cerca de 180 pessoas entraram em um grupo que circulava informações produzidas pela iniciativa. São mais de 6,6 mil resultados no Google na busca pela Rede CoVida. Na imprensa, foram mais de 1.000 menções à Rede. Além disso, a Rede CoVida foi indicada pelo jornal local Correio* (BA) como personalidade no ano recebendo mais de 2,7 mil votos de leitores.

Objetivos
Este estudo integra o projeto AvaliaCoVida e se dedica a realizar uma análise da experiência de colaboração científica entre pesquisadores e comunicólogos na produção e circulação de conhecimentos sobre a pandemia da Covid-19.

Metodologia
Todos os 254 participantes da Rede CoVida foram convidados a responder um questionário anônimo online, em julho de 2021, abordando características sociodemográficas e ocupacionais; história pessoal e familiar de COVID-19; o cumprimento de medidas sanitárias e envolvimento na colaboração científica da Rede. 114 responderam o inquérito. Além disso, para aprofundar os resultados encontrados, os autores conduziram entrevistas semiestruturadas no primeiro semestre de 2022 com lideranças e porta-vozes da Rede CoVida.

Resultados e discussão
Neste ambiente de partilha de múltiplas experiências, todos os respondentes do inquérito admitiram que a atuação na Rede CoVida os influenciou quanto à Disseminação Científica. Quase metade dos pesquisadores (46,7%) realizava DC anteriormente, mas todos os pesquisadores admitiram que a participação na Rede CoVida influenciaria na implementação de ações de disseminação científica no seu cotidiano de pesquisa, sendo que 50,5% pretendia manter ou ampliar as ações e 48,6% pretende incluí-las.
O inquérito também identificou um índice de satisfação alto com a parceria: 92,9% dos entrevistados avaliaram as atividades de Disseminação Científica como Bom/Muito Bom e 80% como positiva a relação pesquisadores e comunicadores.
Nas entrevistas conduzidas com porta-vozes e lideranças, o impacto positivo da colaboração também foi evidenciado. “A Rede CoVida me fez mudar muito o ponto de vista e não somente na questão da divulgação dos resultados. Eu era muito técnica e precisei aprender a falar para que as pessoas do meu bairro entendessem”, afirmou a matemática Juliane Fonseca, oriunda de uma comunidade periférica de Salvador, o Bairro da Paz e que se tornou uma das principais porta-vozes da Rede . Fonseca foi uma das pesquisadoras que incluíram ações de disseminação científica em novos projetos depois da participação na Rede CoVida.

Conclusões/Considerações finais
A Rede CoVida se propôs a uma missão ousada e inédita: elaborar conteúdos confiáveis a partir da colaboração entre cientistas e comunicadores de forma voluntária. Os resultados expressivos que foram alcançados demonstram que a co-produção entre pessoas pesquisadoras e comunicadoras é uma estratégia eficaz de combate à desinformação para produzir disseminação científica qualificada e comunicação de risco em resposta às emergências sanitárias. Além disso, essa colaboração gerou efeitos positivos para a produção de disseminação científica entre os participantes a longo prazo e não somente a nível de percepção. No Cidacs, a sensibilização dos pesquisadores gerou a inclusão da disseminação científica na concepção dos novos projetos e a ampliação do Núcleo de Comunicação, com o surgimento de uma nova área dedicada a apoiar e acompanhar sistematicamente a elaboração, desenvolvimento e resultados das novas pesquisas.