03/11/2023 - 13:10 - 14:40 CO24.4 - Conhecimentos, epistemologias e cosmologia Afrocentrada |
47816 - ETNOCENTRISMO E PRECONCEITO: PILARES DE SUSTENTAÇÃO DAS ATUAIS CONJECTURAS SOCIAIS IGOR COELHO RODRIGUES DA MOTTA - IMS-UERJ
Apresentação/Introdução De onde surge o "Nós" e o "Eles", se somos todos humanos? O etnocentrismo pode ser visto como a tendência de sempre apontar para outro grupo a causa de algum mal ocorrido.
Logo, o etnocentrismo e o preconceito, se demonstraram no cotidiano como prática cultural em aspectos de nossa sociedade e suas formas de pensamento. A questão da diferença entre determinados grupos fora agenciadora da gestão social ao longo da história e como estes grupos se reuniram desta maneira e vieram a se constituir sob esta concepção.
Objetivos Esta pesquisa foi objeto de estudo para elaboração da minha monografia de graduação em Psicologia, com título “Etnocentrismo e Preconceito: Pilares de sustentação das atuais conjecturas sociais “. Busquei enfocar em como as influências que as práticas etnocêntricas podem ter na vida dos sujeitos, em suas realidades culturais, obtendo função normatizadora dos modos corretos de se viver em sociedade.
Metodologia Esta pesquisa foi elaborada como uma revisão bibliográfica e histórica do conceito de Etnocentrismo, junto com uma crítica social, histórica e política das relações entre grupos sociais diferentes que estabelecem relações hierárquicas e de desigualdade social.
Discuti como a herança de dominação política, e consequente imperialismo, sustentou diversas bases de pensamento etnocêntrico e a desvalorização da sociedade nativa ameríndia e sua quase extinção.
Analisei alguns tipos de preconceitos observados na sociedade, enfatizando-se o histórico preconceito religioso e racial, bem como, outros relacionados ao gênero e sexualidade.
Resultados e discussão A história do Brasil começa com um choque cultural, onde os colonizadores usaram a sua sociedade como referencial para julgar os demais. Aliás, esta foi à lógica que norteou as ações de estratégia geopolítica das nações, dentre as quais nasceu o capitalismo como modo de produção. Esses países consideravam a adoção do modo de vida do europeu como “homem civilizado”, fatores necessários e urgentes. Logo, caberia à função de civilizar o mundo.
Logo, isso gera uma imposição de valores pertencentes a um grupo hegemônico sobre outros, visando o favorecimento daqueles que dominam, a velha lógica da sobreposição da versão dos vencedores sobre os derrotados, quer seja no campo ideológico, político, social ou econômico.
Os negros africanos escravizados e seus descendentes foram excluídos durante séculos. Aqueles que não se adequaram ao modo capitalista foram excluídos, taxados como vagabundos, bandidos, marginais, malandros e preguiçosos. E os que não seguiram a tradição cristã foram chamados de demoníacos, devassos, imorais, sem alma e destruidores da família. Assim, o Etnocentrismo marcou as relações sociais no Brasil.
Apesar dos indígenas serem o povo nativo desta região eram apontados pelos estrangeiros como os errados. Assim se retrata o fato de a intolerância ser fator presente na história, principalmente as de origem étnica e religiosa como foco de opressões e injustiças.
Sendo assim percebemos que as nuances dos preconceitos históricos permeiam diversas esferas da vida. As diversas formas estigmatizadas de ver o sujeito têm lugar nas justificativas apresentadas pelos envolvidos, seja em espaços individuais ou coletivos, público ou privado. Essa justificação de aspectos ditos superados se mostra em várias linguagens, seja nas artes, na forma de se comunicar, nas formas corporais e psicológicas de se expressar.
Estes conteúdos sutis, que fundam o que é “natural”, formam toda uma estrutura que dita identidades, hierarquias e poderes diferenciadores, que geram entre outras coisas, lógicas de inclusão-exclusão dentro dos grupos sociais.
Conclusões/Considerações finais Os grupos historicamente subjugados têm despertado para estes fatores. Porém, este despertar não foi passivo, e sim fruto de lutas históricas que vêm sendo travadas há séculos em busca da equidade e justiça social.
O reconhecimento igual não é somente a modalidade apropriada para uma sociedade democrática saudável. Sua recusa pode infligir danos àqueles a quem é negado. Logo ao colocar o outro como diferente, distante, já estou lhe infligindo danos e é assim que se processa o preconceito. Assim sendo, não há maneiras saudáveis de julgar o outro a partir de meus próprios referenciais.
Uma das causas básicas da dificuldade humana é a perspectiva com a diferença. A existência da diferença é deflagradora de uma clara não homogeneidade, que estará presente em qualquer grupo que possa existir. Desta forma a diferença se mostra como riqueza de conteúdo, aonde as diferenças entre os sujeitos demonstram um arsenal de variações de possibilidades do ser, reafirmação da potência do ser humano.
Portanto, se abre um caminho que aborde estratégias que possam visar a reduzir o etnocentrismo entre grupos, valorizando as diferenças em prol de uma sociedade mais forte e coesa.
|
|