Comunicação Oral

03/11/2023 - 13:10 - 14:40
CO24.4 - Conhecimentos, epistemologias e cosmologia Afrocentrada

47417 - CONTRIBUIÇÃO DE PESQUISADORAS BRASILEIRAS NA INTRODUÇÃO DE EPISTEMOLOGIAS DO SUL PARA A EPIDEMIOLOGIA SOCIAL
EVERLY CAROLINE DA CRUZ TEIXEIRA - UFBA, IDÁLIA OLIVEIRA DOS SANTOS - UFBA, WILER PAULA DIAS - UFBA, TIAGO PRATES LARA - UFBA, IGOR MYRON RIBEIRO NASCIMENTO - UFBA, MAYANA SANTOS SILVA EVANGELISTA - UFBA, TOMÉ CAPETA SOLUNDO - UFBA, GABRIEL DIONÍZIO BATISTA LIMA - UFBA, ÍTALO MATEUS MATTOS DOS SANTOS - UNIFACS


Apresentação/Introdução
A epidemiologia social surge por meio de uma forte articulação entre a epidemiologia com as ciências sociais e tem papel fundamental de expandir o olhar para o processo saúde-doença, ao ir além do controle de doenças e retomando o sentido de coletividade, bem como a compreensão de como as diferentes dinâmicas sociais justificam as desigualdades na saúde. No Brasil, o seu desenvolvimento partiu, sobretudo, de movimentos de luta pela redemocratização do país com pautas contrárias às condições precárias da saúde e as ineficazes respostas do estado. Ao longo do tempo, houve avanços e retrocessos, e diferentes correntes surgiram em resposta às conjunturas políticas predominantes. No entanto, ainda permanecem desafios, incluindo a necessidade de desenvolvimento, reconhecimento e incorporação de teorias que promovam novas abordagens e métodos de investigação. Atualmente, ainda é comum encontrar estudos que enfatizam o fator socioeconômico e supervalorizam métodos quantitativos de pesquisa, todavia, falham em reconhecer adequadamente as diversidades e as múltiplas formas de opressão e vulnerabilidades que afetam diversos grupos. Nesse contexto, as pesquisadoras brasileiras sempre desempenharam um papel fundamental nessas disputas, trazendo à tona os processos históricos e como eles se refletem na produção de desigualdades. Elas destacam, especialmente, como o impacto da estrutura social influencia o processo saúde-doença e restringe o acesso a bens e serviços, relacionados às diferentes posições dos indivíduos na sociedade, em diversos contextos. Além disso, identificam os mecanismos que promovem a participação ou a exclusão, sobretudo, pautando o racismo estrutural como produtor de iniquidades e saúde que são retroalimentadas até hoje. Dentro das perspectivas sócio-histórica e materialista, assim como em correntes contemporâneas como a decolonialidade, interseccionalidade e antinegritude, há a introdução de novas abordagens.

Objetivos
Discutir a contribuição das epidemiologistas brasileiras para a epidemiologia social, a partir da perspectiva decolonial e interseccional.

Metodologia
Estudo de natureza qualitativa, no qual foi realizada uma revisão bibliográfica nos bancos de dados MEDLINE, LILACS e SCIELO. Para delimitar o período temporal, foram considerados os anos de 2000 a 2023. A busca nos bancos de dados foi realizada utilizando as terminologias registradas nos Descritores em Ciências da Saúde (DECS/BVS). As palavras-chave utilizadas na pesquisa foram: social epidemiology; racism, global health.

Resultados e discussão
As contribuições de pesquisadoras inseridas nessas áreas têm implicações significativas para a saúde coletiva e o desenvolvimento científico, trazendo à tona disputas sociopolíticas e ideológicas, bem como uma compreensão dos processos políticos conjunturais e das lutas de classe dos diferentes grupos sociais. No entanto, continua sendo um desafio significativo realizar o deslocamento de perspectivas, a fim de considerar as posições geopolíticas de cada território e reconhecer como a visão hegemônica do norte global resulta em desigualdades, marginalizando alguns corpos a partir de uma etnocultura científica.

Conclusões/Considerações finais
As epistemologias decoloniais têm trazido questionamentos ao campo da epidemiologia social, desafiando os modelos eurocêntricos e ocidentais de produção científica, seus métodos validados e sua racionalidade. Essas abordagens propõem rupturas nos paradigmas científicos ao reconhecerem as relações de poder envolvidas na produção de conhecimento e nas práticas de cuidados em saúde. A intersecção entre a epidemiologia social e as epistemologias decoloniais permite uma análise mais aprofundada das dinâmicas sociais, das opressões e das desigualdades em saúde, possibilitando um avanço na busca por equidade e justiça social. É essencial continuar explorando e incorporando essas perspectivas para construir um campo científico mais reflexivo, sensível às diversidades e comprometido com a transformação social em prol da saúde coletiva.