03/11/2023 - 13:10 - 14:40 CO25.7 - Covid-19, negacionismo e garantia do acesso à saúde: significados e sentidos sobre prevenção e produção de cuidados |
46077 - OS INFORMES DA RI/FIO GERADOS A PARTIR DO DA PANDEMIA DO COVID-19: COMUNICAÇÃO PELA DEFESA DOS SUS E COMBATE AO NEGACIONISMO CIENTÍFICO ANDRÉ DE SOUZA LEMOS - FIOCRUZ, VALCLER RANGEL FERNANDES - FIOCRUZ, VALBER DA SILVA FRUTUOSO - FIOCRUZ, PAMELA BARRETO LANG - FIOCRUZ, UMBERTO TRIGUEIROS LIMA, JOÃO PEDRO WERNECK VIANNA
Apresentação/Introdução O presente relato de pesquisa tem por base materiais produzidos em projetos de pesquisa e comunicação, associados às Relações Institucionais da Assessoria da Presidência da Fundação Oswaldo Cruz (RI/Fio), cristalizados em formato de Informes, com eixo principal na vigilância do Sistema Único de Saúde (SUS), a partir do período da pandemia do Covid-19 no Brasil. Tais projetos, de certa forma, permeiam a trajetória da Fiocruz desde a Constituição de 1988, tendo como referência a gestão do saudoso presidente da Fiocruz, Sérgio Arouca (1985-1989). Mas, desde 2019, com a criação do Observatório do Covid-19, na gestão da presidente Nísia Trindade, a Fiocruz promove a defesa do SUS de forma mais incisiva por se apresentarem ataques à saúde pública incorporados do negacionismo científico, gerando uma atmosfera social para negar a vacina contra o SARS-CoV-2 (Covid-19) em plena pandemia.
Objetivos No percurso, o Informe da RI/Fio ganhou metodologia, chegando em junho de 2022 com um portfólio imbuído de informação e pesquisa, incorporado de imersões e experiências em eventos que trafegam da realidade social ao debate público. E, orientado a ser elaborado semanalmente, adquiriu objetivo operacional de ser um modelo de informação e conhecimento, em rede, com variadas dimensões institucionais e sociais. Executando como fim último: “Reconhecer a saúde enquanto direito fundamental, com acesso universal e equânime” (INTEGRA; 2021, p. 10).
Metodologia A elaboração dos Informes perpassa a transversalidade institucional, social e conceitual, através da acepção de notícias midiáticas, ações comunitárias e pesquisas publicadas, dentro da perspectiva analítica das Ciências Sociais, tendo como referência a sociologia do conhecimento. Pela qual, como demonstra Demo (2017, p. 66), “existe sempre um débito social da ciência”, quando essa ignora a conjuntura histórico-política. Assim, a sociologia do conhecimento prevê que a interpretação de elementos da realidade social deve levar em conta os determinantes, que no nosso caso é invocado tal exercício para a análise das notícias sobre a saúde pública. E, dessa forma, se está perfazendo uma metodologia dialética, e o conhecimento está presente porque, como referenda Bourdieu (2008, p. 438), “(...) a percepção primeira do mundo social, longe de ser simples reflexo mecânico, é sempre um ato de conhecimento que faz intervir princípios de construção exteriores ao objeto construído (...)”.
Resultados e discussão Os Informes da RI/Fio passaram a dialogar diametralmente com as diretrizes das 10 Teses, do IX Congresso Interno do Fiocruz, ocorrido em 2021, com o lema: “Desenvolvimento sustentável com equidade, saúde e democracia: a Fiocruz e os desafios para o SUS e a saúde global”. Nas quais estão presentes princípios basilares, como a Gestão Democrática e Participativa e pautas que tratam do futuro, como as diretrizes da Agenda 2030 da ONU, que por consequência demandam a necessidade da implementação de políticas públicas que introduzem o conceito da Saúde Única. E como sugerido pelo Relatório Final, do referido congresso: “A implementação desta estratégia pressupõe atuação integrada, em rede, animal e ambiental, bem como as ciências sociais para a governança de Doenças Infecciosas e Resistência antimicrobiana em níveis global, nacional e local” (CD; 2022, p. 11). Não obstante, em lócus, estão grandes preocupações que perpassam os efeitos da pandemia do Covid-19 no que tange, para além das enfermidades, a “desmemória” e “novas pandemias” como ressalta a cientista Dalcomo (2022).
Conclusões/Considerações finais O Informe da RI/Fio se caracteriza como um instrumento de comunicação, que aliado à pauta da comunidade científica e da sociedade civil, produz conteúdo para desmistificar as narrativas negacionistas e popularizar a ciência em defesa do SUS. Pois, no contexto da pandemia do Covid-19 ficou nítido o protagonismo da desinformação, no qual a passagem de quatro ministros pelo ministério da saúde, no governo Jair Bolsonaro (2019-2022), é o símbolo maior. Demonstrando que para a retomada democrática, a comunicação social em saúde pública tem o desafio de se reestruturar, e assim, garantir a centralidade da informação com maior persuasão e espraiamento. Em sinergia com o advento da quarta revolução industrial, onde a ciência e o conhecimento são proeminentes.
Referências
BOURDIEU, P. A Distinção: Crítica Social do Julgamento. São Paulo: Edusp; Porto Alegre: Zouk, 2008.
DALCOMO, M. Um tempo para não esquecer: A visão da ciência no enfrentamento da pandemia do coronavírus e o futuro da saúde. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2022.
DEMO, P. Introdução à metodologia da ciência. São Paulo: Atlas, 2017.
MANZINI, F.; VEIGA, A.; LEITE, S. (org.). Integra: Vigilância em Saúde, Assistência Farmacêutica, Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde. São Paulo: ENF, 2021.
IX CONGRESSO INTERNO DA FIOCRUZ: RELATÓRIO FINAL APROVADO PELO CONSELHO DELIBERATIVO DA FIOCRUZ. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2022. Disponível em: . Acesso em: 20 jun. 2023.
|
|