Comunicação Oral

03/11/2023 - 13:10 - 14:40
CO25.6 - Humanização, emancipação e educação permanente: práticas profissionais plurais na integralidade em saúde

47279 - A PRÁTICA DA INTEGRALIDADE, HUMANIZAÇÃO E TRANSDISCIPLINARIDADE APLICADA À ODONTOLOGIA
YASMIM BOM BUENO DE SOUZA - CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC, LETÍCIA BRAGA PEIXOTO - CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC, LUCAS EMMANUEL DO NASCIMENTO SOARES - CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC, DIEGO FIGUEIREDO NÓBREGA - CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC


Apresentação/Introdução
Antes da criação do Sistema Único de Saúde (SUS), grande parte da população brasileira vivia um quadro de exclusão em relação aos serviços de saúde bucal. À princípio, o acesso era feito por instituições filantrópicas, como as Santas Casas de Misericórdia. Posteriormente, percebe-se o envolvimento do estado na oferta dessa assistência, no entanto o acesso é exclusivo para aqueles trabalhadores com carteira assinada, e se resume a ações curativas, restritas a nível ambulatorial (modelo hospitalocêntrico). Somente no final da década de 80, com a promulgação da Constituição Federal de 1988 e a subsequente criação do SUS (1990), toda a população brasileira passou a ter acesso universal aos serviços de saúde, sendo a integralidade do cuidado um dos direitos garantidos legalmente.
Posteriormente, em 2000, a inserção da odontologia nas Unidades Básicas de Saúde foi reforçada com a chegada das Equipes de Saúde Bucal (ESB). Em 2003, por meio da Política Nacional de Humanização (PNH), a humanização foi implementada nos processos de gestão e trabalho em toda a rede do SUS e nas escolas formadoras de profissionais da área da saúde (RIOS I, 2008). Mais tarde, é criado o Programa BRASIL SORRIDENTE, com o objetivo de reorganizar a atenção em saúde bucal em todos os níveis de atenção, tendo o conceito do cuidado como eixo, respondendo a uma concepção de saúde não centrada somente na assistência aos doentes, mas, sobretudo, na promoção da boa qualidade de vida e intervenção nos fatores que a colocam em risco. Nesse sentido, o profissional da saúde deve compreender a pessoa para além da queixa manifesta, com olhar e escuta ampliado ao considerar aspectos pessoais, familiares e sociais que podem estar associados à enfermidade.
No entanto, passados quase 20 anos da implementação dessa política, os serviços de saúde bucal muitas vezes parecem refletir o modelo hegemônico, tecnicista e hospitalocêntrico praticado no passado. Diante desse cenário, o presente estudo se propõe a analisar a evolução histórica e a incorporação dos conceitos de integralidade, humanização e transdisciplinaridade à prática odontológica no SUS.

Objetivos
O presente estudo busca refletir a evolução e a incorporação dos conceitos de integralidade, humanização e transdisciplinaridade à prática odontológica no serviço público de saúde bucal.

Metodologia
Foi desenvolvida uma revisão bibliográfica integrativa. Para tal, foi elaborada uma estratégia de busca utilizando os termos disponíveis na base DECS (Descritores em Ciências da Saúde) da bireme, aliados ao uso dos operadores booleanos “AND” e “OR”, resultando na seguinte estratégia de busca: Integralidade em Saúde OR Humanização da Assistência AND Assistência Odontológica Integral OR Odontologia OR Assistência Odontológica AND Sistema Único de Saúde OR Atenção Primária à Saúde. As buscas foram realizadas nas bases de dados Scientific Electronic Library Online (Scielo), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs) e Google Acadêmico. Foram incluídos estudos originais, relatos de experiência e revisões sistemáticas/integrativas, publicados nos idiomas português e inglês nos últimos 20 anos. Os achados foram sintetizados em categorias e expressos na forma de quadros.


Resultados e discussão
Os resultados evidenciam que a inserção do Cirurgião-Dentista na atenção básica fez com que a atuação do profissional se desenvolva para além da perspectiva fragmentada técnica, centrada na doença e passe a ter um embasamento mais integral, caracterizada por ações educativo-preventivas que visam diminuir o risco de desenvolvimento de doenças bucais, mas principalmente estimular a autonomia dos usuários na produção do cuidado em saúde. Na relação entre o paciente e o profissional de saúde, é de extrema importância que se estabeleça confiança, uma vez que essa relação é capaz de favorecer a compreensão da doença, a assimilação e seguimento das orientações terapêuticas pelos pacientes (GARUZI M, et al. 2014). Também é de suma importância que seja estabelecido o acolhimento, o qual se caracteriza na escuta e na busca de resolutividade às necessidades trazidas pelo usuário do sistema de saúde de forma individualizada (TAKEMOTO M; SILVA E, 2007). Todos esses elementos contribuem para o processo de humanização da assistência odontológica.

Conclusões/Considerações finais
Diante do exposto, conclui-se que o cirurgião-dentista, em seu processo de trabalho, carece de se atentar às fragilidades do paciente, por meio da escuta qualificada, pois muitas vezes estabelecido o vínculo de maneira efetiva, forma-se uma abordagem de atendimento com olhar para além da patologia física, muitas vezes apontada como único problema. Esta prática emancipatória, contribui para o atendimento transdisciplinar em saúde e ajuda o paciente a se reorganizar frente às suas vivências, por meio de uma abordagem psicossocial íntegra e humana.